My Little Solar System.

Hell

Inferno

substantivo masculino;

1. MITOLOGIA;

local subterrâneo habitado pelos mortos (tb. us. no pl.)

2 . RELIGIÃO;

para os cristãos, lugar em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas.

3.figurado (sentido) figuradamente ;

extremo sofrimento infligido por certas circunstâncias, sentimentos ou pessoa(s); martírio, tormento.

4.figurado (sentido) figuradamente

grande confusão; completa desordem; balbúrdia, inferneira.

   lat. infērnum,i 'as profundezas da Terra' 

    Eu nunca fiz o tipo religioso, na verdade, eu abominava quem fazia da religião algo obsessivo, porquê, na realidade, a religião deveria ser nosso ponto de paz, nosso momento para nos ligarmos a algo, mantendo nossas crenças e revigorando nossa força, pela paz tanto emocional, quanto física. Mas ao invés disso, transformamos nosso "momento de paz" em motivo para intrigas. O que era para unir pessoas diferentes, com o mesmo objetivo de paz, se tornou algo cruel, sanguinário e obscuro com a idealização de quê, ou você vive como eles ditam, ou você irá para um lugar em chamas, com cheiro de enxofre e gritos perturbadores, carregados de dor e arrependimento, clamados por bocas que fizeram um mal e não se arrependeram. Eu me arrependia, por todas as vidas que fui obrigada a tirar com minhas próprias mãos, pelas pessoas a quais enganei, pela forma que eu terminei depois de tanta batalha para tentar me moldar e me fazer alguém que eu queria que meus pais se orgulhassem, mas não foi assim que aconteceu. Na verdade, muitas coisas na minha vida não aconteceram como eu planejava, eu sequer sabia como tinha que começar a viver. Mas, sinceramente, tudo foi uma questão de aprendizagem e eu levei comigo as essências de cada coisa.

   Mas era engraçado, ver que eu tinha vinte e um anos e já era viciada em cocaína, não era uma coisa maravilhosa, na verdade, era um inferno, e o pior, é que eu sempre voltava para o vicio. Hoje eu queria que fosse diferente, porém, é como se fosse misturado limalha de ferro no pó branco da cocaína, e quando você faz fileiras com o cartão de crédito, enrola uma nota de dez dólares, se aproxima e respira aquilo, é como se sua corrente sanguínea virasse um imã, e ela sempre vai te puxar em direção aquilo novamente, por mais que você diga que não quer, você vai querer, e lhe garanto, você faz qualquer coisa para conseguir. Até mesmo derrubar sangue de um corpo inocente.

  Eu me encarava sobre o espelho de meu quarto, e percebo o quão mórbido é a cor dele, as cores esbranquiçadas se tornam quase cinzas esverdeada por conta do musgo formado nas paredes, a cama era feita de madeira, então a cabeceira era a única coisa com cor ali, era amarronzada, com os travesseiros sendo cobertos por fronhas cinzas e um cobertor azul escuro, o armário era velho, estava desgastado porém ainda era um marrom, e apesar das fotos e roupas, ainda era tudo tão triste. Um suspiro fraco saiu dentre meus lábios que agora estavam secos, eu esperava que meu mundo se ajeitasse para que hoje eu pudesse ser eu mesma, andando com uma garota bonita na praia. Sem drogas, sem álcool, sem cores néon que saem dos holofotes, sem música alta, sem máscaras.

  Enfiei as mãos dentro dos bolsos de meu casaco enquanto minhas pernas pisavam o último degrau da escadaria do prédio em que eu morava, não era um dos melhores, porém era o que tinha para alguém como eu. Eram exatamente meio dia, hoje era um dia de sábado, o céu estava em uma coloração azulada, sem nenhuma nuvem, o Sol era o astro do dia, e fazia tudo ficar lindo, me pergunto se era porquê eu iria sair com Lauren hoje. Dei risada enquanto passava entre as pessoas na rua, estavam felizes com suas vidas extravagantes. Como eu sei? Porque a maioria tinha bolsas com marcas caras nas mãos. Eu estava faminta, precisava muito almoçar, e apesar de eu saber cozinhar, e ter comida em casa, eu estava realmente com muita preguiça de ficar enfrente a um fogão preparando comida, não hoje.