Eu poderia dizer que nunca havia experimentado algo que me deixasse tão sem ar quanto a morena deitada ao meu lado. Era a mistura de tudo de bom que havia no universo, junto com tudo de bom que ainda restava em mim, com todas as rachaduras que ainda possuíam flores. Me sentia eufórica, como uma criança com um chocolate que tanto queria; meu corpo vibrava e minha mente borbulhava e murmurava o nome dela ao pé de meu ouvido, me questionando se era um sonho, se eu estava mesmo vivendo ou eu acordaria sem o calor de tua pele nua repousada sobre meu peito, tua perna entrelaçada a minha e tua mão tão delicada repousada em minha cintura, puxando-me para mais perto a cada suspiro que dava em seus sonhos. Não conseguia pregar os olhos, o sono não tinha espaço quanto a felicidade e questionamentos em minha mente, era tudo tão novo, a sensação de estar apaixonada era nova para mim, a lembrança de tua voz embriagada se declarando aos ventos ao meu nome, me causava arrepios e delírios em questionar-me: Por quê? Somos imensidões, inimagináveis incógnitas, pensamentos, personalidades, e como, eu digo COMO uma mulher com tantas questões se interessou por alguém como eu? Era tudo tão inacreditável como um flerte em uma cafeteria estaria deitada ao meu peito e me fazendo ter tantas vontades.
Desci meu olhar pelos negros cabelos espalhados por meu peito, meus dedos passearam por seus fios, afastando de seu rosto para que eu pudesse encará-la melhor. Corri meu polegar por sua bochecha suavemente, passando por seu queixo de forma leve para que não houvesse risco dela acordar, deslizei minhas digitais por seu ombro e suas costas, delineando sua pele como se estivesse pintando um quadro, mas ela era ainda mais bela que qualquer quadro que DaVinci pudesse ao menos pintar. Suspirei em um respirar fundo, eu sentia um frio na barriga, uma ansiedade em meu peito, como se meu coração fosse socar minha cara a qualquer momento. Desviei meu olhar para o zíper da barraca, o Sol já brilhava novamente. Estiquei meus braços para espreguiçar-me, soltando um gemido aos meus músculos relaxando, bocejei esfregando meus olhos com a intenção de despertar, ergui meu braço em direção ao meu celular e vi pelo ecrã que já eram nove e meia, em vista que tínhamos ido dormir às quatro, era muito pouco tempo de sono, mas estava faminta e precisava de um banho. Deslizei meus dedos novamente pelo rosto da morena e depositei leves beijos em sua pele.
— Sol, acorda...- sussurrei beijando seu rosto, ouvindo seus murmúrios em reclamação. — Temos que ir ou você vai me matar de fome.
— Camila... Me deixe dormir... Só mais cinco minutinhos. — Por alguns segundos questionei se era mesmo necessário acordá-la. Por sua manha e por estar realmente cedo, mas eu não podia sair e deixá-la nua e sozinha. — Ugh, minha cabeça está me matando.Dei risada sentindo ela esconder seu rosto em meu peito e acariciei seus fios. — Você bebeu muito vinho ontem... Pelo amor de Deus, me diga que você sabe que transamos ontem...
— O quê? Nós transamos ontem? — ela olhou para mim com uma cara assustada e eu me desesperei.
— Você não se lembra???- exclamei em pânico, engoli em seco me martirizando. — Meu Deus! Me desculpa, Lauren, eu não devia- quer dizer eu também estava bêbada, mas estava mais consciente que você... Droga, não ache que eu me aproveitei de você, eu só-
Ela começou a rir desesperadamente, eu estava tremendo de nervosismo, mas ao encarar sua expressão risonha me fez ainda mais confusa, arqueando uma sobrancelha e me sentando sobre o colchão. — A sua expressão agora foi... Foi hilária! Camila, quantos anos acha que eu tenho? É óbvio que eu sei que transamos noite passada, eu estou com as costas levemente ardidas e estou nua, não seria coincidência demais?- neguei com a cabeça e empurrei seu corpo levemente.
— Você é... Uma otária, Lauren Jauregui! Uma otária!- me sentei na barraca para pegar minha camiseta, só então percebendo estar dolorida ainda. — Ouch... Que dor nas costas! Parece que um caminhão passou por cima de mim...
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My Little Solar System.
FanficNós somos o que escolhemos ser. Desde crianças, aprendemos que nossas decisões construíram nosso futuro. Se você escolher algo para viver, está destinado a viver para sempre com isso. Quando eu tinha dez anos, queria ser astronauta, aos onze, uma...