Copo D'Água

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O salão de festas estava um mimo. Custava acreditar que tudo aquilo era para mim, estava lá toda gente, a minha família os meus amigos e os convidados do Rafa também fizeram-se todos presentes, não podia pedir nada mais. -Finalmente casados minha pérola, disse o Rafael todo feliz. Adoro ver ele assim, feliz e livre de toda timidez, -finalmente meu amor. Respondi e dei-lhe um beijo no rosto. -Ah vem, tenho que te apresentar os meus padrinhos, Carlos e Henri mas tu já deves conhecer são os meus amigos da Alemanha. Puxou-me para perto dos amigos dele, -Carlos, Henri, essa é a Bella a minha belíssima esposa, -Oh, cunhada! Sou o Carlos, muito prazer e felicidades ham? Olha que tiraste a sorte grande, o Rafael é um grande homem mas aposto que tu já percebeste isso. Disse o Carlos, um homem muito simpático, de estatura média, mestiço e com uma barba bastante sugestiva hahaha. -Claro, claro, o prazer é todo meu!  -Sim, e este é o Henri Tundra, seguiu o Rafa com as apresentações, -Olá, muito prazer! É de facto uma linda mulher meu caro Rafael, tu é que tiveste sorte!! Disse o tal Henri, um pouco atrevido para o meu gosto mas não posso deixar de frisar que é um homem bastante atraente e que faz muito o meu tipo. -Obrigada senhor Henri! Disse com respeito, -Senhor? Trata-me apenas pelo nome minha cara, ripostou ele. -Ok, estejam à vontade! Amor, eu vou atender os outros convidados se não te importas. Falei para o Rafael e ele consentiu me despedindo com um selinho. Afastei-me e fui quase que disparada para o bar; -Sirva-me um Moscato por favor! Meu Deus, que cena  foi essa? Que gajo mais arrogante e metido, nem sequer sabe respeitar a mulher do seu melhor amigo, será que é sempre assim? Aff! E porque estou a pensar nele? É a noite do meu casamento, vou mais é aproveitar. Terminei a minha taça de Moscato, fui até à mesa da minha família, dei um jeito de levar todos para pista para dançar, até a minha mãe se soltou. "Tou nem aí, tou nem aí pode ficar no teu mundinho que eu tou nem aí"  começou a tocar Luka e eu não me pude conter, descalcei, entreguei os sapatos à minha mãe e pulei até onde o meu corpo podia. Não pude deixar de ver pelo cantinho do meu olho que o tal de Henri não tirava os olhos de mim mas afinal qual era o problema dele? Dei uma vista de olhos por todo salão à ver se achava o Rafael mas ele não estava então comecei a procurar. -Viste o Rafael? Perguntei para o meu primo Sílvio, -Sim, foi deixar a mãe dele no quarto, parece que se sente cansada já, respondeu. -Tá, valeu. Era a altura perfeita para dizer umas boas verdades para esse atrevido. Cheguei ao lado dele e pedi que fôssemos para um lado menos agitado e ele sem hesitar cedeu, o que estou eu a fazer então ?! Mas que mal tem também ? Além disso é amigo do meu marido desta feita torna-se meu amigo também, não tem nada demais chamá-lo para uma breve conversa. Fomos até ao pátio e era evidente que esse cismou comigo por isso falei logo -Mas qual é a tua? Porquê olhas assim para mim? Eu exijo respeito, estou num vestido branco ok? Ele riu e disse: -Eu sei que estás num vestido branco, só que pelo motivo errado, sou um homem directo e muito observador também. -Como assim pelo motivo errado? Fiquei curiosa! Entendam-me mal se quiserem. -Teu corpo falou comigo no momento em que fomos apresentados, tu sabes perfeitamente porque olho para ti de forma diferente, não minta para você mesma. Respondeu-me, de facto era um homem bastante objectivo mas embora tivesse alguma razão eu não podia deixar aquela conversa prolongar-se. -Ok, muito bom! Desculpe mas não gosto do rumo que esta conversa está a levar, lamento mas tenho que ir curtir o meu casamento com o meu marido, se me dás licença. Disse em tom agressivo e tentei afastar-me mas ele agarra-me pelo braço -Ficarei essa noite no hotel, se quiseres ouvir mais sobre isso vá até o meu quarto, estarei te esperando. Nossa, que tiro foi esse? Estou toda arrepiada, que pegada, que masculinidade, tive que me conter para não o beijar. -Solte-me, e por favor nunca mais me dirija a palavra. E voltei para o salão. O Rafael já estava de volta, fui até ele e o abracei. -Amo-te muito meu amor! Disse-lhe no ouvido. Será que lhe digo? Mas para quê? Isso não tem significado nenhum para mim além disso ele só estará connosco essa noite, porque temer?? -Vem, vamos nos despedir e subir para aproveitar o resto da nossa noite. Sugeriu o Rafa e eu concordei. Despedimos-nos pelo microfone que havia na mesa de som por ser menos trabalhoso e depois subimos.
-Amor, estás feliz?! Digo, achas que a festa estava de acordo ao que pretendias? Perguntou o Rafa, sempre muito preocupado comigo. -Claro que estou meu lindo, respondi-lhe e o beijei de seguida. -Agora vou tomar um banho e já volto, ok? Alertei. -Não demora, estarei te esperando para curtirmos, respondeu o Rafa. Fui para o wc, liguei o chuveiro, ajustei a temperatura da água, tirei o vestido e me lavei, por algum motivo não conseguia parar de pensar no que o Henri me disse, eu me conheço e sei que isso não será bom nem para mim, nem para ele e tampouco para o meu casamento por isso ignorei a minha mente ao máximo, desliguei a água, agarrei numa das toalhas que havia na gaveta do wc e voltei para o quarto.
O Rafael adormeceu, devo ter demorado muito mas também não o vou acordar. Vesti a minha lingerie preta, passei um creme hidratante e uma água perfumada no corpo e me deitei na cama, tentei ser o mais discreta possível para não acordar o Rafa. Mas como é que é possível ele dormir na nossa primeira noite? Isso é realmente desconcertante para mim. Deu-me uma revolta, tipo, eu amo o Rafael mas ele é muito relaxado, como ele pode achar isso normal? Devo ver isso como um sinal? Entendo que esteja cansado, mas? Enfim, vou dormir. Virei-me para o lado e fechei os olhos, quando ouvi o telefone do Rafael a tocar mas à essa hora? Quem será? Levantei-me rapidamente para atender antes que aquele som acordasse o meu marido, -Alô! Disse aborrecida e ouvi apenas: -Quarto 2098, te espero! Nem foi preciso pensar muito para saber que era o Henri do outro lado da linha mas como ele se atreve? Ligar para o Rafael e dizer essas coisas e se ele atendesse? Isso está a passar de todos os limites, vou lá sim mas para acabar com essa palhaçada. Vesti um roupão e sai de mansinho do quarto.

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