Não foi dessa vez!

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Na manhã seguinte acordei ligeiramente mais cedo do que o habitual, 7h:30min e para o meu agrado acordei super bem disposta depois da madrugada grudada na tela do computador, fartando-me de gemer para o meu papy! Sim, ele é meu! Agora tenho certeza que o quero para mim e só para mim. -Bom dia amor, já acordada? Dizia o Rafa enquanto espreguiçava-se todo. -Bom dia marido, parece que a noite foi boa ein! -Sim querida, estava mesmo à precisar disso. Respondeu meio que na defensiva. -Tu precisas sempre não é mesmo? Não me contive e falei, era demais, a nossa situação enquanto casal é que desencadeia esse tipo de comportamento em mim. -Não percebi amor, o que queres dizer com "tu precisas sempre"? -Quero dizer que não foi dessa vez Rafael. Mais uma noite que não acontece nada entre nós!! Nesse momento levantei da cama e fui para a casa de banho, extremamente irritada, bati a porta com tanta força porque estava mesmo prestes à explodir. O Rafael veio atrás de mim mas não o deixei entrar. -Mas porquê isso agora? Bella! Sai daí, vamos conversar. -Deixa-me em paz! Volta a dormir, que és o melhor nisso, eu... -Bella, não sejas assim não me faças me chatear contigo, olha para as horas ainda é muito cedo, dizia ele... -Só me deixe em paz Rafael! Não quero me arrepender já de ter dito sim. Respondi. Admito que talvez estivesse a exagerar mas a situação era muito sufocante para mim.   -Bella, de todas as coisas que eu ponderei poder ouvir de ti, essa certamente é uma novidade, vou para um hotel e espero que quando estiveres mais calma possas refletir e medir o peso das tuas palavras. -Saaaaaaai Rafael! Momentos depois ouvi a porta do quarto bater, ele foi mesmo. Vezes há em que ele consegue mesmo irritar-me. À essa altura do campeonato um divórcio não me faria nada mal, tem sorte porque ainda o amo porque do contrário nem casa chegaríamos a ter. Momentos depois ouço a minha mãe entrar no quarto. -Bella, vem cá ter. Não pude evitar sabes? O meu quarto é bem aqui ao lado e pude ouvir tudo mas tudo mesmo. -Vou já mãe! Demorei uns minutos para sair, pois lavei-me antes. Abri a porta e caminhei em direcção à cama onde ela encontrava-se. -Sim, nós estávamos discutindo mãe, disse-lhe cabisbaixa. -E quero pedir desculpa por não ter evitado e ter gritado aqui em casa, sabes que não somos assim. -Filha!... -Mãe eu não sei o que será de nós, acho que o Rafa não...não sabe como me fazer feliz, interrompi já com a voz trêmula. -Filha, olha para mim! Quem disse que ele não sabe? E se ele estiver sentindo algum tipo de pressão? Já te colocaste no lugar dele? Essas são as perguntas que deves responder, não à mim mas para ti mesma. Não coloques tanto peso nos ombros do teu marido. -Mãe eu...eu passo muito a mão na cabeça dele, demais até! -Sim mas e é por esse motivo tolo que queres destruir o teu casamento? Por sexo à todo momento? -Não é isso, é que... - É que o que? Tu não podes agir dessa maneira, converse com o teu marido, façam planos, criem laços e desenvolvam métodos para tornar mais fácil a convivência entre vocês, isso é só o princípio não gastem as energias com essas baboseiras filha. Aquelas palavras fizeram-me pensar no quão vil eu fui com ele e desfiz-me em lágrimas. -Tens razão mãe, eu estraguei tudo e o pior é que ele.. -Ele te ama filha, não chore! Vem cá, ele vai voltar e vocês vão se resolver, tenho certeza disso. Agora pare de chorar. Disse ela enquanto me abraçava e eu correspondia com toda força pois aquilo era o que eu mais precisa no momento. Ficamos assim algum tempo e eu adormeci.
Quando finalmente despertei já a minha mãe tinha saído do quarto, ainda meio que desnorteada, passei a mão na cama à ver se pegava o meu telefone mas não o vi, novamente procurei mas dessa vez na banca e lá estava, agarrei e vi se não havia notificações, haviam duas chamadas perdidas do Henri no meio da confusão nem me lembrei dele, nem me atrevi em retomar. Disquei o número do Rafael e pus à chamar. Mas não obtive nenhuma resposta, entendo que esteja chateado comigo por isso decidi deixar mensagem "Sei que fui horrível, me perdoe e volte para casa. Te amo" e voltei a pousar o telefone. Tem sido uma loucura essa nova fase das nossas vidas, num dia caso e no outro já estamos em crise...enfim!
Por volta das 12horas resolvi sair para descontrair, caminhar pelo parque. Me levantei, me arrumei, vesti um vestido floral  um pouco acima do joelho, não usei sutiã porque gosto de me sentir "free", calcei umas havaianas brancas, fiz um rabo de cavalo mal arranjado, agarrei num livro de poesias  "À nossa maneira", no meu telefone e coloquei tudo numa bolsinha. Peguei também um pulôver caso fosse necessário. Dispus tudo na cómoda e aproveitei para dar um jeito no quarto não quis sair e deixar tudo disperso para a minha mãe arrumar. Depois de deixar tudo no lugar, agarrei nas coisas e sai. Desci as escadas fui à cozinha para despedir a minha mãe e ela insistiu que eu não saísse sem antes comer; -Na rua como qualquer coisinha, passo no café e tomo uma sopinha, quando voltar para casa comerei melhor. Parece que a convenci. -Ok! Mas não fiques muito tempo aí. Dei-lhe um beijo e sai. Caminhei uns 10minutos até ao parque, depois mais uns 5 até ao clube de leitura, um espaço de 2 andares quase abandonado, pois os jovens da nossa cidade não estão para aí virados, passam mais tempo jogando futebol ou basquete no campo ou dançando ou convivendo no clube de amigos. Eu pelo contrário sempre gostei do sossego e da possibilidade de aprendizagem que o clube de leitura me oferece. Além disso há uma biblioteca rica, temos de tudo um pouco desde romances à livros de ficção científica, ciências da vida, anatomia, física e por aí fora. Entrei e cumprimentei o senhor Doki que é o porteiro, um senhor de idade muito simpático e atencioso. Passei pela Matilde, a moça da recepção, subi as escadas e fui até ao último andar, gosto de lá ficar pois é onde ninguém quer ir por causa das escadas. Sentei-me na última mesa da sala que está tapada por uma estante de livros. Tirei o meu livro, o telefone e os auriculares, pus uma música ambiente e comecei a ler. "Preciso de ti" é um poema lindíssimo, aliás o livro todo é bastante rico e identifico-me com muitas dos poemas que a autora escreveu. À meio a música parou e era o Rafael à ligar, meu coração parou. Atendi tão rápido o quanto pude, -Rafa és tu? Desculpa-me meu amor, estava de cabeça quente, onde estás? Diz-me que vou ter contigo. -Eu sei minha pequena! Te desculpo sim, tu tens razão nas muitas coisas que disseste hoje, me fizeste ver o quão relaxado eu estava à ponto de não ver o que tu queres de mim. -Esquece isso amor, interrompi. -Está certo, estou com o Henri na cidade, estamos à ver a questão da nossa casa, quando terminarmos aqui, eu volto para ti. -Está bem meu amor, volte logo. Te amo. E desliguei. Senti um grande alívio e de repente já sentia muita fome hahaha. Li mais alguns poemas e depois deixei as minhas coisas num cacifo na sala, peguei na minha carteira e desci para ir comer qualquer coisinha.

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