4. Rapax tem sua revanche

37 12 11
                                    

William


_ É bom revê-lo. _ disse Rapax, o cão infernal mais alto e forte.

_ Para mim não é. Ele jogou uma granada na minha cara. _ disse Bores, depois rosnou para mim.

Olhei para o rosto canino de Bores e pude perceber algumas marcar de queimadura sobre sua bochecha esquerda.

Sarah deu um passo à frente e disse:

_ Chega de papo e vamos logo à luta.

Ela tirou uma varinha, que mais parecia um galho de árvore, do cós da calça e a ergueu na direção dos cães infernais.

Estes pegaram seus machados das costas e os ergueram para nós. Não consegui me conter, engoli em seco. Por um motivo estranho, aqueles cães me apavoravam. Talvez por que eles podiam me transformar em picadinho de Will com seus machados com o mínimo de esforço.

Ao olhar para o machado de Rapax, senti formigamento no ombro direito. Seu machado havia atingido meu ombro quando o enfrentei na dimensão purgatória. Se não fosse pela pomada mágica e por Raimundo, o cara dos escudos voadores, como gostava de ser chamado, o ferimento teria me matado. Desejei que Raimundo aparecesse de repente e me tirasse dessa enrascada, mas sabia que dessa vez eu estava por conta própria.

Sarah atingiu Bores com um raio de sua varinha, mas o raio só o fez cambalear.

Rapax investiu contra mim. Seu machado passou de raspão dela minha cabeça. Ele tentou me golpear novamente. Dei uma cambalhota e finquei a ponta da espada no seu pé esquerdo.

_ AI! _ urrou Rapax.

Ele girou o machado em volta do corpo, depois o fincou no chão, causando uma rachadura enorme e fazendo-me perder o equilíbrio. Rapax agarrou a gola da minha camisa e me lançou pelos ares. Depois de atingir o chão, rolei até me bater em um carro estacionado. Isso acionou o alarme.

Pontinhos pretos começaram a dançar na minha visão. Vi de relance Sarah lançando raios de sua varinha em Bores, que desviava deles com uma impressionante facilidade.

Rapax seguia em minha direção. Peguei a espada do chão e pisquei os olhos algumas vezes até os pontinhos pretos sumirem de vez. Tentei golpeá-lo, mas ele foi rápido. Desviou do meu golpe e agarrou meu pescoço com uma de suas mãos enormes.

_ Vou transformá-lo em purê. _ disse Rapax. _ Depois eu vou... Hum... O que...

Rapax cambaleou para trás e me largou. Havia uma flecha atravessando seu tórax. Olhei na direção de Sarah. Ela ainda estava tentando transformar Bores em churrasco sem muito sucesso.

Rapax caiu de joelhos no chão.

_ Rapax! _ gritou Bores, logo depois que percebeu que o irmão havia sido ferido.

Sarah o impediu com um escudo de energia.

_ Deixe-me sair, bruxa imunda! _ gemeu Bores.

_ Bruxa o quê? Ora seu...

_ Sarah! _ reclamei para que ela agisse mais e falasse menos.

Ela lançou três raios potentes de sua varinha na direção de Bores, que com um urro começou a se desfazer em cinzas. Em seguida, fez o mesmo com Rapax.

Eríade tremia de fúria. Ele tentou fugir, mas caiu no momento que uma flecha atingiu sua panturrilha.

Eu corri até o metamorfo, agarrei-o pelas vestes e indaguei:

_ Quem levou Kemilly, sua criatura imunda?

Ouvi passos apressados atrás de mim. Olhei para trás por um momento e avistei Benjamim e Pâmela. Ben segurava um arco e tinha sobre os ombros uma aljava. Ele quem havia lançado as flechas.

Eríade se debatia e rosnava.

Eu o sacudi com força, indagando o paradeiro de Kemilly e quem a havia levado.

_ Diga! _ exclamei.

_ Não vou trair meu mestre! _ berrou Eríade, perfurando meu antebraço esquerdo com suas garras como navalha.

_ AI! _ gritei, largando-o.

O metamorfo dissolveu-se e desapareceu.

Apertei o antebraço contra o peito. Os arranhões queimavam.

_ Não acredito que o deixou fugir! _ berrou Sarah.

_ Por que não tentou pegá-lo? A culpa não foi só minha! _ berrei em resposta.

_ Gente! _ chamou Pâmela. _ O que faremos agora?

Olhei na direção de Pâmela e Benjamim.

_ Como sabiam que estávamos aqui?

_ Sua mãe ligou para mim logo depois que você saiu de casa às pressas, então deduzi que tinha alguma coisa errada e que você estava aqui. Ainda bem que eu vim, não é? _ disse Pâmela.

Assenti.

_ Então... O que houve? _ perguntou Ben.

_ Kemilly foi sequestrada, digamos assim. Mas não sabemos por quem. Se bem que não precisa ser um gênio para deduzir que ela será levada para caverna de Arriel.

_ Ainda temos tempo para resgatar Kemilly mesmo que ela já esteja nas garras de Arriel, como Eríade disse. _ disse Sarah, se aproximando.

_ Tem certeza? _ perguntei.

_ Tenho. Arriel vai fazer o ritual no próximo eclipse, que acontecerá daqui a catorze dias.

_ Então temos catorze dias para resgatar Kemilly e evitar que o ritual aconteça. Precisamos avisar aos patronis agora mesmo.

_ Hum... Vocês precisam. Eu preciso resolver umas coisas. _ disse Sarah.

Ela montou em sua vassoura voadora e partiu.

O Príncipe dos Bruxos - Sangue dos heróis : Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora