10 - Meu pior pesadelo

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Megan está grávida.

Ford levantou os olhos de suas ano­tações. Estava no meio da preparação do sermão de domingo quando Jeff e Megan apareceram inesperadamente em seu es­critório na igreja depois da reunião para estudo da Bíblia na quarta-feira à noite, perguntando se ele teria tempo para con­versar um pouco. Suspeitara que havia algo errado, mas não esperava uma notícia tão grave. Pousou o lápis sobre a mesa, tentando aparentar calma.

— Há quanto tempo? — A pergunta foi dirigida a Jeff, porque Megan não tirava os olhos do chão. Jeff Simmons agitou-se na cadeira, enquanto consultava o relógio de pulso. — Umas vinte e seis horas.

— O quê? — Ford demorou um instante para compreender. Não sabia se devia arrancar os cabelos ou rir da ingenuidade dos garotos.

— Ah, sim. Você e Megan mantiveram relações ontem à noite.

Jeff baixou os olhos e respirou fundo antes de tomar coragem para encarar outra vez o pastor.

— Sim, senhor. Não tínhamos a, intenção. Quer dizer... a gente não havia planejado. Mas... Aconteceu. A gente estava se beijando e, então, antes que percebêssemos, começamos a... Foi tudo minha culpa.

— Não foi, não! — Megan protestou. — Eu também queria. Ele não me forçou a nada. — Seu rosto sardento tinha a mesma cor vermelha dos cabelos. Embora estivesse constrangida, olhou Ford de frente, em defesa do namorado. Era evidente que os dois jovens estavam mesmo apaixonados.

— Não vamos falar em culpa — Ford interveio. — Esse tipo de coisa não é culpa de ninguém. Quando duas pessoas se gostam, querem tocar... e ser tocadas. Isso é natural. Foi como Deus nos criou. — Ford imaginou o que Mariah diria se soubesse que ele havia tomado emprestadas suas palavras. Imaginou também como seria conhecer Mariah tão intima­mente como, agora, Jeff conhecia Megan. — Mas Deus tam­bém pretendia que o sexo funcionasse melhor dentro do ca­samento, entre duas pessoas adultas, porque é o caminho para nascerem os filhos.

— Nós íamos mesmo nos casar — Jeff declarou. — Só precisamos antecipar um pouco nossos planos. Vou largar a escola, arrumar um emprego...

— Ninguém vai largar a escola — Ford o repreendeu. — Além do mais, o que o faz pensar que Megan está grávida?

— Eu... Eu não usei nada. Nós não tínhamos planejado...

— Ainda não é razão para acreditar...

— Ela estava ovulando.

Uma vez mais, Ford teve vontade de rir. Sempre se sur­preendia ao ver como os adolescentes modernos às vezes não sabiam de nada e, de repente, usavam com exatidão os termos mais técnicos.

— Tem certeza?

— Era o período fértil dela. Eu calculei o ciclo... depois.

— Quando foi sua última menstruação? — Ford perguntou a Megan.

A menina respondeu com o rosto vermelho de vergonha. Em questão de segundos, Ford consultou o calendário e chegou à mesma conclusão que Jeff.

— Ainda assim, não há razão para saírem comprando fraldas — Ford os tranqüilizou. — O ciclo feminino não é sempre previsível. Vocês sabem disso. Discutimos em classe que esse é o motivo pelo qual o método cíclico nem sempre funciona. Além disso, não é obrigatório que a fertilização ocorra só por­que o momento parece propício. Existem casais que tentam durante anos e não conseguem engravidar.

— Então acha que ela pode não estar grávida? — Jeff in­dagou, com um brilho de esperança nos olhos.

— Há uma boa chance de que não esteja. É claro que sempre existe a possibilidade de ela estar. O que vocês fizeram ontem à noite de fato produz bebês. Mas, antes de tomar qualquer atitude, vamos esperar e ver o que acontece, está bem? — Os jovens sorriram aliviados.

MARIAH - Quatro Destinos 1Onde histórias criam vida. Descubra agora