ADAM

Alfa

Ainda estou inconformado, sei que há muita coisa escondida, fingi ao Henry e a Mabel que não me importava com a situação, mas sou muito curioso e decidi investigar sozinho a respeito desse alfa, e estar na posição de coordenador do setor 3 vai facilitar minha busca. Sinto que Mabel esconde muita coisa e investigar sozinho é o que preciso pra descobrir tudo e se estou do lado certo.
São 3h da manhã e estou na sala de comando, como tenho a chave ao acesso, posso conseguir alguma coisa nessa sala.
Olho a ficha de Christopher, e sei que ele não está louco, mas trair sua própria base, tem que ser algo além de interesses pessoais.
- O que faz aqui esse horário Mark?- Diz a diretora Sara.
Me assusto, não esperava ninguém.
-Estou fazendo o meu trabalho, eu que pergunto o que faz aqui esse horário?
-Venho aqui quando estou com insônia, a propósito, estamos só nós dois, quantos anos você tem Mark?- Diz a diretora Sara, me olhando estranhamente. Fico um pouco intimidado e me levanto com a ficha na mão.
-Licença sra. Stevens- Vou em direção a porta, e de repente ela segura meu braço.
-Eu sei que há algo rolando aqui.-  Diz ela, ficando bem próximo do meu rosto e segurando firme no meu braço. A sra. Stevens é um pouco mais velha que eu, me deixando mais nervoso ainda.
-Desculpa sra. Stevens, não posso fazer isso.
-Você não pode ou você não quer?
Ela começa a passar a mão no meu peito. Seguro a mão dela e olho nos olhos dela e respondo:
-Eu não quero.
-Eu posso te dar o que você quiser se me der aquilo que quero.- Diz sra. Stevens.
Fico pensativo.
-Acho que está falando minha língua sra. Stevens, mas eu não quero nada. Solto a mão dela e saio da sala.
Ela responde em alto som:
-Eu sei que está procurando sobre o Alfa, eu posso te ajudar, estamos do mesmo lado Mark, também me sinto enganada e traída pelo meus próprios parceiros e com essa ficha do Christopher na sua mão, não vai encontrar nada.
Paro, olho pra ela, largo a ficha e vou em direção dela, agarrando e fechando a porta da sala de controle. Sei que não posso confiar nela mas posso conseguir tirar dela algumas respostas.
Já são quase 5h da manhã, estou sentado na cadeira olhando a sra. Stevens se arrumar, foi uma madrugada e tanto.
-Então me diz o que você sabe?- Pergunto.
Ela me olha com o cabelo todo bagunçado e tentando arrumar, vai em direção a uma gaveta e tira umas papeladas.
-Isso é tudo o que sei, e se eu fosse você, leria em um lugar bem longe dos soldados, não podemos confiar em ninguém.
-Obrigado sra. Stevens.- Me levanto e saio.
-Ah! Espera.- Paro e olho pra ela. -Pode me chamar só de Sara. - Sorrio e me retiro.
Vou ao meu dormitório tomar um banho, e me arrumar, já está quase amanhecendo e preciso sair da base antes que acordem, e  lá fora é o único lugar que consigo ficar só.
De madrugada fica uns soldados do setor 2 de guarda, mas são poucos, facilitando minha saída despercebido.
Saio e vou só de regata branca e apenas com a parte de baixo da armaruda com uma daga na cintura, só por precaução. Vou andando e vejo um lago distante, me aproximo e fico debaixo de uma árvore na beira do lago vendo o dia amanhecer. Me sento e pego a papelada e começo a ver, tem tantas coisas escondidas e percebo que realmente a Sara está do meu lado. Olho pro horizonte respiro fundo quando vejo uma pessoa entrando no lago, me assusto e fico quieto, sentado onde eu estava. Continuo olhando e era uma mulher, nua e muito linda. Paro de ler os documentos e a observo. Ela fica uns 15 min. no lago, mergulha e depois se retira. Foram os 15 min. mais lindos da minha vida, fiquei realmente encantado. Pego a papelada e me retiro, volto à base.
No caminho, andando de volta pra base, percebo algo estranho, me sinto um pouco mais leve, não sei se é o armamento que é muito pesado, ou se há uma gravidade diferente da Terra. Olho ao meu redor e vejo que a base esta bem longe e não tem ninguém ao redor, resolvo tirar a parte da armadura de baixo, como estou de short bem curto acho que não há problema. Assim que tiro, ainda estou com os pés no chão, então começo a pular de vagar e vejo que há um impulso, como se eu estivesse numa cama elástica, só que sólida. Então resolvo correr, tem muito mato, e matos altos, continuo mesmo assim, vejo uma pedra um pouco grande e resolvo saltar, dando um impulso com a perna direita em cima dela, de repente estou nas alturas, foi um salto e tanto, mas a aterrissagem, nada agradável, então torço o pé e saio caindo. Volto pego minhas coisas e vou mancando pra base, mas de fato, foi uma das melhores sensações de adrenalina.
Chego na base e corro pro dormitório, durante o banho começo a pensar sobre esse tal alfa, seria uma pessoa, ou alguma coisa.
Nas papeladas tinha registro secretos e citavam poucas coisas sobre o alfa, e o relacionavam como mudança, revolução, avanço pra humanidade. Seria alguém que mora aqui antes de nós ou algo daqui extraordinário que causaria uma revolução. Realmente a Sara tinha poucas coisas, mas isso já afirmava a existência desse tal alfa.
Saio do banho e me dou de cara com a Mabel no meu quarto olhando os papéis.
-Está investigando isso sem a gente? - questiona Mabel com um tom de voz bem estressante.
-Calma, eu ia falar com vocês.
-Quando?
-Hoje?- digo duvidoso.
Mabel solta os papéis e fica me encarando.
-Desculpa mas acho que você está escondendo algo de mim Mabel, e a Sara disse pra eu não confiar em ninguém.
- O quê? É nela que você não pode confiar, ela quer isso mais que tudo, eu não fui a fundo com você porque também não confio em você.
-Eu sou seu parceiro, devia confiar.
-Você sendo o braço direito da diretora, claro que não e pelo visto você está na palma das mãos dela não é?
Paro e penso sobre o que Mabel acabou de dizer.
-Ou ela está na palma da minha mão.- Digo com um sorriso irônico.
-O que está querendo dizer Mark?
-Eu tive uma idéia!
Saímos do quarto e fomos atrás do Henry. Encotramos ele no dormitório dele.
-Henry precisamos de você! - diz Mabel.
Olho sem entender pra Mabel e questiono:
-Como assim precisamos dele?
Ela me olha, Henry vai em direção ao closet dele, e o sigo. Ele abre a porta e tem um monte de informações na parede e na mesa pequena que tinha dentro do closet, eles tinham chegado mais além do que imaginei.
-Por que estamos mostrando isso pra ele?- Pergunta Henry olhando desconfiado pra Mabel.
-Ele já sabe da ponta do iceberg, e ele tem o que não temos.
-E o que seria?
-Ele tem um caso com a Diretora.
-O quê? Como assim?
-Ta na cara Henry, não percebeu o jeito que ela olha pra ele, e ele disse que tem ela nas mãos, ficou mais óbvio.
-Uau Mabel, me surpreendeu! - digo rindo.
-Cala boca Mark, isso já era de se esperar.
Olho para aquelas informações e vejo pessoas possíveis que tem as respostas. Vejo uma interrogação, a diretora Sara, Christopher e Michael.
-Quem é Michael?- pergunto.
-Meu irmão. - Diz Mabel.
-Então vocês acham que tem mais alguém envolvido nisso.- Digo apontando para a interrogação.
-Não só alguém, mas uma organização atrás disso.
Me retiro com pressa do quarto.
-Aonde você vai?- grita Mabel.
-Atrás de respostas.
Vou para o subsolo, na área de prisão máxima. Vejo a cela do Christopher e vou na direção dela.
-Oi novato, ou melhor, coordenador do setor 3, não, não, não, melhor ainda, brinquedinho da sra. Stevens.
- Eu quero respostas.
-E por que acha que vou lhe dar?
-Você não está em posição de negociar Christopher.
-E você está?
Paro, olho para os lados respiro fundo e respondo:
- O que você quer?
-Você sabe o que eu quero, minha liberdade.
-Não posso te dar isso.
-Então não tenho as respostas que você quer.
-Mas eu não posso te tirar agora, tem muitos soldados aqui perto.- sussurro.
-Eu não disse agora.
-Ok! Quando?
-Quando a rebelião começar.
-Que rebelião?
-Como você é burro Mark, você acha que todo mundo concorda com o fato de destruir o único planeta até agora que tem a fórmula da vida?
-Fórmula da vida?
-Alfa, Mark, a alfa tem a fórmula.
-Quem é Alfa?
-Na verdade o correto seria, o que é Alfa?
- Por que falam tanto disso?
-Mark, se você me soltar daqui à 3 dias, eu te levo à suas respostas.
-Só me diz Christopher, por que Alfa é tão importante a ponto de ser segredo do governo?
-Por que ele traz a vida.
-Como assim?
-Desculpa Mark, é só isso que sei, eu nunca vi a Alfa, mas a proteja, Mark, pela sua mãe e seus futuros filhos e netos.