Agarradinhos

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O dia amanheceu, acordei sentindo algo estranho atrás de mim, olhei para trás e vi Matheus, ele tinha dormido de conchinha comigo.

-Matheus! -eu disse quase gritando, assustado com oque eu estava vendo.

-Oi -disse ele com uma voz de sono.
-abra os olhos! -disse rigorosamente.

Ele abriu os olhos, e tomou um susto, o susto foi tão grande que ele arregalou os olhos e se jogou de vez para trás batendo as costas fortemente na parede.

-Desculpa. -ele parecia que não sabia de nada, os olhos deles não paravam num lugar, então decidi deixar para lá, alias quem nunca dormiu de conchinha com o melhor amigo né?

-Deixa pra lá, vai tomar banho? -disse eu mudando de assunto.

-Vai você primeiro. -disse ele se enrolando na coberta.

-Então tá. -nessa hora eu já tinha levantado e fui até a mesinha e peguei o meu celular, me dirigi ao banheiro com certa lerdeza.

"Não!" disse uma voz da minha cabeça quando eu liguei o chuveiro, o que me fez dar um pulo para trás.
-eu só vou tomar um banho. -disse baixinho para o meu subconsciente.

Entrei no box, fechei a porta e entrei debaixo d'água, água ia esquentando devagar, enquanto eu passava o shampoo, mais ao sentir aquela dor e aquele peso das pernas desabei de no chão, dessa vez a dor estava mais forte, sentei no chão e fiquei olhando para minhas pernas, então eu me deparei com uma cena inacreditável, elas começou a se juntar , começou a grudar uma nas outras, era como se as duas foram feitas para ficar juntas. Dessa vez ao ver essa cena eu gritei, meu grito pareceu mais um berro, quando eu ouvi o pulo que Matheus deu da cama e veio pulando que mais parecia o som de um canguru, e ele bate na porta berrando também.

- David? O que está acontecendo? -perguntou ele quase que arrombando a porta.

Eu ia responder mais na hora que eu abri a boca olhei de novo para as minhas pernas, elas não estavam mais lá agora no lugar das minhas pernas tinha uma cauda, uma cauda de verdade, uma cauda de tritão, eu me transformei!, eu realmente tinha pensado que eu não iria ter uma cauda mais agora eu tenho, então se eu sou um tritão por completo.... eu também devo ter poderes.

- David! Responde você está bem? O que aconteceu?

-Nada! -gritei tentando disfarçar o máximo a minha voz de felicidade
-nada oque David ? Eu ouvi você caindo, você bateu a cabeça, está sangrando? -pobre do meu amigo que tem uma cabeça fértil.

-Não eu tô bem, eu tinha escorregado mais já levantei, mais não se preocupe eu estou bem. -disse quase sem voz de tanta felicidade que estava pulando dentro de mim, até agora eu não tinha tirado os olhas da mina nova cauda.

-Se você está dizendo, então tá vai logo que eu vou tomar banho agora, já que agora que você conseguiu me acordar com o seu lindo berro. -disse ele sarcasticamente.

-Tá bom tô saindo -eu disse me ajeitando no chão, abrindo a porta do box e puxando a minha toalha que estava em cima da pia, e comecei a me secar.

confesso que quando estava secando a cauda eu acariciei ela como se fosse um tecido gostoso de se pegar, passei a mão na cauda inteira até que eu cheguei na ponta da nadadeira, eu realmente sentia como se eu tivesse tocando uma parte minha, não como se eu tivesse vestindo uma fantasia, oque me deixou muito feliz, quando terminei de me secar por completo, presenciei de novo a cena das escamas agora entrando em pequenas fendas nas minhas pernas, uma parte que agora eu não tinha presenciado até agora, as nadadeiras foram diminuindo até chegar no tamanho dos meus pés , e logo foram se formando os meus dedos , e em poucos segundos as minha pernas tinham voltado como se nada tivesse acontecido, isso era o que mais me surpreendia no fato de ser um tritão, levantei do chão cambaleando e contando todos os dedos dos meus pés para me certificar que não estava faltando nenhum. Perfeito!

-Olha eu ainda estou aqui se você não se lembra -disse Matheus lá meu quarto.

Abri a porta do banheiro e fui até o meu quarto, e me deparei com uma cena que confesso não ver todo dia, Matheus sem camisa tirando a calça, confesso que eu dei uma olhada para a cueca dele, que era o que mais se destacava em todo o corpo, eu nunca tinha reparado o quanto ele era forte ,meus olhos percorreram os seus braços, costas, tórax, barriga.

-David? Que foi -Matheus disse interrompendo o meu escaneamento.

-Nada -eu disse sem jeito virando as costas e indo em direção ao meu guarda-roupa, abri as duas portas e puxei duas camisas de algodão e duas calças jeans novas, as roupas que eu tinha comprado para viajar- olha você escolhe a camisa e a calça.

-Pode ser qualquer coisa. -ele disse
-então eu fico com essa camisa preta e a calça azul-claro e você pega a camisa vermelha com a calça azul-escuro -eu disse entregando a camisa vermelha com a calça azul-escuro e entregando para ele.

-Obrigado.

-Por nada -eu disse dando um sorrisinho.

Quando ele entrou no banheiro tirei a toalha e vesti a minha roupa, desci as escadas e fui para a cozinha preparar o nosso café da manhã , mais algo me chama a atenção, na sala estavam 2 malas uma vermelha e outra preta, foi ai que eu me lembrei que os meus pais tinham chegado de viajem ontem, mais que provavelmente teriam ido trabalhar de manhã.

-Coitados -eu disse me dirigindo para a cozinha.

Coloquei o pó de café na cafeteira e a liguei, abri o armário e peguei o saco de pão de forma, pai manteiga em uns 10 e coloquei-os na torradeira de dois em dois, abri a geladeira peguei dois maracujás, e fiz um suco, além de ter cortado mamão e maçã. Olhei para a mesa estava linda, como se fosse de uma realeza.

-Agora está bom -eu disse

Demorou para eu sentir falta da toalha de , que não estava mais á no chão e o copo que tinha se espatifado ontem. Ouvi os paços de Matheus descendo as escadas e se dirigindo até a mesa, com um sorriso estampado no rosto.

-Foi você que fez tudo isso? -ele perguntou parecendo surpreso.

-Sim, porque? -eu perguntei de volta.

-Nada. E por falar nisso este muito bonito!

-Ha, muito obrigado. -agradeci pegando ultimo pedaço de pão da torradeira e levando á mesa- agora vamos encher a barriga!

Nós nos sentamo-nos à mesa e começamos a atacar, comemos até ficarmos cheios, quase explodindo. Depois nos levantamos e fomos para a sala, sentamos no sofá e ligamos a televisão, estava passando o mesmo filme que eu tinha lembrado nesses dias, as sereias que viajaram para uma outra cidade, eu vidrei na tv, olhei e imaginei se aquilo não era baseado em uma história real.

-A David ! Não me diga que você ainda acredita nessas coisas? -ele me perguntou, só que eu sei que ele já sabia da minha resposta então nem gastei a minha saliva.

A Transformação (Série: Vida de um Tritão)Onde histórias criam vida. Descubra agora