tentei me levantar. Se realmente eu estava viva, tinha que escapar da influência dele, precisava me afastar antes que fosse tarde demais. Minhas pernas bambearam no mesmo instante, vi tudo girar e... caí. Só não fui de cara no chão porque Richard me segurou pela cintura, colando meu corpo ao dele com incrível rapidez. — Ah! — gemi com o rosto afundado em seu peitoral de aço, enquanto minha cabeça girava, procurando sair da vertigem. — O controle da musculatura é o último a ser restaurado — explicou, afagando meu rosto e arrumando uma mecha do meu cabelo. Um bracelete negro com o desenho em alto-relevo de uma rosa destacava-se em seu pulso. — Eu… eu… — Ficar ali agarrada a ele em nada ajudava a minha debilitada determinação. — Vai passar. Creio que amanhã você já estará com movimentos normais de braços e pernas. Eu já tive isso em um acidente quando era criança. Acredite. Ouvi-lo contar sobre sua infância era tão… tão inesperado, tão bonito e tão… humano! Não, Nina! Não caia nessa conversa fiada! Ele não é confiável!, berrava desesperadamente minha razão. — Você perdeu sangue, foi tomada por febre e eu ainda… — ele travou e eu gelei por dentro. — Você o quê, Richard? Era possível ouvir as batidas do meu coração enquanto presenciava sua testa se encher de vincos. — Beijei você, Tesouro. Para piorar as coisas — murmurou. — Eu podia ter te matado. Houve uma fuga muito grande de energia. — Que pena — ironizei. — Ficou arrasado por não ter conseguido? Ele demorou a responder. Suas pupilas vacilaram, estreitando-se por um segundo, e sua fisionomia se modificou, ficando imediatamente séria. — Pelo contrário. Fui agraciado — rebateu num sussurro e o azul em seus olhos escureceu. Procurei em minha memória, mas não encontrei nenhuma pista. Eu não reconheci aquele semblante grave e pensativo. Richard era uma incógnita, uma esfinge a ser deci decifrada. — Não sei como consegui tal graça, mas Tyron teve misericórdia de mim e nada sério aconteceu com você — disse em um tom baixo e, balançando a cabeça de um lado para outro, tornou a abrir a boca, porém, enfim, calou-se. Aquela reação me desestruturou. Como assim? Richard perdeu o ar? Aquela fisionomia indecifrável era de sofrimento? Impossível!, gritou a voz da razão dentro de mim. Já esqueceu com quem está lidando, sua tola? — Então… então você vai me libertar? Ele estreitou os lábios em uma linha fina e olhou para o chão. — É claro que não, Nina — balbuciei sem ânimo para mim mesma, começando a compreen compreender a péssima situação em que me encontrava. — Ainda vai me entregar para seu líder? Ele franziu a testa e confirmou com a cabeça. — Eu preciso. — Pois eu preferiria que você tivesse me deixado morrer — rebati feroz e me encolhi, a fraqueza ameaçando retornar. Ele pegou uma de minhas mãos e, admirando-a, aninhou-a dentro da dele. Palma contra palma. O calafrio estava de volta. — Não diga isso. — Sua voz saiu rouca e sem aquela força habitual. — Eu não espero que você me perdoe, Tesouro, mas vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que um dia você volte a ter confiança em mim. — Por mais que não quisesse acreditar, pude captar sofrimento naquela confissão.— Não vou causar nenhum mal a você. Eu juro. Nem eu, nem ninguém — acrescentou taciturno. Seu olhar perdido conseguiu me afetar ainda mais que suas frases impactantes, chacoalhando tudo ao meu redor. Percebi que não era apenas minha cabeça que girava. A Terra inteira perdera seu eixo de rotação. Respire, Nina. Concentre-se. Você sabe que tudo que ele diz é mentira. — Então sai da minha vida — ordenei sem convicção e sem olhar para ele. — Se realmente se importa comigo, me liberta. Richard levantou meu
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Não olhe!
FantasyNina Scott não suportava mais a vida nômade e solitária que sua mãe, Stela, a obrigava a ter. Mudar de cidade ou de país a cada piscar de olhos, conviver com tantas perguntas que a consumiam, assombrada por mistérios de um passado guardado a sete ch...