Prólogo

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O cheiro da água salgada chega em minhas veias como oxigênio. Aquela sensação boa de poder sentir a alegria  te inundar poderia ser eterna, mas, infelizmente, eu não sou uma sereia ou qualquer outro ser marinho. Sou só uma surfista brasileira de 20 anos.

Minha vida aqui na Califórnia se resume em investir todo meu talento na minha carreira de surfista. E esse talento me levou para bem longe, longe do meu país e para longe da minha família.

Volto da água com minha prancha em meus braços doloridos e cansados, sinto-os latejar. Na areia minha amiga Carley fala no celular com a família que está no Brasil, a qual se resume em sua mãe e sua irmã caçula.

- Está tudo bem? - Pergunto sentando ao lado dela.

Ela responde com um joinha.

- Mãe, preciso desligar. - Ela diz - Amanhã te ligo de novo, beijos.

Carley afasta o celular lentamente e respira fundo.

- O que foi? - Olho em seu rosto preocupado.

- Money, sempre mais money. As coisas não estão fáceis para as duas e o pior é  que eu não tenho como ajudar.

Ela cobre o rosto com as mãos cheias de areia.

Carley sempre ajudou a mãe financeiramente, mesmo seus cachês sendo de um valor pouco relevante.

- Eu posso te ajudar, Carley. Sabe que posso te emprestar dinheiro.

Ela me encara séria, por um momento vejo-a considerar minha ideia, porém ela se levanta ainda receosa e diz:

- Não, mas obrigada.

E com isso caminha em direção ao nosso prédio antigo que fica na beira da praia, o qual os patrocinadores bancam.

Tiro meu long john pela metade e também vou em direção ao prédio e consigo alcança-la.              

As noites na praia são mágicas

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As noites na praia são mágicas. O céu é limpo e as estrelas reluzem em seu comprimento, a lua é grande e redonda, a brisa é suave e o silêncio é interrompido pelo som das ondas quebrando.

Porém as noites também são de eterna melancólia e saudade, às vezes me sento na poltrona do meu quarto e observo a vista através da janela de madeira grossa, ligo para os meus pais e dali converso por horas.

Carley mora em frente ao meu apartamento e sempre vem trazer uma animação para esse metro quadrado de pura solidão. Vemos filmes, cozinhamos e conversamos.

Ela é como uma irmã, minha família nesse trabalho corriqueiro.

- Eiii! - Ouço Carley gritando na porta do apartamento.

Tiro meus fones e vou correndo atender a porta.

- Que foi, garota?! - Meu sorriso logo se desfaz ao observar sua expressão.

Silêncio.

- Preciso da sua ajuda.

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