Capítulo 5

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Faróis, sirenes, paramédicos...

 Tudo logo virou uma cena de filme, filme de terror. 

Eu estava perdida sem saber ao certo o que estava sentindo, sangue escorria da minha testa e eu não conseguia ouvir nada além do som da minha respiração, o barulho da máquina de oxigênio prevalecia sobre todos os outros. 

Logo que a ambulância parou,  meu coração começou a acelerar, os paramédicos me levaram para a emergência do hospital e eu não conseguia avistar a Carley, meu corpo todo congelou quando os médicos passaram correndo com Carley desacordada em cima de uma maca. 

Minha primeira reação foi querer me soltar de tudo e ir atrás dela, porém quando eu tentei me levantar uma dor terrível apunhalou minha cabeça. 

Todo tempo em que fiquei acordada, parecia que eu não estava dentro de mim, pois foi tudo muito insano. 

Quando acordei no dia seguinte, na cama do hospital, parecia tudo ter sido um sonho, ou melhor, um pesadelo, mas ao ver os fios ligados ao meu corpo caí na real. 

- Carley? Onde está a Carley?!- Perguntei para uma enfermeira que passava no corredor.

A senhora entrou atordoada e começou a checar os monitores.

Logo um sorriso abriu em seu rosto enrugado.

- Está tudo bem, senhorita Alice, que bom que pelo menos você acordou. Os sinais vitais estão bons, o resultado da tomografia também, agora vamos trocar os curativos e trazer uma sopa para você. - Ela dizia enquanto eu tentava entender o "pelo menos você".

- Como minha amiga está? - ela não me encara- Ela se chama Carley Silva. 

Por um momento penso que pronunciei o inglês errado, pois a enfermeira nem se quer olha no meu rosto. Entretanto, pensamentos ruins começam a passar pela minha cabeça sobre o estado de Carley e de seu bebê, meus olhos enchem de lágrimas. 

- O médico logo virá te informar de tudo, ele já entrou em contato com a família da sua amiga e com a sua também. 

Não consigo dizer nada. 

Depois que a enfermeira sai o médico entra, um pouco mais tarde, com uma expressão indecifrável. 

Ele me informa sobre meus exames, aparentemente bons, diz que meus pais estão vindo para a Califórnia, mas chegarão só daqui uns dias. Eu sabia que meus pais iriam vir me ver, eles são muito preocupados, e eu estava me sentindo muito mal por fazer eles passarem por isso. 

Além de tudo isso, o doutor disse que toda a equipe de surfe havia postado uma mensagem para mim e para Carley e que havia viralizado.

- Antes de te mostrar a mensagem, tenho que te informar do estado de saúde da Carley Silva, infelizmente as notícias não são boas. Carley teve que fazer uma cesariana de emergência e como o bebê estava muito novo ele, infelizmente, não resistiu. Durante a cirurgia um coagulo se formou no cérebro da Carley, conseguimos resolver o problema, porém Carley ainda não acordou, tememos que ela tenha entrado em coma, ainda existe chance dela acordar mas o tempo do coma é indefinido pode ser por dias ou...por anos. Sinto muito, Alice. 

Demorei um tempo para assimilar tudo, parecia que de repente eu não sabia mais nada de inglês, pois as palavras embolaram na minha cabeça e torcia para ter entendido tudo errado. O médico deixou meu celular aberto no vídeo da equipe em cima da minha cama e depois saiu. Fiquei encarando as paredes do quarto sem saber o que fazer. 

O choro foi alto, me senti perdida, atordoada, só queria sair correndo sem rumo, mas ao mesmo tempo queria me encolher naquela cama e nunca mais fazer nada. 

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