- Preciso da sua ajuda!
Ela diz.
Tudo passa na minha cabeça, dinheiro para a mãe, absorvente reserva, leva-la para um hospital...
Mas o que vem a seguir é tudo o que eu nunca iria adivinhar. Carley não se mete mais em confusão desde que tudo aconteceu.
- Entra aí e me explica com calma. - Ela entra com os ombros caídos e o rosto vermelho.
Ela se senta no sofá um pouco inquieta e com as mãos trêmulas.
Carley é uma garota nada tranquila, além de seu jeito serelepe e alegre, sua vida é muito agitada. Porém, hoje ela se encontra sem aquele sorriso confiante e sem o falatório costumeiro.
- Carley, eu não vou falar mais não viu. Você sabe que se você precisar, ou sua mãe, eu empresto a quantia que for de...
- Eu estou grávida.
Silêncio.
Fico sem palavras. Como parabenizar se está nítido de que Carley não está feliz com a notícia? Então o que eu falo?
Então eu decido não falar nada. Me sento ao lado da minha amiga e a envolvo em um abraço.
Carley ainda está em silêncio. Sinto uma lágrima dela cair na minha mão e a abraço mais forte.
- Sabe que pode contar comigo, né? Idepedente de quem é o pai e do que vai acontecer, esse bebê será o mais feliz.-Sorrio.
Carley se livra dos meus braços e mal consegue me olhar nos olhos.
- Não, Alice - sua voz sai rouca - , eu não quero esse bebê. O Bruno não quer...
💦
três anos atrás...
- Uhulll! - Carley rodopeia pela praia com uma garrafa de bebida.
A música está alta e vem da caixa de som de uma camionete.
- Alicee!! - Ela vem em minha direção sem muito equilíbrio nas pernas. - Você está atrasada!
- Carley, você está bem?
Todos na praia estão como Carley, enchendo a cara de bebida.
- Você veio de sereia, sua copiona! - Ela ri alto e balança meu ombro, suas mãos estão trêmulas.
- Mas é lógico, somos surfistas, o que mais eu seria?
As pessoas aqui adoram planejar festas à fantasia, claro que à moda praia.
- Estrela do mar, bob esponja...- Ela ri.
Antes mesmo de me pronunciar Bruno chega na conversa, instantaneamente fecho a cara e seguro o braço de Carley numa maneira de protege-la.
- Alice Simas...it's a pleasure to see you here! - Seu olhar mostra o contrário e aposto que o meu também.
*Alice Simas...é um prazer te ver aqui.
Bruno negava sua origem brasileira, os pais eram da Califórnia e por isso ele também se considerava americano.
Ele era uma péssima influência para Carley, por mais que eu a alertasse de que Bruno era uma pessoa ruim ela não me dava ouvidos.
- Bruno! - Carley se enrosca em seu pescoço.
- Vamos, amor, temos que encontrar o pessoal.
Ele a afasta de mim e os dois andam até um grupo de pessoas.
Já estava cansada da maneira como ele a controlava, a deixava mal e depois ia embora. E restava para mim catar o cacos de Carley e a recompor.
A festa estava cheia de gente, me permiti dançar com algumas, porém algo estava me incomodando à ponto de me impedir de aproveitar realmente aquela festa.
O mar estava calmo, as ondas estavam baixas. Tudo que eu precisava.
- Pra quê serve uma fantasia de sereia se não à usar para nadar?
Corri pela areia até meus pés encontrarem a água gelada.
Antes de entrar olho para trás e vejo Carley e Bruno colocando coisas na boca, drogas provavelmente.
Me questiono se devo ir lá e puxar Carley e a impedir, mas ela não é uma criança e o que garante que depois ela não volte?
Mergulho na água salgada, os pensamentos se dissipam e tudo se resolve num passo de mágica.
As ondas realmente estão calmas e elas me transmitem isso, elas passam por mim e me sinto mais leve.
Não quero olhar para minha amiga e ver seu estado, talvez eu devesse me sentir culpada por não estar lá a ajudando, porém eu não sinto nada. Estou exausta de toda essa situação, cansada de Carley não estar nem aí para o que eu digo e cansada de Bruno sempre a controlar.
A festa continua com todo seu vigor durante um bom tempo. Até que um silêncio se instala de repente.
- Socorro!! Alguém chama uma ambulância!
Ouço alguém gritando e corro em direção à praia sem saber o que está acontecendo.
Procuro Carley entre as pessoas e não a acho.
- Ei, o que aconteceu? - Ninguém me responde de momento.
Uma menina corre em minha direção.
- Alice, você é amiga da Carley não é? - Assinto. - Ela desmaiou, vem comigo.
A garota me guia até uma parte escura da praia e lá está um monte de pessoas em volta da Carley a qual se encontra desmaiada com os lábios e ponta dos dedos um pouco azuladas.
- Ja chamamos uma ambulância. O pessoal que tava com ela teve que ir embora, você sabe né, se a polícia ver que eles que venderam vai dar ruim.
Os paramédicos vem em nossa direção mandando todos se afastarem. Colocam ela em uma maca e a enfiam dentro da ambulância.
Eu estou atônita, não sei o que fazer. Eu devia pedir pra ir com eles? Sim eu devia!
- Ei, I will go with you. I'm a friend of Carley. - Minha voz sai rouca.
*Ei, eu vou com vocês. Sou amiga da Carley.
- Ok, get in and don't get in the way!
*ok, entre e não atrapalhe!
Quando chegamos no hospital Carley foi levada para a Emergência e eu tive que esperar para vê-la. Fiquei encarando os recados e posters colados na parede.
Duas horas depois os médicos vieram falar comigo, perguntaram sobre os pais de Carley, eu não sabia se devia avisar a mãe dela, então disse:
- Eu não os conheço.
Os médicos disseram que ela estava bem, tiveram que fazer uma lavagem gástrica intestinal e ingetar medicamentos para controlar os sintomas da overdose.
Depois disso tudo, quando Carley teve alta e se recuperou, ela decidiu não contar nada para a mãe, pagou a conta do hospital com seu dinheiro e prometemos não contar nada aos patrocinadores dela.
Ela inventou para eles e para a mídia que estava em um retiro com a família, enquanto na verdade ela foi se isolar em uma fazenda, sozinha.
Bruno nunca mais a procurou e mais uma vez deixou os cacos para mim.
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Onda de Amor (repostagem)
Roman d'amourCalifórnia, praia e fama até parece três pedidos mágicos feitos para o gênio da lâmpada, essa é a vida da jovem brasileira Alice Simas. Porém nem tudo são flores, após uma festa na praia um terrível acidente acontece e aquele lugar paradisíaco se...