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É, sou invencível,
Do que eu estava fugindo?
(Invincible - Kelly Clarkson)

Will

Essa é a última noite que passo em Lincoln antes da faculdade. Amanhã cedo eu e a Heaven pegaremos nossas coisas e partiremos rumo a Nova Jersey, onde seremos oficialmente calouros de Princeton. A Talita finalmente percebeu que vou sair pra valer de casa, e chorou por toda a manhã. Quando descobri isso, fiquei uma hora enchendo o saco dela, até ela me pedir pra sair do quarto. Meus pais também não parecem tão animados agora, mas não me deixo contagiar pelo desânimo.

É a primeira descida* de avanço rumo ao touchdown de retorno da minha vida, e não vou ser interceptado agora. Termino de guardar a última caixa no carro e olho para a casa que foi o meu lar, meu refúgio quando precisei de proteger a mim mesmo. Agora que estou completamente à mercê de uma garota que pode esmigalhar meu coração tanto quanto pode reconstruí-lo, a proteção não é mais necessária, o que me dá a liberdade de ir para a faculdade sem ter medo. Sinto uma presença atrás de mim, e pelo cheiro sei quem é.

— Se você quer ser discreta, é melhor não cheirar como chuva e doces. — eu imagino que o paraíso tenha o mesmo cheiro dessa garota homônima.

— Eu não quero ser discreta. — mente — Só estou checando se você está levando tudo.

Seguro a cintura dela.

— Cada mentira é uma penalidade.

— Me puna, então.

Encosto ela no carro, aproximando minha boca da dela, como se eu fosse beijar, mas não faço isso. Não permito que ela se aproxime também, e ela aguenta a tortura por pouco tempo.

— Se você não me beijar agora, transfiro minha matrícula para o Canadá e nunca mais nos veremos.

— Você gosta da minha boca demais para alcançar tantas milhas de distância.

Minha boca derrete contra a dela, e só paramos porque meu pai grita me mandando entrar porque tem uma surpresa pra mim. Uma caixa com algumas coisas úteis para a universidade, como um planner de imã apagável e uma vela com cheiro de casa, para quando eu tiver saudade. A Heaven também ganha uma caixa. Ela quase chora ao ver dez pares de meias estampadas e vários sachês de chás diferentes.

— Eu amo chás, Larson, não sei como você adivinhou.

— Leitores costumam gostar de bebidas quentes, e já que você encheu a prateleira do Will, não teve erro. — explica.

— Qual é a das meias? — pergunto.

— Pés aquecidos no inverno, estampas divertidas o suficiente para não precisar calçar nada mais que um chinelo.

Com isso ela tira um pacote da bolsa pendurada no ombro, e me entrega.

— Também comprei um presente. São chinelos brasileiros, próprios para tomar banho, ir à praia, e basicamente usar em qualquer lugar porque eles são versáteis e maravilhosos. Peguei o maior número que encontrei, porque o seu pé parece gigante.

Meu pé é gigante. Calço 45, e incrivelmente ela acerta o tamanho.

— Muito obrigado, Heaven. São muito confortáveis também. — aponto.

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora