Não sei por que o aniversário do Seu Antônio Eulálio não foi festejado
ontem na Palha, como de costume. De fora só estiveram Seu Olímpio Mourão, a família de Seu Marcelo, Elvira e eu. Tivemos tanta coisa boa e comemos à grande.
Houve também no jantar uma novidade que Seu Guerra preparou para caçoar comigo, como é costume dele. Veio na sobremesa um copo com um doce bonito dentro. Eu encho a colher e ponho na boca. Tomei um susto e todos caíram na gargalhada. É uma coisa que aconteceria a qualquer, pois nenhum de nós conhecia. Chama-se sorvete e é feito de gelo.
Depois disso veio ainda outra invenção de choque elétrico. Todos davam a mão e um segurava numa máquina. Laurindo e Seu Guerra seguraram minha mão de cada lado e não largaram, apesar de meus gritos, enquanto Inhá não levantou de seu lugar e fez parar a máquina.
Nunca vi casa para ter tanta novidade e tanta gente má como ali. Eles
inventam tudo que podem para judiar comigo e com Elvira. Mas eu gosto tanto de tudo lá. É tão diferente das outras casas. Penso que é Seu Luís de Resende que põe aquela gente tão diferente de todos. Meu pai diz que é dinheiro muito.
Mas Seu Marcelo e tio Geraldo também têm dinheiro e a casa deles é um enjoamento.
Todos na família ficam com raiva de eu deixá-los para estar sempre na
casa de Jeninha. Mas eu gosto tanto de me divertir e só lá é que a gente se
diverte. Depois eu penso que eles gostam muito de mim. Não fazem coisa alguma sem mandarem me buscar.
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minha vida de menina
Dla nastolatkówRelatos da vida de uma adolescente em um diario