O sol bate nos cabelos do Tul e tudo ao meu lado parece se iluminar. Ele se vira pra mim, o rosto sério.
- Como é se apaixonar por alguém?
Eu o olho confuso.
- Você é apaixonado pela Bamina, certo?
Eu fico em silêncio e arranco um punhado de grama.
- É que tipo... quando você sabe que é amor de verdade? Amor mesmo. Do tipo de te tirar do chão e tudo mais. Essa droga toda.
- É como voar. - eu respondo. - mas voar com as asas que a pessoa te dá, mesmo que ela possa cortá-las a qualquer momento. Também é como cair e dar a chance da pessoa te ajudar com os machucados ou simplesmente te deixar lá.
Eu o encaro e ele está olhando fixamente para frente, pensativo.
- E quando sabe que ama alguém?
Eu sorrio.
- Você nunca sabe você só... sente.
- Sinto?
Balanço a cabeça afirmando.
- Porque essas perguntas todas? Você está apaixonado ou algo assim?
- Apaixonado sua bunda.
Tul se levanta e sai marchando de volta para o set de fotos. Vou atrás dele, os preparativos para as próximas fotos está quase pronto.
Me coloco em posição, meus braço envolta da cintura do Tul. Ele ainda cheira ao sol, se é que sol tem cheiro. Ele ainda está quente, e é como se todo o calor que emana do corpo dele fosse para o meu.
O fotográfo entra e diz que essa vai ser a última parte das fotos, meu coração vacila.
Os flashes começam a disparar e a voz aguda do fotógrafo pede que o Tul se vire pra mim.
Os olhos dele encontram os meus e é como se algo dentro de mim arrebentasse.
- Ainda bravo por causa da minha pergunta? - Eu o provoco. - Você que começou. Foi uma pergunta justa.
- Não. - Ele responde entredentes, enquanto foca os olhos na lente da câmera. - Eu deveria nem ter perguntado.
- Porque perguntou?
- Vamos, Max! O puxe pra você. - Berra o fotógrafo.
Antes que ele termine de falar, puxo o Tul pela cintura que sem querer solta um grunhido.
Eu finjo não ouvir e volto meus olhos para a lente da câmera. Minhas mãos exploram a cintura dele.
- O que está fazendo? - ele pergunta.
- As fotos. O que acha que estou fazendo? Vá. Olhe para a câmera.
Tul se afasta e eu o puxo de volta.
- Ótimo! Esse click saiu perfeito. Vamos meninos, só mais algumas e vocês estarão liberados. - o fotográfo parece impaciente.
Antes que eu me dê conta, Tul enlaça sua mão direita no meu pescoço. É minha vez de ficar chocado. Sua outra mão pousa em meu peito.
- Vamos, olhe para a câmera. - Ele sussurra.
"É como voar." Minhas palavras soam em meu ouvido.
- Mais perto, meninos! Vamos.
O rosto do Tul se aproxima do meu. "Você nunca sabe, você só...sente."
- Estou. - Tul diz do nada.
- Está o que?
- A pergunta que você fez antes.
Antes que eu tenha chance de dizer algo, o set escurece: As fotos acabaram.
Tul se afasta para se vestir e eu fico um tempo refletindo sobre o que ele acabou de dizer, até eu perceber que estou sozinho e parado no meio de um set de filmagem vazio.• • •
Não vejo o Tul quando saio, Sandy diz que ele precisou resolver uns assuntos. O que é estranho, porque quando Tul tem um assunto, Sandy sempre está lá como uma fiel escudeira. Eu começo a imaginar que isso foi só uma maneira de Tul me evitar.
Chego em casa por volta das 19h da noite, e encaro meu apartamento vazio. Bamina me deixou dez mensagens de texto, eu ignoro algumas e leio outras mas decido não responder nenhuma.
Já passa das 2h da manhã quando eu resolvo ir dormir. Sem sinal do Tul, nada. É como se ele tivesse decidido me ignorar, ou talvez esteja com alguém. Que se dane.
Me viro de um lado a outro da cama mas o sono não vem, o que vem são imagens do Tul com outra pessoa. Eu estou a ponto de enlouquecer, sinto isso em cada parte do meu corpo. Eu estou enlouquecendo, ele está me enlouquecendo.
Levanto em um rompante.
Vou até lá, vou até lá e direi tudo. Tudo que sinto, tudo que venho sentindo. Se for loucura vai passar, certo? Certo?
Eu sinto tanto, sinto demais. Parece que vou explodir a qualquer momento. Toda vez que ele me toca, ou sorri, parece que eu vou...voar.
Só resta saber se ele vai cortar minhas asas ou...
A campanhia alta e estridente me tira dos meus pensamentos, e me pergunto quem diabos pode ser ás 2h da manhã.
Vou até a porta e lá está ele. A camisa branca social alinhada, o cabelo um pouco bagunçado e o sorriso safado de sempre longe no rosto. Ele parece ofegante.
- Você disse que é como, como... voar? E se talvez essa pessoa já tiver alguém que deu asas a ela? O que eu faço?! - Ele fica constrangido. - O que essa pessoa faz?
- Supostamente?
Tul parece ansioso.
- Sim.
- Alguém pode dar asas a alguém mas essa pessoa talvez queira asas mas, de outra pessoa. Entende?
Ele parece confuso.
- Veio correndo até aqui? - Eu pergunto.
- Tentei vir voando.
É a minha deixa.
Eu o beijo.
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Contos que devem ser contados • MaxTul
FanfictionCada conto uma história. Fanfic de contos do casal-não-casal Max Nattapol e Tul Pakorn das séries tailandesas Bad Romance e Together with me. Todos os direitos reservados. Essa obra é totalmente fictícia e sem fins lucrativos. Tudo aqui descrito é o...