"Eu posso sentir a tensão, quase pudemos tocá-la. Eu sei que é mais do que apenas uma amizade, eu posso te ouvir pensar que estou certo, sim. Eu preciso te convencer?"
— Lost in Japan, Shawn Mendes.
Tul
Sinto um frio na barriga quando o avião decola. Max está quieto, eu também estaria se tivesse acabado de sair de um relacionamento de três anos.
Max ajeita o travesseiro na janela do avião e fecha os olhos. Checo mais uma vez nossa agenda no celular, a viagem até o Japão será longa.
Longa demais.* * *
Quando desembarcamos no aeroporto Max está com uma cara melhor. Somos recebidos por muitos fãs e tiramos algumas fotos em meios aos gritos e flashes. Sandy cuidadosamente arrasta Max e eu para longe daquela loucura e pegamos um barco até o nosso hotel.
O tempo está fechado e nublado no Japão, mesmo estando a noite dá para perceber. Uma garoa fina nos acompanha até a entrada do hotel.
Pegamos nossas malas e fazemos o check in. Um senhor já bem idoso me entrega uma única chave e eu e Max subimos em silêncio até o quarto enquanto Sandy resolve o restante das coisas.
O quarto é amplamente grande, com uma cama enorme de casal.
Coloco minha mala ao lado da cama, e Max vai até a janela e afasta a cortina. Ele está aéreo, o olhar vazio e perdido do lado de fora.
Vou até ele e fico ao seu lado, viro meu rosto em sua direção:
— Quer conversar?
Ele suspira e tomo aquilo como um não.
— Tudo bem, vou tomar um banho.
Demoro cerca de quinze minutos no banho, quando saio Max está na porta do banheiro. Ele me mede de cima abaixo e um arrepio corre pelo meu corpo. Estou só de samba canção e sem camisa.
— Tudo bem? — Eu pergunto.
— Sim, vou tomar um banho.
Ele passa por mim e entra no banheiro.
Deito na cama de barriga pra baixo e pego meu celular. As notificações explodem quando eu abro o instagram.
Mando mensagem para May e demora alguns minutos até eu escutar a porta do banheiro abrir. Eu abro a câmera do storie e vejo pela câmera Max parado atrás de mim, também com o celular na mão. Ele está com uma cara muito engraçada, o cabelo molhado bagunçado, e a toalha amarrada na cintura.
Eu bato a foto e posto, alguns segundos depois Max me marca em uma foto. Nós dois postamos a mesma foto mas em ângulos diferentes.
— Somos muito idiotas. — Max diz sorrindo com o celular na mão.
Ele volta para o banheiro, e quando sai já está vestido. A camiseta branca regata deixando a mostra seus ombros largos.
Ele se joga na cama se cobrindo com o lençol, e pega o celular, colocando os fones de ouvido.
Eu dou um sorriso sabendo que ele vai ler One piece no celular.
Me levanto, sentando na ponta da cama de costas para ele.
— Certo, vou pedir comida. Já sabe o que vai querer?
Flash.
Eu me viro e Max está sorrindo para o celular.
— Você é idiota? Por que está tirando foto das minhas costas?
Max sorri e dá de ombros, voltando para sua leitura. Não antes de dizer pra mim que vai querer o mesmo que eu.
Me levanto e converso rapidamente por telefone com o responsável pelos pedidos do hotel e peço nossa comida. Quando volto, Max está concentrado em seu mangá.
Uma das coisas que Max ama é One piece, e eu me pergunto todos os dias que graça ele vê nisso. Ele está tão bonito, que sinto lentamente meu peito aquecer com aquela visão. Puxo meu celular e abro o storie batendo uma foto. Ele está tão absorto que nem percebe.
Quando nossa comida chega ele come rápido, como se fosse uma criança querendo voltar logo para o seu brinquedo. Ele termina de comer e volta a ler, ele ainda está lendo quando eu me deito ao seu lado e apago a luz do abajur.* * *
Max
Quando eu acordo de manhã, Tul já desceu para o café. Suas roupas estão organizadas no canto do quarto, enquanto as minhas estão todas espalhadas.
Vou até o banheiro e dou um sorriso quando minha escova de dentes já está com a pasta.
Escovo os dentes, me troco e desço para o café do hotel. Tul está terminando de tomar seu suco estranho verde.
— Está atrasado. — Ele resmunga.
— Por que não me acordou?
Ele desvia o olhar.
— Você estava dormindo muito tranquilo. Deve ter ficado até tarde lendo One piece, seu babaca.
— Culpado. — Digo, mordendo um pedaço da minha torrada.
Quando terminamos de tomar café, Tul na verdade me espera terminar, nos levantamos e vamos direto para o estúdio que a TV Thunder reservou para fazermos algumas fotos para divulgar a nova temporada.
Eu e Tul usamos tanto figurinos que chega um momento que eu nem lembro que roupa nós chegamos vestidos ali.
Já está quase escuro quando fazemos as últimas fotos. O patrocinador vem em nossa direção acompanhado de Sandy. Ele é extremamente alto e os cabelos são vermelhos, ele usa lápis preto nos olhos e tem uma unha pintada de azul cintilante.
— Meninos, estava aqui conversando com P'Sandy e daremos uma festa hoje a noite e gostaria muito que vocês fossem. Bebidas á vontade.
O patrocinador esquisitão dá o recado e some porta afora com a Sandy.
Tul e eu voltamos para o hotel e nossas roupas para a festa da noite já está nos esperando. Fico me perguntando se essa festa já estava em nossa agenda e eu não vi.
Tul sai do banheiro com a toalha amarrada na cintura, para me provocar ele sacode o cabelo, me molhando.
— Um pouquinho de chuva, Maxiiim?
Eu o empurro na cama e ameaço ir para cima dele mas, eu paro. Pego minha roupa e vou para o chuveiro.* * *
Tul
A festa ocorre em um restaurante — boate — japonesa, e é bem privada. Sandy e P'Sakky, que chegou hoje pela manhã, já estão lá esperando por mim e Max.
O que quase acabou de acontecer no quarto não sai de minha cabeça. Max e eu sempre brincamos mas dessa vez foi diferente, aquilo que passou rapidamente pelo seus olhos poderia ser...desejo? Não, não. Estou vendo demais.
Eu bebo um pouco e experimento alguns dos petiscos que os garçons trazem. Max já tomou alguns copos de awamori* e está um pouco alto. Quando ele vai virar mais um gole de seu copo, eu o puxo de sua mão. Ele está em pé do meu lado, as mãos apoiadas na mesa.
— Já é o bastante, não acha?
Os olhos dele se voltam para meu rosto, e ele aperta-os para me enxergar. Num rodopio Max cai sentado em meu colo, suas mãos se prendem em meu pescoço.
— Não seja assim, Tul. Só estou me divertindo.
Os olhos das pessoas da nossa mesa se viram para nós e eles sorriem e gritam. Minhas bochechas queimam.
— O que há com você? — Eu sussurro.
Max puxa meu rosto para ele e tenta me acertar um beijo na boca mas, eu viro o rosto e ele esmaga os lábios em minha bochecha. Eu aperto os olhos e os fecho, todo o meu corpo queima.
Ok, ele está bebâdo, está triste com o fim do relacionamento dele. Tudo bem ele querer ir longe demais.
Max se levanta cambaleando e segue para o banheiro. Sem pensar duas vezes eu o sigo.
O banheiro está vazio, vou olhando em cada compartimento em busca de Max. Chego no último e ele está lá, sentado na privada. A cabeça baixa, e o celular na mão.
— Isso fica comigo. — Eu tomo o celular de sua mão e coloco no bolso do meu casaco.
— Achei que ela me amava. — Ele resmunga.
— Talvez ela só precise de um tempo.
Ele balança a cabeça assentindo.
— Mas...você não me contou por que vocês terminaram.
Eu me coloco de joelho no chão, próximo as pernas dele. Ele está suado, o cabelo bagunçado mas ainda assim é o Max. Bebâdo e triste mas é o meu Max.
— Ela achou que talvez eu estivesse criando sentimentos por outra pessoa.
Solto uma gargalhada.
— Você?
Max olha pra mim, seus olhos parecem menos embaçados agora.
— Loucura é que talvez ela esteja certa.
Eu fico sério. O dedo polegar de Max acaricia meu queixo, e é a segunda vez naquela noite que meu corpo esquenta com o seu toque. Sua cabeça começa a inclinar na minha direção e eu fecho os olhos.
E então, ele vomita.* Bebida tradicional japonesa feita com água, levedura koji preta e arroz Thai. A bebida se assemelha a vodca.
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Contos que devem ser contados • MaxTul
Fiksi PenggemarCada conto uma história. Fanfic de contos do casal-não-casal Max Nattapol e Tul Pakorn das séries tailandesas Bad Romance e Together with me. Todos os direitos reservados. Essa obra é totalmente fictícia e sem fins lucrativos. Tudo aqui descrito é o...