Termino de ajeitar minha camisa azul marinho, me olhando mais uma vez no espelho.
— Deixa eu ver. — Max fica na minha frente, e ajeita os botões da minha camisa. — Pronto, assim não aparece tanto seu peitoral.
— Eu gosto assim. — Resmungo, abrindo dois botões.
Max da um tapa em minha mão.
— Não seja assim, deixa eu fechar.
Eu reviro os olhos.
Quem vê de fora acha que Max é um namorado extremamente ciumento mas a verdade é que ele pode até ser porém, não é meu namorado. Tenho tentado colocar isso na minha cabeça desde o momento em que ele pisou naquele maldito set de filmagens. Tenho dito a mim mesmo que ele é só um amigo cuidadoso, nada além disso.
— Vocês dois, hora de irmos. — Sandy diz, colocando a cabeça na porta do camarim em que estamos.
Dessa vez fomos convidados para um evento relacionando a uma feira típica tailandesa, quando questionei a Sandy o por que teríamos que ir ela disse apenas "É bom para a imagem de vocês dois, e ainda conseguiremos patrocínio. Sejam bonzinhos." Como se não já tivéssemos patrocinadores o suficiente. Coca-cola, issue, nowadays, agora surge mais uma coisa em que devemos fingir que está sendo legal e que queremos sim estampar aquele produto que estão nos enfiando goela abaixo.
Atravessamos o corredor do enorme edifício rumo ao elevador.
— Vocês terão que experimentar algumas coisas, e usarem alguns tecidos também. Não estranhem.
— Vamos ter que colocar uma jaca na cabeça também?
Max gargalha ao meu lado.
— Ora, Tul. Não seja um engraçadinho rebelde, só faça seu trabalho para que eu possa ir pra casa e você possa ir comemorar o dia das mães com a sua mãe e com a sua irmã.
Max ainda está rindo quando o elevador para no terréo.
Damos de cara com um vão repleto de mesas, e estandes. Há muitos fotógrafos e assim que Max e eu pisamos no enorme salão de eventos, os flashes são disparados.
Sandy nos empurra para que comecemos a cumprimentar todo mundo, e há muitos rostos ali que eu sei que são importantes só pelo modo que eles estão vestidos.
Nos acomodamos na platéia improvisada, nos sentando na frente. Uma mulher de cabelos escuros no ombro sobe até o pequeno palco e anuncia o início do evento.
— Hoje compartilharemos esse evento com os atores da série Together with me. — O salão é invadido por muitas palmas, e timidamente acenamos. — Sejam bem vindos todos, aproveitem o evento.
Sandy acena com a cabeça e eu reviro os olhos. Me levanto e Max segue atrás de mim. Damos uma boa olhada nos estandes, paramos para tirar fotos e fazer entrevistas. Tiramos fotos enroladas nos milhões de tecidos que estão espalhados pelo salão.
— O que você acha? — Me pergunta Max, enrolando um tecido na cabeça. É vermelho com bordas douradas. — Estou bonito?
Você sempre está.
— Pare com isso. — Eu seguro o riso. — Vamos, tem comida do outro lado. Estou com fome.
— Espere. — Max tira o lenço da sua própria cabeça e coloca na minha. — Olha só, você está perfeito.
Ele sorri e continua ajeitando o lenço em minha cabeça.
Sempre gosto quando Max se aproxima muito de mim, gosto de olhar os detalhes do seu rosto que ninguém mais vê.
Os olhos escuros e que sorriem com a boca, a língua que sempre está molhando os lábios, o franzir da testa quando está concentrado, e até seu nariz que infla quando ele respira.
— Ok, já deu. — Eu digo tirando o lenço e o devolvendo para o lugar.
Vou andando até o meio do salão e paro num estande onde tem uma mesa bem cumprida recheada de diversas comidas.
— Tudo parece tão bom e colorido. — Pego uma bolinha azul que parece mais uma esponja, e a coloco na boca. É azeda e eu não faço ideia do que seja.
O liquído da fruta estranha escorre pela minha boca.
— Você é mesmo um bebê, Tully. — Max pega um guardanapo e limpa meu queixo.
— Isso é azedo. — Eu resmungo.
Max sorri e segue atrás de mim, explorando o que tem na mesa.
— Aquilo ali parece ser bom. — Ele diz apontando para uma massa em forma de triângulo.
Max se aproxima mais de mim e coloca as mãos na minha cintura. Eu me assusto com seu gesto inesperado, mas meu corpo relaxa, de certa forma conhecendo seu toque. Um lado da minha mente diz que é algo natural e faz parte do nosso trabalho mas o outro lado da minha mente grita que é mais que isso, e que eu devo aproveitar o agora. Aproveitar o momento em que Max é meu, nem que seja por alguns minutos.
E é isso que eu faço.
Pego uma fruta cor de rosa de uma bandeja. É doce e cítrica.
— Essa é boa, experimenta. — Me viro, com Max ainda me segurando pela cintura e coloco a fruta na boca dele. Ele a envolve com a língua e isso é de longe a coisa mais sexy que já vi. — Hum, é mesmo boa. — Seus dentes estão rosa. — Max ri, apontando para os meus dentes.
Abro um sorriso mostrando meus dentes.
— Os seus também, tá parecendo chiclete.
Max sorri e me mostra os dentes. Seus olhos quase somem quando ele faz isso.
— Venha cá, deixa eu te morder com esses dentes de chicletes.
— O que?! — Eu começo a andar pra trás, pra correr dos seus olhos brincalhão e selvagem. — Para com isso, Max.
Ele está sorrindo, e mesmo estando com os dentes rosa é ainda o meu sorriso favorito.
— Para de fugir.
Max se aproxima e me agarra, tentando me morder.
As pessoas ao redor param para olhar e alguns flashes disparam. Não estamos sozinhos, apesar de eu estar (quase) ignorando tudo a nossa volta.
Max está prestes a me morder quando o seu celular toca.
Ele se afasta para atender e eu fico ali parado, vendo ele gesticular enquanto fala. Seus olhos brilham, e tudo que posso dizer olhando pra ele ali é: amor. Tudo nele transborda amor.
Sandy se aproxima assim que Max desliga o telefone.
— P'Sandy eu...
— Eu sei, eu sei. Vá.
— Nos vemos depois, tudo bem? Mande um abraço para sua mãe e irmã. Aproveite sua noite com elas, depois eu mando mensagem, tudo bem?
Eu assinto.
E então ele se vai.
— Vocês dois estavam bem próximos. — Diz Sandy, me cutucando.
Eu suspiro.
— É, estavámos.* * *
Já passa das 19h da noite quando chego ao restaurante onde vou encontrar minha mãe e May.
O atendente me leva até a mesa que reservei e diz que minhas acompanhantes ainda não chegaram. Pego meu celular e leio a mensagem de May.May [19:23pm]: Já estamos chegando, nos espere.
Tul [19:25pm]: Estou esperando aqui.
May está digitando...
May [19h27pm]: Você está bem? Por causa... você sabe, a foto mais cedo.
Tul: [19h27pm]: Qual foto?May não precisa responder por que sei exatamente de quem ela está falando. Com um aperto no peito abro meu instagram. Vasculho os stories até achar o que estou procurando e ali está. Max está ao lado da pessoa que sempre vai ter seu coração e ele por completo. Respiro fundo e escuto meu coração trincar mais uma vez. O quanto mais vou precisar pra ele ser reduzido ao pó?
May [19:34pm]: Sinto muito, Tul.
Não, May. Eu que sinto muito.
Sinto muito por mim, sinto muito não ser recíproco. Sinto muito por amar alguém que ama outra pessoa que ama ele também.
Sinto muito por eu sentir tanto, tanto e não ser o suficiente.
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Contos que devem ser contados • MaxTul
FanficCada conto uma história. Fanfic de contos do casal-não-casal Max Nattapol e Tul Pakorn das séries tailandesas Bad Romance e Together with me. Todos os direitos reservados. Essa obra é totalmente fictícia e sem fins lucrativos. Tudo aqui descrito é o...