Cartas de baralho

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"O seu cabelo bem penteado pode ficar embaraçado (...) Esse sentimento estranho, essa atração de tirar o fôlego. (...)

  — Taemin, Move.

Max chega até a porta do meu quarto e joga um travesseiro em mim.
— Qual o seu problema?
Ele se joga na minha cama, quase batendo os pés em meu rosto.
— Estou entediado aqui.
Eu reviro os olhos.
— É só ir para sua casa.
Max faz bico e me agarra, tentando acertar beijos em minhas bochechas.
— Mas que droga, Max!
Ele gargalha e se afasta.
— Temos um fan meeting amanhã cedo, se eu for pra casa eu vou perder a hora mas se eu ficar aqui você me acorda, Tully.
O jeito que Max pronuncia "Tully" é manhoso, como se ele estivesse me implorando, e ele está.
— Uh, você é mesmo um preguiçoso.

Max se deita em minha cama totalmente esticado e se cobre com o meu edredom, deixando só os olhos e a cabeça de fora.
— Eu não sou, meu despertador que me odeia e eu sempre me atraso.

Não respondo, discutir com o Max é perca de tempo. Principalmente quando ele acha que está certo.

— Você é um teimoso. — Eu vou tomar um banho.

Deixo Max em meu quarto e vou até o banheiro.

Quando termino o banho e saio do banheiro enxugando meus cabelos, tudo escurece. Não só o meu apartamento mas posso ver através da janela de vidro da sala que todo o prédio está escuro.
— Max?

Tateio no escuro tentando em vão encontrar o caminho para o quarto. Bato meu joelho na lateral do que julgo ser o sofá.
— Ugh, mas que droga...
— Tul?

Max está no meio da sala com a lanterna do celular sob o rosto, como um maldito fantasma.
— Você tá louco? Quer que eu tenha um infarto, porra?
Max começa a rir, balançando os ombros.
— Escutei você me chamando, achei que estava em apuros ou tinha caído pelado no banheiro.
— Para de ser um idiota e ilumina aqui.
Max vira a lanterna do celular em direção da caixinha de energia. Mexo em alguns botões mas tudo continua escuro.
— Foi algum tipo de apagão geral. — Eu digo, fechando a caixinha de energia
— Ainda bem que você já tinha terminado seu banho, se não você saíria do banheiro todo ensaboado...
Empurro Max e tomo o celular de sua mão, indo em direção ao quarto.
— Ei, não me deixe aqui no escuro. — Ai.
Viro de costas e direciono a lanterna em direção a Max.
— Bu!
Ele está de frente para mim, mais perto do que eu imaginava.
— Para de ser um idiota, Maxiiim.
Max se coloca a rir e me segue até o quarto.

Coloco seu celular em cima do meu criado mudo e sinto a cama ranger quando Max se senta ao meu lado.
— Será que foi apagão geral mesmo?
— Eu acho que sim.
No escuro, apenas com a lanterna acesa, posso ver só os lábios de Max se mexendo enquanto ele fala. Mordo meus lábios com força, me obrigando a reprimir o desejo que me sonda, o desejo de beijar os lábios dele.
— Está com sono? — Ele me pergunta, se aproximando.
— Não mas, precisamos dormir. Sandy vem nos buscar cedo.
Vejo Max assentir.
Ele se aproxima mais e meu corpo inteiro se enrijece, mas Max apenas se apoia em um joelho e estica o braço até o criado mudo, pegando minha caixinha de baralho que estava esquecido ali.
— Vamos jogar? — Ele me pergunta
Me ajeito na cama com perna de indío, de frente para Max. Ele espalha as cartas na cama, as mãos ágeis.
— Jogar o que?
O olhar malicioso de Max cai sobre meu rosto. Ele molha os lábios com a língua e começa a separar as cartas.
Strip poker.* — Ele diz com a voz rouca.
— O que?
Max sorri, com os olhos ainda nas cartas.
— Vai ser divertido.
— Você está maluco.
— Maluco para ver você tirar a roupa.
— Vai se foder. — Acerto Max com um tapa e ele me entrega um punhado de cartas.
Eu pego meus óculos e os coloco, para que eu possa enxergar melhor as cartas no escuro.

Contos que devem ser contados • MaxTulOnde histórias criam vida. Descubra agora