Inesperado

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— Aurora, pelo amor de Deus, você está com depressão? – Era a terceira vez que mamãe me perguntava isso só aquela semana. — Desde que chegou você não sai desse quarto, já desbloqueei seus cartões, já ta quase tudo pronto para sua mudança, reage minha filha.

A verdade era que eu não queria reagir, estava me sentindo tão mal que não conseguia se quer ter vontade de levantar da cama.

— Que tal irmos ao shopping comprar algumas coisas? – Ela propôs, não recusei, isso é o tipo de coisa que não se faz com um convite desse.

Andamos por diversos corredores repletos de lojas luxuosas, em um shopping sofisticado de São Paulo, a cada peça de roupa que eu olhava eu imaginava Bruna enlouquecendo por causa delas, seria extremamente engraçado traze-la para um lugar como esse. Em todas a lojas que entramos mamãe saiu com alguma peça, eu nem tanto, minha animação para esse tipo de coisa estava péssima, eu andava de braços dado com ela para não perder o equilíbrio, desde que sair de casa que venho sentindo um incomodo no estomago, eu não me sentia bem há semanas.

— Tenho que ir buscar seu pai no aeroporto. – Mamãe disse assim que entramos em uma loja para produtos de cabelos. — Me deixe em casa primeiro. – Implorei, ainda não estava preparada para ver meu pai.

— Você poderia pelo menos fingir que estar feliz? – Ela perguntou irritada.

— Mas eu estou. – Respondi fingindo animação

— Você me esconde algo, eu não sou burra e eu vou descobrir. – Bufei, era pedir demais para que ela me deixasse em paz?!

— Não seja louca, eu só estou cansada.

— Cansada Aurora? Desde que pisou os pés naquela casa você não faz outra coisa a não ser comer e dormi, eu estou começando a ficar irritada.

— Não seja exagerada, só ando um pouco indisposta, é difícil me acostumar a voltar para casa depois de tudo o que aconteceu, ainda estou traumatizada. – E era verdade, meu corpo ainda não havia relaxado depois de todo o trabalho escravo que me fizeram passar.

As doze da manhã, quando voltamos para casa, mamãe me deixou na garagem do prédio para ir pegar meu pai no aeroporto. Descontente e nervosa caminhei em direção ao elevador para subir até em casa, segundo ela Vânia havia preparado um almoço especial para meu pai, eram duas puxa sacos, e que eu deveria sentar na mesa para almoçarmos juntos. Eu odiava que ter de fingir que tudo a minha volta estava bem quando nada estava bem, começando comigo, que assim que entrei no elevador privativo sentir uma vontade súbita de vomitar.

Entrei no apartamento apressada, com meus braços em volta da minha barriga, e meu cabelo grudado em mim de tanto que estava suando. Sentei no sofá jogando minha bolsa longe e respirei fundo perguntando a Deus qual era a porra do meu problema.

Sem fazer a mínima ideia de quanto tempo fiquei deitada esperando as vistas se normalizarem, fui despertada por Vânia que mandava eu levantar porque meus pais já estavam subindo no elevador. Com muito custo conseguir levantar sofá para sentar diante da mesa de jantar, onde ela já havia posto todos os tipos de comidas. Torci o bico rejeitando qualquer alimento.

— Sr. Augusto seja bem-vindo de volta. – Vânia disse animada assim que ouvimos o elevador apitar anunciando sua chegada.

— Obrigada Vânia, é ótimo estar de volta. Como vai Aurora?! – Ele se direcionou a mim.

— Ótima. – Respondi irônica.

Ele fez cara feia e eu tentei não me importar tanto, pelo resto do almoço e meios a conversinhas idiotas permaneci calada, sem nem mesmo tocar na comida.

Morena proibida - Laçada em oito segundosOnde histórias criam vida. Descubra agora