Capítulo 7

7.9K 654 21
                                    

O odor de cigarro impregnava no jardim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O odor de cigarro impregnava no jardim. Este cheiro que detestava piorava à medida que atravessava o hall de entrada e seguia os dois corpos masculinos estirados na grama baixa.

Dylan se alongou, deitado com os braços sustentando a cabeça, um cigarro perscrutava entre os lábios pequenos. E a alguns centímetros, jazia ele.

Sentado com as pernas estiradas num jeans gasto e rasgado nos joelhos, a jaqueta que usará ficava distorcida na grama. A posição de alguém que não se abalava por nada. Um rei do caos. A camiseta ficará num dos ombros, deixando à mostra suas tatuagens preenchidas até ao tronco definido.

Além da marola do que fumavam, Jack ainda mantinha a pose de indiferente. E um corte superficial na maçã do rosto. Sangue secando onde escorrerá. Apostou que a gola da blusa não escapou do destino.

Cruzando o pequeno espaço, Candice abraçou os cotovelos, o frio da madrugada chegava e toda aquela confusão a deixou com um calor interno. Sequer, ao estar do lado de fora, prestes a falar com o irmão irritante de sua amiga, sentia a temperatura diminuir. Menos segura a cada passo.

Jackson sempre sortiu tal efeito nela, mas talvez fosse seu jeito de agir no geral. Uma marca registrada.

E a expressão dura que portava respondia a falta de beldades femininas o atracando naquele solo.

O garoto de dreads foi o primeiro a avistá-la. Tirando o cigarro e o segurando por entre os dedos, ele abriu a boca, soltando uma baforada nos joelhos nus da loira.

— Olá, Candy — diz sonolento. — Está adorando a festa?

Ela deu um pequeno sorriso. Encarando de soslaio Jack, que permanecia olhando fixamente para o nada, inexpressivo. Porém, podia distinguir o maxilar trincado dele.

— Claro. — Concordou, sobretudo, tomou coragem e falou. — Se não for incômodo, poderia me deixar a sós com...

Nem fora preciso disser "Ele" que Dylan entenderá perfeitamente, saindo aos tropeços, limpando o traseiro cheio de folha no caminho.

Respirando fundo, ficou esperando o dia que Jack redicionaria-se para encará-la. Contudo, o cigarro acesso emitia fumaça por entre os dedos, nem sequer tragou aquilo quando ela chegou.

Poderia ter sido simplesmente a garota apaixonada e dizer: "Obrigada, por bater no meu ex babaca". Entretanto, explodiu, dando a doida que fazia quando chegava ao extremo.

— Que merda você tinha na cabeça? — Vociferou.

A impassibilidade aflorava nela.

— Às que eu cometo, ou às que eu digo? — O sarcasmo proferido na entonação. Confirmava que ultrapassou degraus, que somente a amargura e estar inteiramente putasso é o que faziam-no manter mirando para lugar nenhum e preferir o silêncio da noite.

— Pare de ser o "Garoto Malvadinho" cheio de panca e presta atenção uma vez. Caramba Jackson, o que havia realmente feito pular nele e espancá-lo daquela maneira? Sabe como Cameron é, e isto não sujará bem.

— Sei lá, talvez havia exagerado com o riquinho.

Torceu os dedos na barra do vestido. Preparando para a pergunta seguinte.

— Como está seu ferimento? — Sussurrou.

— Bem. — Pendeu a cabeça para o ombro. — Amanhã vai parecer um arranhão.

Não precisava ser advinha ao reconhecer quando mentia, era como lê-lo só gesticulando as mãos. Enfim, descartou aquele assunto e sentou-se perto dele, ajeitando o vestido rosa claro. Seus ombros se roçando de leve, que fingiu não se incomodar.

— Olha, não estou protegendo-o, e nem você — advertiu, quando o bad boy esbanjou um sorriso irônico — ambos estavam errados. Mas, ah, garotos. São tão complicados.

— Quem fala — murmurou.

A sombra de um sorriso estampou no rosto da jovem, e Jackson não conseguirá ocultar a mesma reação, do qual a jovem presenciou com olhar periférico.

Quem diria que a estudante certinha decidiu ir a uma festa e preferir ficar afastada, acompanhada pelo bad boy que detestava, partilhando um momento cômico que só pareciam compreender no gramado de uma propriedade. Candice riria da cara de quem contasse isso.

— Ele mereceu. — Confirmou, grata por ainda haver o garoto que conheceu em Jackson.

Conforme prosseguiam quietos para a noite âmbar, apreciando a presença do outro, Candice soltou um bocejo. Tentando esconder o gesto com as mãos, mas ele torceu o pescoço, fitando com aquele jeito sedutor e penetrante. Pelo menos, agora ele a encarava.

— Cansada?

Candice tentou gesticular em negativo.

Ross se colocou de pé, limpando o acúmulo das folhas. No alto, encarava com aquela face máscula, as iris esmeraldas cintilavam no ar noturno.

— Venha, te levo. — Apontou com o queixo, para que o seguisse.

— Eu estou bem. — Interpôs. Entretanto, as pálpebras pesavam e sentia a lerdeza do sono.

— Vejo muito bem — zombou.

Mandaria-o para o inferno, se não estivesse tão exausta. Os fatores que ocorreram em um único dia apenas a esgotou de todas as maneiras. Por horas, o irmão impulsivo de Ruby que trocava farpas com ela, a estaria levando espontaneamente para casa.

— Irei com Ruby.

— E aguentará ficar por mais tempo, enquanto minha irmã se alcooliza até amanhecer?

Fechou a boca, o maldito tinha bom argumento. A lerdeza de processar as coisas ao redor comprovava seu nível de cansaço. Por isto segui-o.

Ao adentraram no carro, notou que ele apagará o cigarro quando havia sentado ao lado dele no gramado, tão discreto, que só quando entrou no veículo foi que interceptou.

O carro dele era totalmente oposto do chiquérrimo e bem cuidado da irmã. O Chevrolet Nova 1972 de tom preto, estava coberto com sacos de salgadinho. Espanando o banco traseiro, jogou sua camiseta ensanguentada, e estava prestes a arremessar a jaqueta quando observou o arrepio nos braços de Duncan.

— Aqui.

Num gesto simples, Jack colocou seu casaco na frente do corpo magro dela, sem antes visualizar o colar que ficava entornado no pescoço da mesma, não havia um quê de atrevimento, simplesmente ficou pensativo por um breve momento.

Conforme o carro deslizava entre as ruas desertas da madrugada, Candice fechará os olhos, virando o corpo de lado para o banco do motorista. Seus cabelos caíam a frente e, num impulso, Jack prendeu-os atrás da orelha dela.

— Obrigada — balbuciou de olhos fechados. Mas ele mesmo sabia que a garota não se recordaria daquilo. 

Jack Ross É Meu Vício | 2° EDIÇÃO EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora