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— Sabe de uma coisa? — Pâmela enxugou o suor da testa, sentido o peso da arma fazer sua mão ceder para baixo — Eu decidi que, definitivamente, não levo jeito para atirar.

GHB levantou de sua cadeira de plástico, puxando sua arma da cintura.

— Tenta essa — ofereceu, trocando as duas armas —, é mais leve.

— Só isso de diferença? — Pâmela perguntou, sentido o traficante abraça-la por trás, ajudando a manusear e mirar com a nova arma. Dois meses já haviam se passado, e com eles  ela passou a simplesmente adorar esses momentos de certa... Intimidade — É tudo a mesma coisa.

Sorriu, sentido a barba rala dele roçar a pele de seu rosto. Fellipe, que estava apoiado a parede do outro lado da laje, ainda não totalmente recuperado dos ferimentos, não gostou muito do que viu, mas também não fez nada que pudesse interromper o "momento".

— Não, não é — GHB coordenou as mãos de Pâmela para que ficassem melhor de carregar a arma. Como se ela não soubesse como fazer sozinha. — . Essa é uma Imbel .40. O punho é mais estreito, o carregador é monofilar e ela tem uma empunhada bem foda pra tiro. — A garota concordou, fingindo entender; mirando com a pistola na lata de coca-cola pendurada na parede da laje oposta a que se encontrava. — Tenta.

Ordenou, depois de solta-la. Pâmela mirou na lata que pendia na parede de distância considerável ao ponto em que se encontrava. O tiro foi certeiro, fanzendo-la gritar em orgulho próprio.

— Porra! Vocês viram? —  se virou, deixando o braço com a arma pender ao lado do corpo. Quando percebeu o que tinha acabado de dizer, a expressão culpada surgiu naturalmente em sua face. Percebia que sua personalidade estava mudando com o tempo alí. O que não era bom. Não podia se deixar influenciar. Aquilo terminaria logo. E enquanto durasse, sua mãe não poderia suspeitar. — Desculpa.

Pediu, puxando com a mão o braço que portava a arma para trás do corpo. GHB sorriu levemente com os cantos lábios, fazendo Fellipe girar os olhos. Pouco a pouco estava conseguindo o que queria.

— Sem problemas.

Tranquilizou, satisfeito. Dois meses foram o suficiente para absorver e aprender sobre a personalidade de seus futuros, pelo menos em sua mente, subordinados.
Estava anotando tudo mentalmente.
Já havia percebido e anotado o quanto Pâmela era facilmente influenciável, mesmo adequerindo  uma personalidade teimosa. O que poderia ser tão vantajoso quanto um futuro problema.

Fellipe não era corajoso o suficiente para desobedecer ordens, mas também não era idiota. O garoto poderia vir a ser um traidor com facilidade, já que estava sempre procurando beneficiar a si próprio. Enquanto sua irmã, Priscila, era um caso totalmente diferente e estiganti que precisaria ser examinado com cautela. Era um caso que, a propósito, também estava atrasado.

— Cadê a entojada?

O traficante quis saber, ajeitando o fuzil que a mesma iria usar. Priscila já estava bem avançada nas "aulas" de tiro. Avançada até demais.

— Ela precisou...

Um disparo interrompeu a fala do garoto, fazendo-o pular em susto. Como uma gazela. Em sua cabeça, o morro estava sendo invadido.
GHB sabia o que realmente havia acontecido.

— Foi sem querer.

Pâmela tentou explicar, mesmo sem saber direito o que havia acontecido. A garota encarava atônita a arma que, no susto, havia deixado cair.
Não estavam usando silenciadores.
A marca do disparo havia feito um buraco no chão. A bala por pouco não havia acertado o pé de Pâmela.

GHB andou até mesma, juntando a arma e travando-a, com certa irritação. Pâmela estava com medo da reação do traficante. Ao contrário dele, ela ainda não havia absorvido bem a personalidade de seus novos " colegas". A única coisa parecida a isso que fazia, era observa Priscila, por quem alimentava uma raiva que crescia aos poucos.

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