O começo

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Segunda-Feira

O despertador toca com a música No Below - Speedy Ortiz, eu simplesmente amo essa música, afinal a letra me descreve:

"Você não me conhecia, mas ele me conhecia melhor

O peso do meu cérebro, o medo da minha cabeça fria

Você nunca me viu, enterrada no gelo

Meu amigo tentou derreter, mas ele não podia me descongelar

Então eu fui abandonada congelando, sozinha com meus pensamentos"

Desde quando eu fiquei tão depressiva? Talvez os acontecimentos da minha vida tenham me deixado assim.

Levanto da cama e vou direto para o chuveiro tomar uma ducha rápida e revigorante para tirar essa cara de cama. Após o banho arrumo minha mochila, que basicamente é por um caderno de 10 matérias que uso desde o primeiro ano, afinal eu não escrevo nada, só anoto e faço deveres de química, minha matéria favorita, um estojo velho com algumas canetas que peguei...digamos..."emprestadas" e meu caderno de desenho. Adoro desenhar.

Pego meu celular da cabeceira e desço as escadas indo em direção da cozinha tomar meu café da manhã antes de enfrentar o inferno, mais conhecido como o ensino médio. Ao chegar lá, deparo com minha mãe fritando ovos com bacon e o inútil do David sentado a mesa lendo o jornal com aquela postura de militar mandão. Ele se acha o macho alfa da família. Sou mais homem que ele. Meu pai também era.

Ao sentar a mesa logo o filho da puta abre aquela boca cheia de dentes e fala:

-Que cheiro era aquela no seu quarto ontem?

-Bom dia pra você também- Debocho- Era incenso, to numa vibe mais zen.

-Entendo. Eu acho bom você tomar rumo nessa sua vida, como você sabe eu sou policial e não é porque eu moro com você que não vou deixar de te prender por usar coisas ilícitas - Diz ele

-Ta de sacanagem? - pergunto indignada- Que porra de provas você tem? Não posso por um cheiro no meu quarto que já é suspeito? E ser presa por usar drogas, caso eu estivesse usando? Fala sério David. Vai patrulhar ai no trânsito.

-Mais respeito comigo Chloe! - David altera a voz

-Eiii! Já chega! - interrompe a minha mãe- Será que não podemos ao menos uma vez tomar um café da manhã em paz? Vocês sempre arrumam motivos para discutir.

-Claro, ele se sente o dono da casa - falo- Mal acordei e ele já vem com julgamentos. Quer saber? Vou embora. Tenho mais o que fazer naquela escola de merda do que aqui nessa casa com ele. Fui

Pego uma maça e saio daquela casa o mais rápido o possível. Como aquele bastardo ousa falar merda de mim assim, sem provas? Tudo bem...eu admito que era maconha mas idai? Se ele não fizesse da minha vida um inferno talvez eu nem usaria. Ele tem é que dar graças a Deus por eu não usar algo mais pesado porque do jeito que eu vivo, pra aguentar é só com a mais pesada mesmo.

Ao caminhar pelas ruas de Arcadia, não consigo não pensar de quando eu e a Max nos encontrávamos todos os dias de manhã para irmos pra escola juntas. Quando tinha prova e eu não estudava, ela explicava tudo pra mim no caminho e ainda assim eu conseguia tirar uma nota na média. Ela conseguia me fazer entender em meia hora o que os professores não conseguiam em uma semana.

Meus pensamentos são interrompidos por uma voz familiar e doce, era a Rachel.

-Hey Clo. - diz Rachel- No mundo da lua de novo?

-Sempre. A realidade da minha cabeça é melhor do que essa daqui- assumo

-Você sempre teve esse lado meio poético, adoro isso em você. Pensativa, quieta.

-Ah...anos de decepção - digo dando um sorriso amarelo

-Vou me encontrar com a Rebecca na cafeteria, quer ir também? - pergunta Rachel

-Eu gostaria, mas vou passar no Frank antes - menti

-Então ta, te vejo na escola. - ela se despede

-Até- digo

Depois que a Max foi embora, com o tempo eu desenvolvi uma amizade grande com a Rachel, uma afinidade, algo inexplicável. E acabamos virando melhores amigas por meses. Tínhamos até planos de fugirmos juntas. Mas, após uns problemas familiares, Rachel se afastou de mim. Acho que é normal, as pessoas devem se cansar de mim. Todos se afastam. Todos vão embora. Karma.

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Após um longo dia e entediante naquele inferno, saio de la e vou pra minha casa. Sei lá, ando entediada e sem rumo. Preciso distrair a minha cabeça.

Pego meu notebook e sento da minha cama apenas com uma blusa de um cervo e uma calcinha azul. Ficar sozinha em casa tem suas vantagens. Checo o email, vejo o feed de notícias do facebook...nada...tédio total. Até que vejo o anúncio de um site de relacionamentos, não só de namoro mas sim de amizades também chamado All I Need. Um site no qual você se comunicava anonimamente com as pessoas.

Será que devo tentar encontrar alguém tão fudido quanto eu? Sei lá, não tem nada pra fazer mesmo.

Tomo coragem e acesso o site.


SOULMATES NEVER DIE | PricefieldOnde histórias criam vida. Descubra agora