Capítulo Onze

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"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva

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"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva." Caio Fernando De Abreu.

Boa leitura.

Narrador

Harry foi deixado para trás por  Louis. Ele ficou olhando para onde o garoto havia saído, mas resolveu não ir atrás. As palavras que o mais novo havia lhe dito e a forma como o mesmo ficou logo após as deixar escapar, lhe indicavam que sim, Louis estava caindo na dele, só não conseguia e provavelmente não queria admitir para si mesmo. Já seu subconsciente havia aceitado tal fato e estava o denunciado, contra sua vontade.

O cacheado sentou-se na ponta da arquibancada e ficou olhando para o grande buraco azulejado, que um dia foi seu lugar preferido naquele colégio, o qual ele denominava o inferno. Fazia tanto tempo que não pisava ali, que mal se lembrava de alguns aspectos do grande ginásio –palco de várias vitórias suas e de sua antiga equipe –, que costumavam ser marcantes para si, na época em que tudo era uma festa.

Fechou os olhos por um momento, permitindo-se sentir a sensação que o lugar o transmitia.

— Seu tempo está acabando Styles.

Assustou-se ao escutar aquela voz. Era a voz do fantasma que o perseguiu em seus pesadelos, por um longo e torturante tempo. Abriu os olhos e não pôde acreditar no que via.

Eu preciso de mais um tempo Sam. Você sabe que agora não tenho como pagar. As coisas não estão fáceis para mim. Minha mãe teve alguns problemas e precisou do dinheiro. Um Harry de dois anos atrás respondeu, encostado na porta de entrada.

Sua mente estava o pregando uma peça. Essa era a única explicação que podia encontar para o que estava vendo em sua frente. Estava sendo obrigado a servir de espectador de suas lembranças – as quais havia trancado no fundo de sua mente – daquele fatídico dia, que mudou sua vida em um piscar de olhos naquela instituição. Seu olhar acompanhava seus próprios movimentos, sabendo cada mínima fala e ação que se seguiram a partir dali e ele não podia fazer nada para mudar o que causou para si mesmo. Agora seu passado estava se repetindo vividamente diante de seus olhos. Um passado que fez de tudo para tentar esquecer.

— Sem desculpas. Pede ajuda para o Malik, ou sei lá, mas eu quero a grana na minha mão antes de sairmos de férias. Caso contrário... Você já sabe qual vai ser seu destino.

Sem aguentar ver aquilo tudo novamente, se levantou e saiu de lá, fechando a porta e trancando-a. Não deveria ter entrado ali, apesar de um dia aquele lugar – carregado de diversas memórias e acontecimentos – , já ter sido seu santuário.

Sentia a raiva e descontrole tomando conta de cada célula de seu corpo e começou a socar com força os armários em sua frente. A voz estava impregnada em sua cabeça, o fazendo ficar cada vez mais cego de odeio de si mesmo. Culpa e fúria era tudo o que sentia no momento.

Grenade ( Concluída ) • Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora