(Não) pense demais nos seus problemas

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"Se fossem só os meus problemas financeiros, se fossem só os meus problemas familiares, se fossem só os meus problemas de saúde ou se fossem só meus problemas afetivos, se fosse apenas cada um deles isolado dos outros, talvez eu pudesse continuar sendo positivo e persistindo. Mas não. Tudo na minha vida estava dando errado.

Eu respirei fundo e pensei 'vou pensar nas coisas boas' e quando eu menos notei, já não haviam mais coisas boas nas quais eu pudesse pensar, eu já não tinha mais coisas prazerosas que pudessem me distrair. Isso acontece com todos – ou quase –, em algum momento, não vai mais haver nada positivo no qual você pode pensar e se apoiar. Tudo que irá assolar sua mente serão os seus problemas, afinal, você não tem como fugir deles. "

– Manual de como se suicidar * 13.08.16

Eu estava no meu quarto na casa do Hobi, escrevendo algumas coisas pra faculdade, mas na verdade eu adoraria estar escrevendo pro Manual. Pra que eu fui inventar de fingir ser alguém na vida e fazer faculdade? Continuo sendo um fracassado. Olhei pras coisinhas tão organizadas de Hoseok, eu sabia que ele já tinha feito aquela atividade, ele era dedicado demais (completamente o oposto de mim, que fazia tudo em cima da hora). Ah, que mal teria de colar uma questão ou duas do meu irmão e melhor amigo, não é mesmo? Amizade é pra isso, gente.

Levantei e caminhei lentamente, não só pelo medo de ser pego com a mão na botija, mas também porque meu corpo ainda doía, olhei para a porta fechada uma última vez. Ok. Suspirei. Pega a bolsa, corre, se tranca no banheiro. Vê como ele fez. Volta. Guarda. Gente, meu filho não gosta que eu faça isso, ele quer que eu cresça e seja inteligente, mas eu sou lixo e vou continuar sendo, desculpa.

Quando toquei na bolsa, a porta do quarto foi aberta rapidamente e Hoseok me encarou. Jesus, Maria, José! Esse menino tem um radar ligado nessa bolsa? Toma e engole, infeliz! Ele me olhou nervosamente, ignorou totalmente meu quase furto, e começou a gesticular de forma apressada.

"É o que, menino!? Vai com calma! "

"Hyung, eles chegaram! "

"Os cavaleiros do apocalipse? Que bom, já era hora. "

"Não! Taehyung e Jungkook! "

Suspirei pesadamente, havia esquecido completamente da visita dos dois e eu não estava pronto pra receber ninguém. Por outro lado, havia um Hoseok enérgico cheio de fogo no rabo bem ali na minha frente, eu não teria outra opção. Mentira, eu tinha, sim.

"Convida eles pra entrar, mostra seu quarto, sei lá, socializa, Hobi. "

"Tá, vamos. "

"Eu não vou, Hobi. "

"Hyung! "

Ele bateu no meu braço, zangado. Até batendo é fofo, miserável.

"Hobi, olha pra mim. Não dá, desculpa. Vou me trancar no banheiro. "

"Eu não vou.... "

"Vai, sim! Vai lá! "

Hoseok me lançou um olhar de raiva e suspirou. Eu sabia que ele estava zangado comigo, mas esse menino precisa aprender a se virar sozinho e depois é só fazer um cafuné que ele me perdoa. Depois que ele saiu, peguei sua mochila e entrei no banheiro. Mas, trancado ali, me bateu um leve peso na consciência, sabem? Era o Hobi, eu tinha que ajudá-lo.

Aí vocês perguntam? Ajudar como, Kim Bonitão Seokjin? Ora, ora, fazendo ele beijar o Taehyung, claro. Porque comigo é assim, se você quer, vai lá e diz "te quero, sua boca é linda, me beija, bebê". Quando o bebê é Kim Namjoon a história fica mais complicada, por isso não fiz isso ainda, mas vou fazer, não se preocupem.

Manual de como (não) se suicidarOnde histórias criam vida. Descubra agora