Isto é um adeus

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Namjoon ainda estava no hospital, sua situação era estável. Mesmo que demorasse um pouco, eu esperava que ele se recuperasse o quanto antes. Eu continuava me sentindo culpado por tudo aquilo, de certa forma, eu sentia que havia sido eu a envolvê-lo naquilo.

Eu voltei pra casa do meu pai, mas não havia nenhum sinal dele. Se por um lado isso era bom, por outro, era muito ruim, pois eu queria que o pegassem o quanto antes, e estando solto por aí, ele não passava de um perigo pra mais pessoas ainda, principalmente as que eu amava.

No dia seguinte, a polícia veio até nossa casa, eu mostrei tudo que eles pediram, eu contei tudo que eles queriam saber sobre mim e meu pai, respondi a todas às perguntas e expliquei como cada uma daquelas coisas havia sido quebrada e como manchas de sangue foram parar em uma parte ou outra da casa.

Os policiais me informaram que eu deveria ficar em alerta pra qualquer sinal do meu pai, que eu deveria entregá-lo pra polícia o quanto antes, eu concordei, eu com certeza faria aquilo o quanto antes. Eu precisava daquele alívio mais do que tudo, só assim eu poderia recuperar todas as noites de sono que vinha perdendo com tanta frequência.

Outra coisa que serviria pra me dar alívio seria saber que Namjoon havia finalmente acordado, eu precisava conversar com ele, precisava me desculpar por tudo, mesmo que ele me odiasse e não quisesse me ver nunca mais, eu entenderia, afinal, eu causei algo horrível, mas eu ainda precisava lhe dizer algumas coisas.

No entanto, conforme os dias passavam, Namjoon continuava desacordado e meu pai não dava o mínimo sinal, eu simplesmente não fazia a mínima ideia de onde ele estaria ou o que estaria fazendo. De repente, aquilo me deixou mais aflito do que tudo, eu tinha medo de que meu pai aparecesse do nada pra fazer mal às pessoas que eu amava.

Eu ficava na casa dos Jung e não deixava que ninguém mais abrisse a porta além de mim, eu estava sempre olhando as janelas, eu ligava constantemente pra minha mãe, e quando visitava Namjoon no hospital, eu não conseguia parar de olhar pro corredor. Eu estava realmente enlouquecendo.

Eu podia ouvir a voz dele em todo lugar, em outras vezes, eu podia até mesmo sentir ele me tocar ou ter a sensação de que ele me observava de algum lugar. Sempre que dormia, eu tinha pesadelos horríveis com meu pai. Ele apareceria a qualquer momento, eu sabia daquilo, mas enquanto isso não acontecia, eu me sentia mais e mais atormentado.

E naquelas noites em que eu passei a me sentir como o próprio diabo, Hoseok convidou Taehyung e Jungkook pra dormir na nossa casa, como tínhamos feito antes, mas Yoongi também foi convidado dessa vez. Sei que não havia clima nenhum pra algo daquele tipo, mas eles só estavam tentando me ajudar.

Na verdade, eu achava que se eles ficassem tão perto de mim, seria ainda mais perigoso, mas a insistência foi tanta que acabei cedendo. No fim das contas, eu descobri que, depois de ter os mesmos pesadelos de sempre, era reconfortante abrir meus olhos e ver que eu não estava só e não estava com meu pai, era reconfortante ver o rosto preocupado dos meus melhores amigos.

– Jin hyung, sei que está assustado, mas nós estamos aqui. – Aquelas noites me permitiram conhecer um lado incrível de Jungkook que, mesmo estando tão preocupado com Jimin, ainda era sempre atencioso demais com meus problemas. – Se estiver se sentindo mal e quiser conversar durante a noite, pode me chamar.

– Muito obrigado, Jungkookie.

– Não tem que me agradecer por nada. Lembra de quando me senti mal e te liguei pra pedir um abraço?

– Sim.

– Se precisar, eu vou estar aqui pra retribuir aquele abraço, hyung. E também, eu estou com saudades de você me xingando, sabe?

Manual de como (não) se suicidarOnde histórias criam vida. Descubra agora