Seria um sonho as coisas estarem dando certo?

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"Eu não sei bem o que dizer por hoje, pois estou me sentindo estranhamente muito feliz. Sei que isso pode não durar por muito tempo, mas aproveitem momentos raros como estes, pra que vocês possam pelo menos formar boas lembranças, antes que tudo acabe.

Esse foi Min Seung. E esse é o Manual de como se suicidar. Até chegar ao final, um de nós dois não estará mais vivo."

Virei meu corpo na cama minúscula e senti minha mão tocar em algo rapidamente, abri meus olhos e notei que havia acabado de tocar nas partes íntimas do Namjoon enquanto dormia. Nossa, eu sou muito tarado, nunca pensei que eu fosse assim, que decepção de mim mesmo.

Levantei o mais cuidadosamente que podia e procurei meu celular em algum lugar da casa, examinei a hora, eram quatro e vinte da manhã. Voltei até o quarto e observei Namjoon dormir apertado contra a parede. Nossa, eu dormi com um varão pela primeira vez na vida, eu tô muito emocionado, jurava que eu ia morrer sem ter essa experiência ousada, sem ter uma vida louca, cheia de emoções, agora eu me sinto o inventor da rebeldia, da putaria, eu sou muito radical, eu dormi com Kim Namjoon.

Deixando a contemplação da minha rebeldia de lado, eu precisava pensar no que fazer, porque é claro que meu pai não ia ficar tão emocionado com tudo isso assim como eu. Enrolei Namjoon e fui até a cozinha, preparando a comida do meu pai, como em todos os dias, com o mesmo desânimo de sempre. Já eram perto das seis da manhã quando eu terminei e voltei ao quarto, pronto pra acordar o meu boy, que eu não sei se é meu, mas vamos fingir que é, por enquanto. Se não for, risos, ninguém é de ninguém mesmo.

– Namjoon... Namjoon. – Sacudi seu braço, mas ele nem se moveu, então passei a cutucar sua bochecha. – Ei, Namjoon. Namjoon, acorda, ô caralho!

– Me deixa em paz, Yoongi. – O que esse maluco tá pensando?

– Ei, doidinho, sou eu que tô falando com você. Bora, vamo acordando. – Namjoon coçou os olhos e me encarou com surpresa.

– Jin? Ah... eu dormi aqui. – Ele estava observando o quarto.

– Sim, mas agora temos que ir, antes que meu pai acorde. – Tirei o cobertor de cima dele, dobrando-o e guardando.

– Ainda é cedo, hyung. – Ele fechou os olhos novamente.

– Vamos, você pode dormir mais na minha cama, na casa dos Jung.

Namjoon resmungou algo mais e levantou, me abraçando por trás e apoiando sua cabeça em meu ombro. Por que essa proximidade toda? Será que é o sono ou ele rasga nota de cem? Se bem que se eu visse um outro ser igual a mim na rua, também agarrava na hora.

Comecei a caminhar até o lado de fora, ele me seguia e coçava seus olhos, devia ser mesmo um mimado que nunca acordou cedo na vida, com que tipo de gente eu me envolvo, não é mesmo? Saímos da casa e eu observei seu carro ainda estacionado ali fora, eu sabia que aquilo não seria muito legal pro meu pai.

– Namjoon, tira seu carro daí e estaciona na frente da casa dos Jung. – Pedi, ele me olhou meio confuso, mas depois gesticulou um sinal positivo. – Você entendeu o que eu disse ou ainda tá dormindo?

– Entendi.

Por via das dúvidas, eu o acompanhei, mas deixei ele dirigir mesmo, vai que eu invento de dirigir esse carro de rico e quebro algo? Olha, gente pobre tem um imã pra quebrar tudo que pega de coisa cara, essa é a lei da vida. Se algo acontecer, vou ter que pagar com a minha bunda ou com minha vida, eu não posso morrer agora, então...

– Eu tô acordado, hyung. – Namjoon riu e.... ah, que risada gostosinha.

– Não é o que parece.

Manual de como (não) se suicidarOnde histórias criam vida. Descubra agora