Mães trocadas I

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"Quando sentimos medo, queremos fugir. Quando não estamos mais nos sentido bem em algum lugar, com algo, com alguém, nós queremos ir embora. Quando as coisas não parecem ter nenhuma solução aparente, nós queremos nos manter longe de tudo. Quando tudo em que acreditamos, por toda a nossa vida, desmorona, nos fazendo encarar a verdadeira mentira que somos, acabamos achando que fugir é o único meio.

Não, não é bem fugir, não é mesmo? Nós só estamos escapando, sim, nós precisamos escapar de tudo.

Não, nós só estamos fugindo. Porque somos medrosos e fracos demais pra que consigamos encarar as coisas como elas realmente são.

Nós temos medo de morrer. Nós temos medo de viver. Temos medo do que já conhecemos, mas também temos medo do desconhecido. Nós temos medo de absolutamente tudo.

Criamos um abrigo seguro e permanecemos lá, nos escondendo de tudo e todos, achando que está tudo bem viver assim, mas não podemos controlar o mundo, não podemos controlar a forma como as coisas acontecem, a vida é uma caixinha de surpresas, quando menos esperamos, algo acontece e nós nos perdemos mais ainda, não sabemos mais quem somos.

Enquanto estamos tentando nos encontrar, acabamos nos perdendo cada vez mais. E se, de repente, estivéssemos vivendo a vida de outra pessoa? Se alguém estivesse vivendo nossas vidas? Tudo permaneceria igual? As coisas ainda continuariam sendo tão difíceis de serem encaradas? Será que tudo se trata da forma como estamos lidando com as coisas? Será que o problema somos nós?

Será que são os outros?

De qualquer forma, vamos viver sem respostas, pois muitas perguntas não foram feitas pra serem respondidas mesmo.

Talvez nem precisem. Só vamos ser nós mesmos, já é o bastante."

Bem, quando voltei pra casa dos Jung, a cena que encontrei não foi mesmo das mais agradáveis. Vim sozinho, não queria que Namjoon se metesse ainda mais nisso tudo, mas também pedi pra que ele ligasse pro Jungkook e dissesse que eu estava lá, eu precisava de um álibi, não é mesmo?

O carro da polícia estava estacionado em frente, o irmão de Taehyung estava do lado de fora, parecia tentar fazer uma ligação. Quando entrei, as mães dos dois fugitivos estavam quase se pegando no tapa, o que era mesmo chocante pra mim, já que eu não costumava ver Hyerin daquela forma.

Claro que eu sabia que era loucura apoiar tudo aquilo, ainda por cima ter dado a ideia, mas a vida é feita de escolhas, eu fiz a minha, não tinha mais volta.

– Mãe, o que tá acontecendo? – Perguntei, tentando puxar ela pra longe da senhora Kim.

– Cadê minha filha?! – Ok, agora eu sei o motivo do Taehyung aceitar fugir tão facilmente, aquela mulher dava mesmo muito medo, principalmente quando estava quase te enforcando, como estava acontecendo agora comigo.

– Primeiro: é filho. Segundo: não sei. – Aquilo só fez com que ela ficasse mais irritada ainda, eu não tenho amor pela minha vida mesmo.

– Solta o meu filho! – Hyerin a puxou pra trás, então a mãe do Tae virou e as duas voltaram a gritar.

– Então me diz cadê a minha!

– Eu não sei! – Mamãe se aproximou, puxando a gola da minha camisa. – Cadê seu irmão?! Por que ele não está com você?!

– Não sei, eu tava na casa do Jungkook.

– O quê?!

– Quê? – O pai de Hoseok finalmente entrou na conversa. – E o Hoseok não tava lá com você?

Manual de como (não) se suicidarOnde histórias criam vida. Descubra agora