Prólogo

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DEGUSTAÇÃO

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PRÓLOGO

Uma brisa fresca passou pela área aberta onde Vitor estava sentado. Ele suspirou alheio a conversa de seus irmãos e amigos. Olhou para o brilho do grande lago a sua frente e levou o resto de sua cerveja na boca. Estava um pouco cansado e sua mente levemente perturbada. Algo que parecia normal nos últimos meses. Mas tentava não se abalar, não queria se abalar.

-Ei Vitor, em que mundo está? Porra. - Guilherme, seu irmão, perguntou.

Ficou aliviado por usar óculos escuros, não sabia o quanto seus olhos poderiam revelar naquele momento. Olhou para o irmão e mostrou a lata vazia, Guilherme sorriu e enfiou a mão dentro da caixa térmica que tinham enchido de gelo e cerveja.

Estavam sentados à beira do lago conversando besteiras e relaxando para o fim de semana. Chegaram ali pela manhã, limparam e organizaram a casa. Pedro, Guilherme e Vinicius, seus irmãos, também vieram. Assim como seus amigos de infância, Gustavo e Daniel. E seus pais, Luís e Elis. Mais tarde chegaria mais algumas pessoas e logo a casa estaria cheia. Todos estavam ali para passar o fim de semana como vinham fazendo a mais de quinze anos.

Sua mãe, Elis, tinha ganhado a casa do lago depois do falecimento do seu pai como herança. Reformaram o local fazendo-o se tornar o refúgio da família.

Guilherme lhe jogou uma lata nova e ele pegou com facilidade. Abriu o lacre e tomou um gole.

-Como está o joelho? - Gustavo perguntou.

-Doendo, mãe deve ter esquecido de trazer o gelo pra mim. - Ele respondeu e colocou a lata gelada no joelho inchado.

Como tinha esforçado demais carregando peso e andando, seu joelho inchou. Sem contar que na noite anterior foi jogar uma partida de futebol com os amigos. Agora pagava um preço alto pela imprudência. Vitor tinha sofrido um acidente de carro há três anos, onde seu joelho foi o que mais sofreu. Sofria com uma dor crônica no joelho esquerdo depois de uma ruptura no ligamento. Evitava tomar o analgésico para dor, sabendo o quanto viciante podia ser se livrar daquela maldita dor.

-Vou ao banheiro e aproveito para trazer o gelo para você. - Pedro falou se levantando. __Só não se acostume, não sou sua empregada.

Vitor riu com a brincadeira do irmão e agradeceu. Tomou mais um pouco da cerveja enquanto ouvia os rapazes ao seu redor falarem sobre o jogo de ontem.

-O que foi aquele tombo do Vinicius! - Dan exclamou e todos riram.

-Minha bunda ainda está doendo, porra. - Vinicius reclamou rindo. __Mas valeu a pena.

Todos olharam para ele com curiosidade.

-Tinha uma gata de vestido curto na arquibancada e se inclinou. Por isto não vi o cara vindo em minha direção.

Ele se calou e depois riu alto como se lembrasse da cena.

-Estava olhando para a bunda dela e quando cai, Deus, a visão de sua bunda foi incrível.

-Esse é o nosso Steve Stifler¹. - Gustavo brincou e o riso foi mais alto entre os amigos.

Vinicius contou mais alguma coisa de sua queda no dia anterior, causando muitas risadas. Segundo sua mãe, Elis, ele era incorrigível. Tinha mais hormônios do que um cachorro no cio. Ela alegava que os quatro filhos eram terríveis, mas nenhum superava Vinicius.

Vitor sorriu ao lembrar das palavras de sua mãe, Vini era realmente incorrigível.

Pedro apareceu ao seu lado e lhe ofereceu uma bolsa de gelo.

-Valeu.

Seu irmão sorriu e colocou um banco de plástico na sua frente. Com cuidado elevou a perna esquerda e a apoiou no banco. Fez uma careta de dor e colocou o gelo sobre o joelho. Desde seu acidente, todos o ajudavam da melhor forma possível. Apesar de que Vitor não gostava muito da situação, por ter se tornado tão dependente e limitado. Mas era grato por todo apoio e ajuda que recebia.

O lado bom daquilo era que todos ficaram ainda mais unidos. Aprenderam a apreciar cada momento de vida.

Viviam intensamente, sem barreiras ou limites.

Entre os seis havia uma cumplicidade bonita. Não eram todos irmãos de sangue, mas se consideravam família. Parceiros por toda a vida. Nunca seriam perfeitos, sempre brigariam por quem tomaria a última cerveja, mas apesar de tudo, sempre seriam amigos. Leais. Companheiros.

-Não vai atender? - Dan perguntou.

Vitor estava tão perdido em seus pensamentos que não sentiu o celular tocar no bolso. Pegou o aparelho e desligou a chamada quando viu quem estava ligando.

-Ela continua te ligando. - Pedro afirmou.

-Sim. - Vitor resmungou e bebeu mais de sua cerveja. __Não vou atende-la.

-Vocês deveriam conversar. - Guilherme disse e deu de ombros.

-O tempo de conversar já passou Gui.

-Foda. - Gustavo murmurou.

-Ela não devia ter sumido depois do que aconteceu. - Vinicius disse e abriu outra lata para ele. __ Mas acredito que deveria ter sido muito difícil para ela.

-Não duvido, sei que foi. - Vitor disse bebeu o resto da cerveja na lata e a jogou no canto. __ Mas foi difícil para todo mundo.

Seus amigos e irmãos acenaram concordando. Guilherme lhe jogou outra lata, ele abriu e bebeu um gole antes de voltar a falar.

-Eu estava lá para ela, o quanto precisasse de mim. Sofri o luto sozinho porque ela preferiu viajar e esquecer. Preferia ficar sozinha a me encarar, a encarar a realidade. Fingir que nunca aconteceu, que nunca perdeu nada. Isto nos desgastou, me desgastou.

-Você ainda a ama? - Dan perguntou.

-Sinto carinho por ela. Tivemos uma história, momentos bons e outros ruins, mas acabou. Não foi amor, se fosse, não teria acabado. - Vitor disse pensativo. __Não existe mais volta.

-Talvez o seu amor ainda esteja perdido por aí. - Vinicius brincou. __Vamos continuar pulando de cama em cama até descobrir qual é a maldita mulher que vai nos prender a ela.

Os rapazes riram da conclusão de Vinicius.

-Você é incorrigível menino.

Todos olharam para trás, onde Elis os olhava com um sorriso amoroso no rosto.

-Só estou à procura do meu amor mãe.

-Mentiroso. - Ela disse rindo. __Vamos, o almoço está pronto.

Todos se levantaram, dona Elis detestava chamar mais de uma vez para irem comer. Além do mais, que ela não os aguardaria. Comeria sozinha com seu marido e depois daria um grande sermão nos seis rapazes.

Guilherme ficou do lado de Vitor e o ajudou a subir o gramado. Seu joelho estava muito inchado e a dor terrível, mas ele não se importava. Preferia beber cerveja do que tomar remédios para dor.

Sentaram na mesa de madeira do lado de fora da cozinha. Comeram e conversaram, como uma grande família fazia.

¹Personagem do filme American Pie, conhecido por sua falta de pudor e viciado em sexo.

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