Ao ataque: isso é um jogo?

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It started out with a kiss, how did it end up like this?
It was only a kiss, it was only a kiss
(Começou com um beijo, como foi terminar assim?
Foi só um beijo, foi só um beijo)

Passei pelo "casal vinte" e fiz questão de esbarrar com notável força neles. A música já estava no fim. Toneri se desequilibrou, mas conseguiu segurar a Hyuuga. Olhou para mim com raiva. Retribui o olhar. Com o meu melhor sorriso sarcástico, comecei a bater palmas.

— Parabéns! Mas que casal, hein? Feitos um para o outro! Tem coisa mais fofa? – disse fazendo um biquinho kawaii ridículo. Eu queria mesmo ridicularizar aquela cena. — Merecem aplausos por essa bela dança. Sabem mesmo fazer um belo show! – incentivei os demais presentes a baterem palmas.

— Naruto-kun! – Hinata disse quase em um sussurro e corou constrangida. Eu aproveitei para olhar bem dentro de seus olhos.

— Sabe mesmo fazer coisas magníficas, senhorita Hyuuga! Será que seu namorado conhece tudo que você é capaz, realmente, de fazer? – ela me olhou incrédula e percebi que deixei o rapaz confuso com a declaração. Com um sorriso malandro, peguei a mão de Hinata e a beijei de uma forma um tanto brusca. E, então, me aproximei de seu ouvido. — Não era para ser aqui, na mão. E, sim, no mesmo lugar dado há quatro dias. Está fascinante, Hinata! - vi a respiração dela falhar, sorri internamente, satisfeito com aquela reação.

Fiz uma pequena reverência para o rapaz a minha esquerda. — Otsutsuki. Toneri! – falei entre dentes. Certamente saiu como um rosnado.

— Uzumaki. Naruto! – respondeu da mesma forma, travando o maxilar. A raiva transbordando no timbre da sua voz.

Sai a tempo de apenas ouvi-lo questionar:

— Hinata, o que aquele infeliz falou no seu ouvido? Que intimidade toda foi essa? – estava possesso e com certeza ainda pensando no questionamento que fiz a azulada.

Dei uma gargalhada silenciosa, divertindo-me com a situação que criei. A Hyuuga ficou petrificada, sem saber o que responder. "Vingança é um prato frio ou seja lá como é esse ditado."

Juntei-me aos meus amigos quase no outro lado do salão. Sabaku no Gaara e sua irmã, Temari, namorada do Shikamaru; os casais Yamanaka Ino e Sai; Akimichi Chouji e Karui; e Haruno Sakura, namorada do Sasuke. Ao longe podíamos enxergar Kankurou, irmão do Gaara e da Temari, e Inuzuka Kiba tentando conversar com algumas mulheres. Shino estava em um canto do salão tão deslocado, mas sempre observador. Todos nós, incluindo Hinata, crescemos juntos e estudamos na mesma escola. Os da mesma idade frequentaram por um longo período a mesma sala. E, hoje, aos 17 anos, alguns frequentam a mesma faculdade, outros não, mas sempre estamos em contato. Eram laços que nós fazíamos questão de manter. Esta noite estávamos em uma festa de gala, promovida anualmente em Konoha, para arrecadar dinheiro para o Hospital Central e algumas instituições que cuidavam de crianças órfãs.

Então, temos Senju Tsunade, a nossa anfitriã. Médica de renome, diretora do hospital, neta de um dos fundadores da cidade e... uma eterna paixão platônica do meu padrinho, Jiraiya. Uma mulher intrigante. Tinha 50 anos, mas mantinha a aparência de uma mulher na casa dos 30. Eu realmente adorava a velha Tsunade, a quem carinhosamente chamava de vovó. Sorri ao vê-la proferir algumas palavras no microfone.

Lembrei-me saudoso do velho escritor-pervertido Jiraiya. Ele teve uma paixão avassaladora pela vovozinha, mas essa não foi retribuída. Era um amor tão platônico que ele nunca conseguiu namorar ninguém. Embora muito sábio, ele se manteve apenas se divertindo com mulheres por onde passava, buscando inspiração para seus livros. Foi assim que ganhou a alcunha de Ero-Sennin. "Talvez eu acabe que nem o meu padrinho!", pensei desanimado.

Quando acordei das minhas lembranças, flagrei Sakura me olhando incrédula.

— Naruto, o que foi aquilo? Aconteceu alguma coisa entre você e a Hinata, hum? – ela me analisava com as mãos no queixo.

— Absolutamente nada, Sakura-chan! – respondi sem emoção. — "Apenas um maldito beijo!", pensei raivoso. "Um maldito e delicioso beijo que não sai da minha cabeça. Não consigo entender o porquê ela apareceu justamente aqui com ele, vestida assim, e ainda por cima não para de me olhar!" – a raiva cresceu. "Hinata está jogando comigo?", fiquei boquiaberto com essa possibilidade.

— Pois eu poderia jurar que aquilo foi uma crise de ciúmes! – Ino deu uma gargalhada e foi acompanhada por nossos amigos.

Ela e sua boca grande e sem filtros. Ciúmes. Raiva. Inveja. Eram todos sentimentos reais. E tudo por causa de um maldito beijo.

E se aquilo fosse um jogo? Hinata parece muito inocente para fazer joguinhos. Sempre foi muito gentil. Mas, e se ela tivesse amadurecido ao ponto de se tornar uma mulher astuta o suficiente para isso? Eu tinha duas saídas: ou eu jogava para ganha-la ou fazer o mesmo que ela estava fazendo comigo - um verdadeiro palhaço.

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Senhor OtimismoOnde histórias criam vida. Descubra agora