CONTO 01 - PARTE 03

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Dallas

Dallas era uma das mais belas cidades que eu já tinha visitado, seus prédios cresciam grandiosos acima de nós, que estávamos dentro daquela BMW antiga. E mesmo com toda aquela beleza à nossa volta, o barulho do motor era desagradável, e eu não conseguia relaxar, por saber que mais uma vez estava servindo ao FBI.

– Céus! O Olliver não tinha um carro melhor pra essa missão? – gritei, tentando superar o som do motor.

As pessoas olhavam torto para o carro, que parecia perturbar o clima da cidade grande, como uma ofensa.

– Esse é o único carro que a divisão tem aqui em Dallas, senhor. – Thomas berrou, ao volante.

Ficamos em silêncio pelo restante do trajeto, afinal de contas, não era possível conversar com todos aqueles ruídos ensurdecedores.

Como planejado, tínhamos chegado de helicóptero aproximadamente às três horas da tarde. Depois pegamos o carro e fomos em direção ao bar, onde que Nathan White tinha sido visto pela última vez. O local se chamava Psique Bar. "Bem indutivo", comentei mentalmente. Pelo que os arquivos diziam, aquela era a capital do tráfico da tal droga. Quando chegamos lá, não tive dúvidas de que estavam certos.

Um cheiro estranho exalava fora do estabelecimento, que ficava em uma rua vazia. O odor se assemelhava à adrenalina no suor, ou esmalte, não soube identificar bem. Nem mesmo meu olfato incrementado com os genes especiais era capaz de assimilar tantas coisas ao mesmo tempo.

O segurança quase barrou nossa entrada quando viu Thomas. Porém, eu estava usando meu traje típico, que cobria quase meu corpo todo, além do capuz para o rosto, o que me fez parecer um cara sinistro o suficiente para não sermos questionados. Uma vez lá dentro, levei alguns segundos para me ambientar.

O local era sofisticado na medida certa, com uma pegada de arte contemporânea, enfeitado com grandes globos coloridos pendurados no teto, mesas de ferro com mantas, e outras coisas que faziam o lugar parecer uma festa de cores em plena luz do dia. Dois barmen serviam do bar, que ficava no meio do estabelecimento. Havia pessoas o suficiente para preencher quase todos os assentos.

– O plano é simples. – Thomas começou a explicar, mais para si mesmo do que para mim. – Vamos chegar ao vendedor principal daqui, seu nome é Kurt. Deixa que eu falo. Tenho experiência com isso.

– Tudo bem – assenti, um pouco inseguro.

Avistamos o alvo com facilidade. Ele era o estereótipo de traficante garanhão, acompanhado de belas damas e outros capangas. Aproximamo-nos cautelosamente, interrompendo uma série de gargalhadas ao sermos notados.

– E aí, cara? – Um dos capangas falou de forma intimidadora.

Notei que Thomas encolheu os ombros. "Droga, isso não vai acabar bem", pensei.

– Quero falar com Kurt. – Ele disse com a voz mais aguda do que de costume.

– E o que um tira como você quer comigo? – O suposto Kurt o encarou.

Thomas tremeu, o que não foi muito irracional da parte dele. O líder do tráfico ali no momento tinha músculos projetados com veias ressaltadas, seu olhar era pesado e intimidador, como alguém que parecia ter crescido na rua e no crime. Atrás do banco em que ele estava sentado identifiquei duas pessoas em pé, de forma ereta e firme. "Guarda-costas", eu anotei mentalmente.

Enquanto o jovem espião, que claramente não estava habituado com contatos diretos como aquele, tentava convencer Kurt de que queria comprar a droga em grande quantidade e que precisava saber onde comprar, eu resolvi analisar aqueles dois. Eram dois homens altos, um esguio e o outro musculoso, deviam ter cerca de dois metros – alguns centímetros maiores do que eu –, além de cabelos negros e pele em uma tonalidade de cobre. Aparentavam ser gêmeos.

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⏰ Última atualização: Feb 27, 2018 ⏰

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