Eu não quero morrer

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Mia,

Eu estava fraca, eles me fizeram tantos, mas tantos testes que eu não sabia mais o que podia vir. A única coisa que eles me entregavam era água, eu estava morrendo de fome, já se passou um dia e minha aflição só aumentava, eu queria muito que tudo isso acabasse logo, eu não podia morrer.

Com todo esse tempo que eu tinha de sofrimento, só agulhas entrando em mim, facas cortando pedaços da minha pele, luz forte em meus olhos, e um capacete que furava meu crânio, eu pensava muito no Deivid por que depois que ele voltou, uma chama se acendeu em mim novamente, todo o amor reprimido de muito tempo atrás transbordou de uma só vez. Quando eu vi Deivid de novo é claro que eu fiquei assustada, eu não sabia como reagir, eu estava feliz e com muito medo ao mesmo tempo, eu também estava com raiva e desespero dentro de mim, não sabia mesmo como eu reagia.

"Olha pra mim." Uma imagem embaçada de Alicia se aproximava de mim com mais um copo de água.

"Só vão me dar água o tempo todo?" Respirei, e com muito custo e terminei de falar com  "Eu estou com fome"

"Eu já disse que não ligo pra isso." Disse Alicia fazendo pouco caso do que eu havia dito.

"Ela vai morrer se continuar assim Alicia, e não vamos terminar os testes" Era Karty, ele disse algo, e que me ajudou, queria agradecer-lhe mas eu não conseguia fazer nada, nem os enxergava direito.

"Certo, vai buscar algo para ela comer Karty eu cuido disso por enquanto" Ela estava se referindo a os vários francos coloridos e com partes de mim que estavam em cima de uma mesa improvisada de laboratório.

Passando-se alguns minutos, que pra mim eram horas, Karty chega com alguns enlatados, ele abriu um na minha frente e colocou em uma vasilha suja que estava ao seu lado, ouvi Alicia rir, e eu que achava que Karty estava sendo bom comigo. Maldito Karty!

Aos poucos ele colocava aquela sopa na minha boca, como ela era rala, era fácil de eu beber, mas quando isso bateu no meus estômago voltou tudo de uma só vez, e como karty já tinha percebido a expressão no meu rosto de que eu iria vomitar, ele simplesmente saiu da minha frente para que eu não vomitasse nele.

"Olhá ai, a gente é gentil com essa garota e ela agradece vomitando?" Alicia disse com raiva vindo em minha direção.

"Ela estava com estômago vazio" Karty disse à Alicia. Ele deve ser doido só pode.

"Vai ficar defendendo essa aí?" Disse Alicia.

Karty à ignorou e disse:

"Ela também precisa de ir ao banheiro, como demos água ela o tempo todo, deve estar apertada." Assim que ele disse isso, ele já começou a tirar as coisas que estavam me espetando e me levantou. Vi meio embaçado que Alicia estava com cara de confusão.

Karty me pegou nos braços e me levou ao banheiro, com dificuldade consegui me aliviar na frente dele, já que ele estava me segurando, eu não conseguia ficar de pé, pra variar. Logo depois que ele me vestiu de volta e me pegou nos seus braços. Senti vontade de agradecer-lhe e o fiz com muita dificuldade.

"O-obrigada" Assim que eu disse isso desmaiei.

Já estamos chegando Mia, vou salvá-la.

[..]

Acordei na cadeira novamente, eu estava me sentindo mais forte.

"Já alimentamos você, e já te levamos ao banheiro, não irá morrer por enquanto" Disse Alicia quando me viu analisar novamente o porão, eu estava procurando Karty mas não o encontrei.

"E como anda a pesquisa? Já esta acabando?" Dessa vez já não tinha dificuldade em falar.

"Está ótima, e você tem tido Déjà vu?"

"Não" Isso era mentira, na verdade não sei se seria um Déjà vu já que ouvi, quer dizer eu acho que ouvi a voz do Deivid dizendo que estavam chegando, estranho! "Onde está o Karty?"

"Não ligue pra ele, se acha que ele vai continuar ajudando você está muito enganada"

"Não me importo" Fiz uma pausa " Só quero sair daqui"

"E você vai para onde? Espera já disse isso uma vez, você não tem ninguém"

"Vai se ferrar Alicia"

Nessa hora Karty chega com mais vidrinhos para a experiência. Olhei para Alicia e ela já estava indo em direção ao Karty para buscar aquilo que ele trazia. Ela separou os vidrinhos direitinho cada qual em seu devido lugar. Depois disso se virou para o Karty e disse:

"Vamos continuar"

Nessa hora Karty se aproxima de mim e pega um tesoura que está do meu lado e corta mais um pedaço de minha unha, já estou começando a ficar sem unha, acho que sairei dali sem dedo.

Na hora em que Karty se aproximou de mim pude ver que ele tinha um olho roxo. Será que Alicia que tinha feito isso? Não pode ser, ele é grande é forte e Alicia é simplesmente um tábua de passar que gosta de se arrumar, tem algo errado, será que tinha mais alguém ali?

Pensei em perguntar o que tinha acontecido com Karty mas tinha medo de que se fosse Alicia mesmo, ela visse, e tentasse sei lá, bater nele de novo, então fiquei calada.

[...]

Deivid,

Eu passei na casa da Luíza e ela já estava com malas prontas e me esperava na porta da sua casa, eu pude perceber seus olhos vermelhos. Quando ela se aproximou de mim perguntei.

"Estava chorando Luíza?"

"Estava brigando com meus pais, eles me expulsaram de casa"

"O quê? Mas porquê?"

"Eu disse pra você que eu não podia sair de casa sem mais nem menos, ainda mais com um garoto, eles acham que eu estou grávida e que vamos fugir para sermos felizes bem longe daqui." Luíza rolou os olhos e antes que eu pudesse dizer algo ela fala.

"Acho que isso está errado Deivid. Vamos dois e voltaremos com um terceira pessoa, a moto tem quantos assentos mesmo?"

"Tenho medo do que possa acontecer, se precisarmos sair rápido como faremos? A moto é mais rápida."

"É mais somos três, se precisarmos sair rápido uma pessoa vai ficar para trás."

"Então, a caminhonete é sua ou dos seus pais?"

"Meus pais me deram quando tirei a carteira"

"Ótimo, levamos a moto na parte de trás da caminhonete e se caso tivermos uma emergência ela vai estar lá"

Quando eu disse isso a mãe de Luíza aparece na porta com uma sacola, ela estava chorando quando disse.

"Não esqueça de levar o resto de suas roupas" Nisso ela joga a sacola em direção a Luíza.

Vejo mais lágrimas sair do rosto de Luíza, isso cortou meu coração, eu só queria encontrar a Mia, e isso estava fazendo com que outras pessoas sofressem, eu queria pedi para Luíza ficar, mas eu acho que isso não ia adiantar, a confusão já estava formada.

Luíza se abaixa, pega a sacola, limpa suas lágrimas, e já em pé e diz.

"Ponha logo sua moto atrás da caminhonete e vamos sair daqui rápido"

Eu não disse nada, simplesmente à obedeci.


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