03. Seu Boy

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  🌈  

Quando cheguei a casa, tudo estava do mesmo jeito que eu tinha deixado. Minha mãe e a Leila ainda não tinham voltado o que me deixava à vontade para comer o que eu queria, enquanto deitava no sofá e assistia minhas séries favoritas. Peguei um pacote de bolacha juntamente a um copo de leite e fui para a sala. Joguei-me em cima do sofá e liguei a televisão, sintonizando em um canal aleatório. Comecei a trocar de canais a cada segundo, mas nenhum me alegrava, então eu decidi deixar tocar algumas músicas.

Após ter comido quase todo o pacote de bolachas, percebi que já não tinha mais leite, então larguei o pacote na mesinha de centro, e cochilei no sofá.

Algumas horas depois, minha mãe me cutucou.

― Levanta Andrew, seu pai está quase chegando, e vou servir o jantar logo.

― Eu não estou com fome mãe ― menti.

Levantei do sofá e subi para o meu quarto com o restante do pacote de bolacha na mão. Assim que fui fechar a porta, Leila apareceu, e sua cara não estava nem um pouco boa.

― Você mexeu na minha bolsa hoje? ― Perguntou ela parecendo estar bastante preocupada, o que fez meu coração gelar, pois não achei que ela se importaria muito com aquele maço de cigarros, a não ser se fosse dela.

― Não que eu me lembre ― menti dando meu melhor desempenho para que ela acreditasse em mim. ― Ah! Eu peguei uma caneta sua, pois estava sem, por quê?

Era cruel da minha parte não contar sobre o cigarro, mas seria pior ainda se ela continuasse fumando. A única forma de desconfiar de mim seria se ela se dedurasse, e eu sei mais do que qualquer um, que ela era especialista para guardar um segredo.

― Nada, eu achei que você tivesse pegado algo meu ― disse ela, com aquele olhar que ela fazia desde que era pequena, e que significava "eu sei que foi você, mas eu não tenho como provar".

― Eu juro que foi só a caneta ― menti novamente. ― Quer ver minha bolsa?

Naquele momento eu torcia cem por cento para que ela dissesse não, mas minha irmã era durona e precisava ter certeza de que eu era um criminoso mirim.

― Me mostra.

Droga! Pensei comigo mesmo. Qual o problema dessa garota? Agora não tinha mais volta, ou eu mostrava ou ela ia imediatamente contar para mamãe. Deixei-a entrar, e peguei minha mochila, que já estava meia aberta. Joguei tudo que tinha dentro na cama, e fechei os olhos com medo do que viria a seguir. Abri lentamente os olhos, e vi que ela estava mexendo em meu estojo. Pegou a caneta e virou-se para mim.

― Da próxima vez, pede antes de sair pegando as canetas dos outros ― disse Leila, que saiu do meu quarto fechando a porta atrás dela.

Rapidamente me joguei no chão e comecei a revirar tudo que coloquei na cama. Os cadernos, o estojo e as apostilas estavam em ordem, mas o maço de cigarros tinha desaparecido, e eu não conseguia pensar em ninguém que quisesse me ferrar.

Mas tinha sim, havia bastante gente que queria me ferrar naquela escola, e se a pessoa que pegou o cigarro pensou que vai ficar só nessa, está muito enganada. Querem uma guerra, ótimo. Terão.

― Andy! ― gritou minha mãe lá da cozinha. ― Desce para jantar.

Eu não queria ter essa conversa com a minha mãe, mas precisava contar a ela e ao meu pai que haviam me trocado de série, e tinha que fazer isso logo, porque eu prefiro que minha mãe faça um barraco na escola primeiro antes de pensar em reabrir o clube do coral para me mudar de sala.

College Dreams ― O Primeiro AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora