04. Ápice Desagradável

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Após alguns metros de caminhada, finalmente cheguei à minha casa e, sem pensar duas vezes, subi diretamente para o meu quarto, esperando que ninguém tivesse chegado ainda. Joguei minha mochila na cama, e desci as escadas para ter certeza de que não tinha ninguém em casa, e fui rapidamente para o quarto de Leila para devolver o cigarro ao lugar de origem, mas ao abrir a porta, me deparei com uma cena que não deve ser comentada por causa do horário, mas como dizia alguns memes do Facebook, entendedores, entenderão.

― Andrew sai daqui! ― Gritou ela, que se levantou rapidamente e fechou a porta na minha cara.

Eu não consegui ver direito quem era a pessoa que estava com ela, mas com certeza ela iria me repreender por ter entrado no quarto sem pedir. Desci para a cozinha e peguei um pacote de bolacha antes de subir novamente para o meu quarto, mas antes que eu pudesse terminar de pegar o copo de leite, vi uma garota abrindo rapidamente a porta e saindo de casa na esperança de que eu não tivesse visto nada. Voltei então a colocar leite no copo, mas a alegria durou pouco, pois Leila já tinha descido e sentado na mesa com sua cara de raivosa.

― Eu não vi nada ― disse sem encarar ela nos olhos.

― Sei que você viu, e por isso não quero que conte nada para ninguém.

― Você me pedindo um favor?

― Andrew, eu não estou brincando. Nem o papai e muito menos a mamãe pode saber.

― Quer que eu faça o quê? ― Perguntei sentando-se à mesa. ― Pelo menos você está tentando ser discreta.

― Deixa de ser ridículo.

― É sério. Se conversasse comigo sobre isso talvez eu não entrasse no seu quarto.

― Eu ainda não entendi porque entrou no meu quarto.

― Queria te perguntar uma coisa.

― Perguntar o quê?

― Não foge do assunto. Por que faltou à escola? ― Perguntei tomando um gole de leite. ― Foi para ver ela?

― Deixa de ser ridículo, somos amigas.

Parei de tomar meu leite e encarei-a. Eu nem precisei falar para ela entender que aquilo era mais do que amizade.

― Tudo bem ― disse Leila. ― Não fui para a escola hoje porque quis ficar um tempo a sós com ela.

― Foi só hoje?

― Sim. Ainda preciso ir para a escola, não preciso?

― Eu sou seu irmão, devia compartilhar comigo esse tipo de coisa.

― Você também devia fazer isso.

― Do que está falando?

― Qual é Andy? ― Disse ela erguendo a sobrancelha. Quando ela fazia isso, era porque ela tinha certeza absoluta de que eu sabia do que ela estava falando.

― Desde quando você sabe?

― Desde que peguei seu celular ― disse ela pegando uma bolacha do pacote. ― Devia apagar seu histórico, ou pelo menos colocar uma senha no seu celular.

Leila tinha um dom de mexer nas minhas coisas, e eu não ligava muito para isso, mas eu precisaria usar algo para que ela não contasse aos meus pais sobre o maço de cigarros que eu peguei dela. Contar aquilo a deixaria furiosa, mas eu precisava saber se ela fumava senão eu não conseguiria dormir essa noite.

― Isso é seu? ― Perguntei mostrando o maço para ela.

― Onde achou?

Leila estava com uma cara de assustada e de fúria de quem iria me xingar se eu dissesse que mexi nas coisas dela.

College Dreams ― O Primeiro AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora