02. Zane State College

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26 de fevereiro

Acordei bem diferente. Era segunda-feira e eu não me sentia em casa. Ah, claro. Eu não estava em casa. Por isso me sentia estranho.

Levantei e fui para o banheiro. Diferente da outra casa, essa tinha dois banheiros. Isso só na parte de cima, e eu ficava com um deles. Entretanto, o banheiro era pequeno, e incomodava um pouco saber que o da minha irmã ficava bem do lado.

Voltei para meu quarto, onde vesti uma blusa branca estampada de manga curta, uma calça branca, sapatos pretos comuns, e por cima da blusa, joguei um moletom de cor cinza, para tentar esconder minha falta de senso crítico para moda.

Desci as escadas esperando encontrar minha família unida como sempre fazíamos na antiga casa, mas infelizmente eu estava sozinho para tomar café. Leila tinha escrito um bilhete e deixado em cima da mesa. Me dirigi até o mesmo, e o li na mesma posição em que eu estava, sem nem sequer encostar no objeto.

"Andy, mamãe e eu fomos para o dentista e depois disso ela vai a uma entrevista de emprego, faça seu café da manhã e não arrume confusão na escola."

Era meio inevitável pensar que voltaríamos a ser o que éramos, mas bem que todos poderiam tentar, estava ficando difícil aturar essa mudança sozinho enquanto o restante da família se divertia.

Peguei meu cereal e o leite, juntamente com a tigela, e coloquei todos na mesa. Preparei meu café da manhã e, enquanto eu comia, peguei meu celular para ver se tinha alguma mensagem de algum deles, mas nada.

Ao terminar o meu café, subi as escadas novamente e fui para meu quarto pegar minha mochila. Abri a mesma e verifiquei meu material. Assim que vi que meu estoque de canetas estava escasso, decidi que deveria entrar no quarto da minha irmã e pegar algumas, já que mamãe ainda não tinha conseguido matricular a Leila em uma nova escola. Entrei no quarto dela (surpreso de não estar com a porta escancarada) e fui até a mochila dela. Por coincidência, a mesma estava aberta e, assim que a peguei, derrubei tudo no chão. Desesperadamente comecei a pegar tudo que caiu, mas quando peguei o primeiro caderno, achei um maço de cigarros, o que me deixou bastante curioso. Por via das dúvidas, decidi acreditar que o maço não era dela, então o peguei e coloquei tudo de volta na bolsa. A mesma voltou ao seu lugar de origem. Ainda bem que eu tinha uma ótima memória fotográfica, senão eu estaria bem ferrado.

Coloquei o cigarro na minha bolsa e fui para a escola com milhares de pensamentos na cabeça sobre o assunto.

  🌈  

Por incrível que pareça ainda me lembro do caminho da escola. Quando tinha onze anos eu costumava estudar em uma escola para Ensino Fundamental que ficava na mesma rua que a escola que eu estava indo, então foi meio fácil me achar. Era como estar tendo milhares de déjà vus de uma vez só. A minha ansiedade atacara cedo e eu não aguentava a emoção do primeiro dia na escola nova. Isso soa um pouco infantil? Talvez. Mas eu queria muito não ter que passar pela humilhação de ser o desconhecido de que todos falam.

Assim que avistei aqueles portões grandes e cinzas, senti uma nostalgia que fez a vergonha e meu medo desaparecerem por alguns segundos. Eu nem reparei, mas estava parado no meio da calçada admirando o portão por tempo demais. Tanto tempo, que alguém acabou esbarrando em mim.

― Ei, você não olha por onde anda? ― Perguntou uma voz meio irritada, mas que era familiar.

― Nick? ― Perguntei ao me virar e ver que ele continuava igual ao Fundamental.

Nick era muito lindo, isso eu tenho que admitir, mas seu aspecto físico tinha melhorado muito nesses cinco anos. Devia estar com 1,75m, seus olhos azuis agora acompanhavam algumas pequenas olheiras, seu cabelo tinha escurecido (conheci ele quando ainda era loiro), ele estava magro, mas agora com um pouco de músculos em seus braços, e com certeza seu estilo para roupas não tinha mudado nada.

College Dreams ― O Primeiro AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora