PEDRO
Era inculto, iletrado (não sabia ler), intolerante, ansioso, irritado, agressivo, inquieto,
impaciente, indisciplinado, impulsivo, repetia os mesmos erros com freqüência e não
suportava ser contrariado (1,).
Sua compreensão de mundo se restringia às necessidades da sobrevivência. Entendia de mar
porque era um pescador. Sua visão política era limitada. Percebia o jugo romano sobre Israel,
mas desconhecia os complexos envolvimentos políticos entre Roma e o sinédrio judaico e as
benesses de que alguns líderes judeus desfrutavam. Pedro não desenvolveu as funções mais
importantes da inteligência. Não era empreendedor, não sabia filtrar estímulos estressantes,
não sabia expor suas idéias, mas impô-las. Sua emoção era flutuante e ele não contemplava o
belo. Ele não era uma pessoa altruísta, não era especialista em perceber as dores e
necessidades dos outros. Não tinha projetos sociais. Não pensava em mudar o mundo, ajudar
as pessoas, aliviar a sua dor. As suas necessidades básicas estavam em primeiro lugar. Logo
após a morte de Cristo, perturbado, voltou a pescar ('2). Era um trator emocional, passava na
frente de tudo que se opunha a ele. Não sabia se colocar no lugar dos outros, por isso tinha
dificuldade de perdoar e compreender. As características de Pedro demonstram que ele era
hiperativo e detestava a rotina. Se ele vivesse nos tempos de hoje, certamente seria um aluno
que todo professor gostaria de ver em qualquer lugar do mundo, menos em sua sala de aula.
Era auto-suficiente. Não perguntava o que Jesus pensava sobre os assuntos. Pedro era tão
ousado que pensava e respondia por ele. Sem perguntar, disse a funcionários romanos que
Jesus pagava impostos (13). Jesus não achava direito pagar tais impostos, pois se considerava
o filho do Todo-poderoso.
A principal característica da personalidade de Pedro era que ele reagia antes de pensar (14).
Em algumas situações, colocou Jesus e os discípulos em situações delicadíssimas. Quando
Jesus foi preso, Pedro tomou novamente uma iniciativa e cortou a orelha de um soldado.
Havia uma escolta de cerca de trezentos soldados. A sua reação quase provoca uma chacina
(15) . Jesus e todos os discípulos correram riscos de morrer por sua atitude impensada. Pedro
conhecia o mar da Galiléia, mas conhecia pouquíssimo o território da sua emoção e o
anfiteatro da sua mente. Não percebia as suas limitações, fragilidades e medos. Vendia a
aparência de forte por ter comportamento intempestivo, mas, no fundo, quando testado, era
inseguro.
Sua força apoiava-se na força e na inteligência do seu mestre. Quando Jesus se calou, Pedro
fraquejou. Ele, de fato, o amava, mas seu amor até a morte de Jesus ainda era mais frágil do
que seu medo. Controlado pelo medo, ele o negou três vezes.