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Ainda estava um pouco fascinado pelo beijo de Pedro, mas tomei meu café da manhã e meus pais chegaram. Colocaram as compras sobre a mesa e começaram a guardar as coisas. Eles disseram que iríamos sair pra almoçar fora. Já era 11h20 da manhã.

Acabei de tomar café, lavei meu copo e organizei a mesa, subi para o quarto dos meus pais, que estavam lá organizando alguma coisa e disse que já estava pronto. Eles disseram que já estavam descendo, só estavam esperando a Dona Mônica chegar pra limpar a bagunça da festa enquanto estivéssemos fora. Dona Mônica é uma das mulheres mais legais do mundo, ela trabalha de faxineira e realmente ama do fundo do coração o que ela faz. Eu e meus pais a amamos e temos total confiança de sair e deixa-la aqui sozinha limpando.

Eles pediram pra eu esperar na cozinha, que eles já estavam quase acabando a conversa. Desço, sento-me na cadeira da mesa apontada para a rua, consigo ver Pedro trabalhando no Rosé.

"Meu padeiro", penso.

Pego meu celular, abro o WhatsApp e acabo de me lembrar que eu não tenho o número de Pedro. Preciso pegar, mas teria que ser depois, pois meus pais já estavam descendo as escadas para sairmos. Quando os vejo, eles tinham uma caixa de presente nas mãos.

Levanto-me, e pergunto se é pra mim. Eles balançam a cabeça positivamente, minha mãe tinha seus olhos cheios d'água.

A caixa era preta, com flores amarelas e estava fechada com um grande laço vermelho. Desamarro o laço e abro a tampa extremamente bem trabalhada nos desenhos de flores. Me deparo com vários embrulhos, fiquei mais empolgado ainda.

Pego um menor, tinha certeza que era um CD (eu amo colecionar discos físicos dos meus álbuns favoritos), abro e vi que era o disco "Melodrama", da Lorde, fiquei muito feliz pois queria muito incluir este na minha coleção.

Agradeço e vou para o próximo embrulho, que era um pouco maior. Era um livro. Era "O Hobbit", eu já o li, mas peguei emprestado, mas sempre o quis na minha estante ao lado da minha trilogia do Senhor dos Anéis. Agradeço.

Pego outro embrulho, não fazia a mínima ideia do que seria o conteúdo deste. Quando eu o peguei meus pais seguraram um na mão do outro, parecia ser o mais empolgante. Abri, e vi um embrulho novinho do meu tão desejado iPhone 8 Plus. Gritei "AI MEU DEUS NÃO ACREDITO!". Meus pais riram muito, eu senti uma empolgação enorme, não podia crer que me deram algo assim de presente. Sempre desejei este telefone, mas eu estava juntando dinheiro pra eu mesmo comprar. Eu tinha uma renda com a pensão do meu pai e também sabia muito de informática, então fazia alguns serviços pra muitas pessoas, o que me rendia uma boa graninha no fim do mês.

- Você merece, meu filho - diz o meu pai.

- Muito obrigado de verdade - dou um abraço nos dois.

- Ei, tem mais um ali na caixa - confiro e vejo um saquinho plástico, pego-o e desamarro o laço que prende sua abertura. Vejo colares, despejo-os na minha mão, eram quatro iguais, folheados a ouro e tinham uma ponta, como um triângulo, mas era um quadrilátero, com um bico agudo preso na corrente e outro mais aberto na outra extremidade.

- Não entendi - sigo, com sinceridade.

Meu pai emenda os colares, que formam uma estrela de quatro pontas.

- Uma estrela? - pergunto.

- Uma bússola. Cada um de nós usará uma ponta, somos pedaços separados que unidos se tornam uma orientação da vida, uma união. Pedaços distintos, porém presos entre si por uma conexão que transcende todas as outras, o amor. Escolhi a bússola pois ela orienta. Família é uma orientação.

- Achei lindo, mas nós somos três, pai - falo com um pouco de receio. Será que ele não percebeu esse detalhe? Não é possível.

Ele põe-se do lado da minha mãe, segura sua mão. E ela acaricia sua barriga.

- Não acredito! Mãe você está grávida? - uma felicidade sem igual toma conta de mim, eles vem correndo me abraçar e lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Eu sempre quis um irmão, ou uma irmã.

Sem dúvida, melhor aniversário de todos.

Dona Mônica chegou, me desejou feliz aniversário e se lamentou por não ter conseguido vir à minha festa, pois ela estava viajando. Ela trouxe uma miniatura da torre Eiffel, uma das estruturas que eu mais amava no mundo. Ela tinha um botão embaixo, que acendia uma luz que dava um aspecto lindo à miniatura.

- Eu amei! Muito obrigado! - dei um forte abraço nela, e meus pais estavam já chamando pra irmos.

Saímos animados para o almoço. Meu pai fez reserva no meu restaurante favorito da cidade, onde tinha opção de comida japonesa, que eu amava. Comi um belo prato. Estávamos cheios. Pagamos a conta e fomos ao cinema, meu lugar favorito da cidade.

Quando o filme acabou, já eram quase 16h. Voltamos para casa. Quando chegamos, Dona Mônica já havia terminado a faxina, tudo estava brilhando. Minha mãe agradeceu, pagou-a e ela foi embora.

Dona Mônica levou meus presentes pro meu quarto, peguei meu novo celular, pra já trocar com o meu atual. Fiz algumas configurações, baixei meus aplicativos, deixei alguns álbuns e playlists baixando no meu spotify e fui pro WhatsApp conversar com Sophia, minha melhor amiga.

"Oi mana! Vamos no parque hoje?", eu comecei, ela já lê a mensagem, e responde.

"Hey gatinho, vamooooss simmm!!. Que horas?", ela responde.

"Agora!", eu digo.

"Agora? Deixa só eu ficar bem garota bonita que a gente vai. Vem aqui pra casa que podemos ir juntos", ela propõe.

"Ok, vou sair agora manaa", envio e já aviso meus pais que vou no parque com Sophia, eles pedem pra eu ter juízo e me divertir muito (eles dizem isso todas as vezes que eu saio com qualquer pessoa, ou até mesmo sozinho). Sophia mora a uns vinte minutos a pé da minha casa. Abro meu spotify, e deixo minha playlist "OS HINO" tocar no aleatório. Começa com "Bad Romance" da mãe Gaga e já fico querendo fazer a coreografia aqui mesmo no centro da avenida.

Chegando na casa de Sophia, ela já estava na porta me esperando.

- Inhai manaaa - eu digo, como sempre.

- Inhai vinhadooo - ela me da um beijo no rosto, eu retribuo.

Vamos caminhando pro parque.

Conto pra ela dos meus presentes, ela amou a idéia dos colares, do meu CD da Lorde (ela disse que ia me roubar), ela nem ligou pro livro, ela não gosta de Senhor dos Anéis, muito menos de O Hobbit. E, claro, ela ficou pasma com o iPhone. Eu não gosto de ficar mostrando minhas coisas, pois sinto um desconforto tremendo, parece que estou esfregando na cara dos outros, mas contei a ela por ser minha melhor amiga. E ela também tinha o iPhone 7, então nem liguei.

Por fim, contei tudo sobre o beijo.

Ela gritou no meio da rua. Ele também é crush dela. Agora ela perdeu as esperanças. Ficamos rindo por um tempo e fazendo piadinhas sobre isso, mas por fim, eu falo pra ela que estou muito apaixonado por ele.

- Ai eu shippo muito! Já é meu OTP - ela responde, super empolgada - queria que isso acontecesse entre mim e o Jonnathan - esse é o crush supremo dela. Ele estuda conosco (mas estamos de férias).

Enfim, chegamos ao parque. Andamos de carrinho, carrossel, montanha russa, roda gigante, tiramos fotos, comemos, rimos muito e, quando percebemos, já era 21h e minha mãe me liga. Ela diz que já está tarde, se quer que ela venha nos buscar, aceitamos a oferta.

Ela deixa Sophia na casa dela, e enfim, vamos pra nossa. Meus pais vão dormir, despedem-se de mim, e vão pro quarto. Eles levantam cedo amanhã pra trabalhar.

Tomo banho, visto meu pijama, arrumo minha cama, e abro a janela do lado da minha cama com vista pra cidade. Estava chovendo forte lá fora, trovões dominavam o céu. Eu amo dormir com chuva. Caio no sono rapidamente

...

Estou deitado no chão, em meio à vários destroços, com Isael de pé ao meu lado, com a testa ensanguentada.

- O que aconteceu? - ele olha pra mim, uma lágrima escorre no seu rosto.

- Karina está morta.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2018 ⏰

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