— Está melhor? — Perguntou Isael.
— Estou sentindo um frio na barriga muito forte, acho que vou desmaiar — respondi.
— O seu “eu” da realidade está acordando, fique deitado e tranquilo, cuidaremos de você — disse Karina, mas eu já estava quase perdendo a consciência.
...
— Bom dia meu anjo! — dizia minha mãe, me acordando com um beijo na testa. Sorrio para ela e pergunto as horas — 10h30, eu e seu pai estamos indo ao mercado, quer vir? — balanço a cabeça negativamente — ok, mas levante-se, vamos ter um ótimo dia.
Ela sai do quarto, escuto seus passos descendo as escadas e contando ao meu pai que eu não quero ir ao mercado. Levanto-me, escovo os dentes, tiro meu pijama, visto uma bermuda azul e uma camiseta vermelha do Homem-Aranha, coloco meu anel de prata no polegar da mão esquerda, minha pulseira com o símbolo da clava do sol e meu colar de tordo de Jogos Vorazes. Passo desodorante e perfume, penteio meus cabelos e penso: ok, estou lindo.
Desco as escadas, vou para a cozinha. Sinto o cheiro da rosca que eu amo do Rosé, em frente à minha casa, onde Pedro trabalha. Decido ir lá comprar uma.
— Bom dia — quem me atende é a moça da cozinha, mas Pedro brota do nada com seu lindo sorriso no rosto, e responde meu cumprimento antes de qualquer um. A moça vai para a cozinha e eu fico a sós com o meu futuro marido (amém? Amém).
— Como vai? Hoje é seu aniversário? — eu estava concentrado no movimento dos lábios dele, pensando em como seria incrível beijá-los. Mas, com esforço, capto sua pergunta e consigo responder.
— Estou ótimo. Sim! Faço 16 anos hoje.
— Está novo ainda — ele tem 19 — mas sinto que você já é bem maduro — ele ri — enfim, como posso ajuda-lo nesta manhã de domingo?
“Me beijando agora” (ai como eu queria ter dito isso).
— Quero uma rosca de chocolate, com cobertura granulada. A de sempre. Da grande, por favor — ele coloca suas luvas, escolhe a mais bela rosca da vitrine (que era a que eu estava de olho o tempo todo), e coloca no saco de papel grande, coloca este em uma sacola plástica branca e me entrega.
— Algo mais? — digo que não — ok, cinco reais — entrego a nota para ele, agradeço e dirijo-me para a porta — Raue? — ele diz, e meu corpo congela.
— Si-sim? — respondo.
— Pode parecer feio da minha parte, mas poderia me ajudar a carregar esta caixa para a dispensa no fundo da lanchonete?
— Claro — digo, colocando minha sacola em cima do balcão, indo em direção à caixa preta de plástico com alças nas laterais, seguro em um lado e nós a levantamos. Caramba, estava muito pesada mesmo. Nem quis saber o que tinha dentro, só observei os músculos no braço de Pedro.
A dispensa era um local escuro, tinha uma lâmpada, mas Pedro não a ascendeu, deve ser porque já estávamos de saída. Prateleiras cobriam as quatro paredes do cômodo, com muitas caixas nelas. Pedro se senta em um banquinho no canto e pede para eu me sentar ao seu lado, no outro banquinho que está ali. Obviamente, obedeço.
Eu me sentei há uma pequena distância dele, mas ele se aproxima mais de mim, de modo que as nossas pernas entram em contato. Sinto um calafrio tomando conta da minha barriga. Então, ele coloca a mão dele sobre a minha que estava em meu joelho.
— Eu percebo o jeito que você me olha — ai meu Deus, isso não pode ser real — sua mão está gelada, está nervoso? — ele beija a minha mão e fixa seu olhar em mim, mesmo com a pouca iluminação, podia perceber um certo brilho em seus olhos.
Ele vem se aproximando, até colar seus lábios nos meus. Sinto meu corpo pegar fogo. Eu mal consigo acreditar que isto está acontecendo. Ele me da uma bela de uma massagem na boca com seus lindos lábios avermelhados, carnudos e macios. Acabo me sentindo mais confortável. Ele coloca sua mão na curva da minha mandíbula, sinto o beijo ficar mais intenso.
Então ele para.
“aaahhh”, penso, decepcionado.
— Preciso voltar a trabalhar antes que a Gabi sinta minha falta. Ok? — aceno positivamente com a cabeça, ele me da um selinho. Nos levantamos e saímos da dispensa. Eu devo estar muito vermelho. Pedro se despede de mim com um aceno de mão e vai trabalhar. Pego minha sacola e vou embora.
Apaixonado.
Satisfeito.
Feliz.
Ah Pedro, eu gosto de você.

VOCÊ ESTÁ LENDO
WONDERLAND
AventureDURMA NA VIDA REAL, E ACORDE NA TERRA DOS SONHOS Onde tudo é perfeito (?) e onde alguns estão presos pelo resto da vida toda vez que vão dormir. Talvez nem tudo seja perfeito. DURMA NA VIDA REAL, E ACORDE EM UMA SEGUNDA VIDA Onde tudo é um mistéri...