Floresta das sombras - O Livro Negro - Volume I

7 - Samantha

Laken Woods - Dias atuais

O dia havia amanhecido estranhamente gelado. Para qualquer outra pessoa, em outro lugar do mundo, isso poderia ser normal, mas não em Laken Woods. Aqui sempre fazia calor. Mesmo que chovesse, mesmo que fosse, segundo os jornais, inverno.

Sempre fazia calor.

Nunca nos preocupamos em ter elegantes casacos de frio em nossos armários. As pessoas normalmente usavam roupas frescas. Para os homens nunca faltavam camisas polo e para as garotas, bom, dá pra imaginar as mini saias e micro camisetas. Nossa pequena cidade ganhava do clima quente da Califórnia sem pestanejar.

Então você pode imaginar a enorme surpresa que tivemos pela manhã quando o dia raiou, mas não havia sol.

O frio incomum realmente nos assustou.

Minha vizinha, a srª Anderson, uma idosa de 74 anos que algum dia na sua juventude foi uma famosa estrela de cinema, sempre foi muito gentil comigo. Seu único problema é que era terrivelmente misticista.

Mesmo muito antes da morte da Jenna, nas tardes que ela me convidava para comer seus típicos biscoitos de amendoim, vez ou outra dizia algo sobre como as sombras me cercavam. Nunca dei ouvidos aos seus comentários sem sentido, mas me lembrava perfeitamente do que ela havia dito no dia em que Jenna morreu.

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(Flashback)

Enquanto me servia uma bandeja com milk shake e biscoitos, observei um estranho colar em seu pescoço. Ela normalmente só usava seu hobby, mas naquele dia estava com um vestido, seu colo amostra deixando a vista o acessório diferente.

- Seu pingente é bem diferente, Srª Anderson.

Depois de pousar a bandeja na mesa, ela tocou devagar seu pescoço.

- É um amuleto muito antigo. Pertencia a minha mãe.

- Deve significar muito para a senhora.

- Sim. Quando eu era uma garotinha minha mãe me contou a história dele. Foi dado a nossa família séculos atrás. Como um presente de proteção. Desde então tem passado de geração a geração em nossa família.

- Proteção? Contra o quê?

- As sombras. Elas estão por aí, à espreita, sempre esperando para atacar. Infelizmente serei a ultima geração dos Anderson a carregar essa relíquia.

- As sombras? - dei um pequeno riso - Realmente acredita nisso? Quer dizer, algumas pessoas são simplesmente más.

- Como eu queria que isso fosse verdade, menina. As pessoas não nascem más, elas se tornam. As sombras esperam por brechas para entrar e infectar nossas vidas. Algumas pessoas lutam contra elas todos os dias, outras se deixam ser tomadas por essas forças.

Pensei em suas palavras. Mesmo não acreditando nisso, em parte até fazia algum sentido. Mas eu sabia, que dalí só surgiriam mais conversas sobre seres sobrenaturais, forças malignas e como elas me rodeavam, por isso decidi mudar aquela rota.

- Talvez. Mas por que você será a última geração dos Anderson? Não há mais ninguém da sua família?

Seu olhar gentil se transformou. Podia apostar que aquele brilho diferente em seus olhos era saudade.

- Eu tive uma filha, há muito tempo atrás. Mas ela morreu antes que eu pudesse entregar a ela o amuleto.

- Eu sinto muito.