Floresta das sombras - O Livro Negro - Volume I

9 - Alex

Laken Woods ⚊ Dias atuais

- Bom dia Srta. Alex. A Sra. Collins deixou isso para você.

Uma pequena caixa azul turquesa foi colocada pela Sra. Willians sobre o balcão a minha frente, enquanto seus olhos gentis me encaravam com expectativa.

Há uma semana quando tínhamos, subitamente, nos mudado para Laken Woods, minha mãe contratou-a para ser nossa "secretária do lar", ou como eu gostava de chamar, "substituta".

Não entendeu? Eu explico.

Desde que se casou com Jim e se tornou uma senhora rica, minha mãe havia começado o que eu chamava de substituição. Teve a Sra. Dikkins, a Sra. Fields, a Consuelo - que era mexicana e fazia umas comidas bem loucas -, a Sra. Benders - uma megera que me fazia levantar às cinco da manhã -, e agora era a Sra. Willians - cujo o primeiro nome era Marta -, que até agora tinha sido a melhor.

Por algum motivo todas antes dela pediram demissão pouco tempo depois de serem contratadas. Provavelmente Justin deve ter infernizado suas vidas e elas não aguentaram. Eu nunca soube exatamente o que havia acontecido, na verdade só ficava sabendo que elas haviam partido quando uma nova estranha ficava em seu lugar.

A verdade é que cuidar da casa não era o motivo verdadeiro pelo qual elas eram contratadas.

O verdadeiro motivo era eu.

Elas eram contratadas para fazerem por mim o que minha mãe não fazia desde a noite do incêndio.

- Ah, olha só que surpresa - falei com ironia.

Ela sempre fazia isso.

Em qualquer data em que os pais normalmente deveriam estar com seus filhos, dar apoio ou apenas marcar presença... Nesses dias, eu sempre recebia um presente.

De preferência algo bem caro e completamente inútil para mim.

Quer dizer, quem precisa da mãe quando se tem um exagerado colar de pérolas, não é?

- Não está curiosa para saber o que é, Srta? Geralmente essas caixinhas azuis são muito cobiçadas pelas jovenzinhas.

A voz de Marta me fez perceber que eu devia estar há algum tempo encarando a caixa. A expectativa em sua voz era evidente. O problema é que eu não era com as outras garotas da minha idade e nunca seria.

Em sua visão, eu era muito sortuda por ter uma mãe tão generosa como a minha.

Provavelmente dentro da caixa se encontrava uma jóia extremamente cara e horrorosa, mas tudo bem, as freiras do orfanato Saint'Madre ficariam muito felizes quando fizesse mais uma doação.

Devagar, desfiz o laço perfeito em volta da caixa e depois retirei a tampa.

Esperava encontrar um chamativo brinco de brilhantes ou mais um rídiculo colar de pérolas, no entanto, estava errada.

Completamente errada.

Minha boca se abriu em surpresa e meus olhos arregalados se encheram rapidamente de água.

Incerta sobre o que estava vendo, com cuidado, peguei a delicada correntinha na caixa. O pequeno pingente em formato de "J" pousando como uma borboleta, suavemente na palma da minha mão.

Lentamente, toquei em meu pescoço e de dentro da blusa puxei a idêntica peça que eu sempre usava.

Com as mãos tremendo, pus os pingentes lado a lado.

"J" e "A".

A semelhança dos detalhes das correntes que papai dera a mim e a Jonathan quando nascemos era impecável.