Capitulo Seis: "Amigos"

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Ian

Eu gosto da Sara, mas nesse momento senti que precisava me afastar, nunca senti uma conexão tão forte com alguém como o aconteceu com ela a poucos instantes na cozinha. Ela é linda e foi muito natural essa atração, mas que bom que fomos interrompidos senão acho que a agarraria na cozinha mesmo com minha irmã e a "Mel" lá. Eu não estou pronto para outro relacionamento, a Cristal já me deixa louco e eu nem conheço a Sara direito, mesmo meu pai falando tanto dela para mim.

Meu pai é um romântico incurável, ele sempre quis que eu namorasse a melhor amiga da minha irmã, ele dizia que ela era perfeita para mim e que no momento que a visse me apaixonaria. Ele era tão insistente quanto a isso que eu acabei me afastando, nunca saía com eles e sempre inventava uma desculpa para não vê-la, só que o destino com certeza é uma mulher de TPM, e por acidente, literalmente, me bati com ela e agora ela não sai da minha cabeça. E olha que a conheço a menos de vinte e quatro horas, a solução mais rápida para isso é nos tornarmos amigos, amigos e nada mais.

Vou em direção à cozinha, recolho os cacos de vidro e passo o esfregão no chão, volto para a área de serviço, ponho tudo lá e lavo e seco minhas mãos. Quando estou saindo da cozinha vejo a Sara carregando sua bolsa nos ombros e a sacola de roupas em sua mão. Não tinha reparado em sua roupa, a sua calça jeans era tão justa que torneava suas perfeitas pernas e a camiseta branca era um pouco transparente então deu pra ver o tom rosa de seu sutiã. Eu tinha que parar de repara em tudo nela!

- Aonde você pensa que vai? - Perguntei.

- Oh, hum... Eu vou para casa, pensei em chamar um táxi. - com certeza ela esperava que eu não a visse sair.

- Pensei que já tínhamos combinado que eu a levaria para o trabalho, você entregaria o atestado e depois pegaria o seu carro e iria para casa.

- Me desculpa é que eu não queria incomodar mais.

- Já disse que não me incomoda, é o mínimo que poderia fazer por você. - Ela olhou para o chão e mordeu o lábio inferior pensativa. Ela com certeza não sabia o efeito que aquele pequeno gesto causava em mim, senão não o faria por perto.

- Por favor! - pedi.

- Tudo bem. - Soltei o ar que não sabia que estava prendendo e fui até ela retirar a bolsa de suas mãos. Abri a porta da frente para que ela pudesse sair e fui logo atrás dela. O motorista me viu saindo e trouxe o meu carro, depois de acomodá-la e guardar suas coisas fui para o banco do motorista e saí pelo portão principal em direção à estrada para a cidade.

Ela estava muito quieta, e a tensão era tão palpável que dava pra cortar com uma faca. Eu tinha quase certeza que ela estava repassando o que tinha acontecido na cozinha, então para quebrar o clima perguntei:

- Você está se sentindo melhor?

- Sim, estou só com um pouco de dor nas costas, mas nada tão insuportável.

- Já tomou o remédio?

- Já sim, logo que acordei.

- Tem certeza que pode ficar só hoje? Eu posso pedi para remarcarem todos os meus compromissos de hoje.

- Não precisa, já fez muito por mim, muito obrigada mesmo, foi muito gentil de a sua parte cuidar de mim durante essa noite, e eu gostei da surpresa que tive hoje pela manhã. - Ela disse se referindo a descobri que sou o irmão da sua melhor amiga. - É bom saber que não vamos perder o contato.

- Claro que não, talvez até nos tornemos amigos. - Vi seu semblante cair. - Com certeza gostaria de vê-la mais vezes. - Ela sorriu, e meu coração inchou, eu percebi naquele momento que eu faria tudo pra vê-la sorrir sempre.

Sara

Quando chegamos ao estacionamento da empresa Ian me ajudou a colocar as minhas coisas no meu carro e se despediu com um abraço cuidadoso e um casto beijo em minha testa, quando se afastou ele sorriu, entrou em seu carro e foi embora. Foi estranho, como se ele fosse um amigo achegado dando adeus, invés de alguém que eu tinha acabado de conhecer, pelo menos nós ainda nos falaríamos pelo celular já que ele insistiu em ter o meu numero para ligar e se certificar de que eu estaria bem. Ele também ficou de me levar à revisão que seria daqui a quinze dias, com a desculpa de que gostaria de saber se ele fez muito estrago em mim.

Eu tinha que levar o meu atestado para o RH, e não queria falar com meu pai hoje, então fiz isso o mais rápido possível e depois fui pra casa. Quando entrei coloquei minhas coisas no quarto e deitei na cama para assistir um filme.Esse seria um longo fim de semana, eu não tinha parado para pensar que eu estava solteira e então não teria planos para o fim de semana. Isso me deixou desanimada, eu teria que pensar em algo. Eu só tinha a Lucy de amiga, claro que conhecia outras pessoas só que minha vida é muito normal, só trabalho durante a semana e namoro no fim de semana, quer dizer, namorava, agora vou ter que arranjar algo para me distrair. De repente o telefone toca e quando vejo o visor é meu pai, eu não estava a fim de vê-lo, porém com certeza ele ficou sabendo do atestado e deve estar preocupado.

- Olá pai.

- Sara minha filha, o que houve com você? O Rh acabou de me avisar que você entregou um atestado de dois dias, você não acha que eu deveria pelo menos saber o motivo?

- Pai, eu estou bem, foi apenas um acidente. Fui atropelada pelo irmão da Lucy quando estava indo buscar meu carro, mas a culpa foi minha, eu estava distraída.

- O que me incomoda minha filha, é você não ter ligado pro seu pai para avisar o que te aconteceu...

- Pai, eu já disse que estou bem, se não estivesse você saberia, notícia ruim é sempre a primeira a chegar. - Meu pai tinha de parar de querer controlar a minha vida, já estava cansada de todos os meus passos serem planejados por ele e pela mamãe. - Eu estou cansada agora, acabei de tomar um remédio e vou dormir, mais tarde te ligo pai.

- Na verdade, não sei que horas estarei disponível para atender ao telefone, vou estar em uma reunião para fechar aquele contrato do condomínio perto do lago, mas eu queria mesmo que você fosse jantar com sua mãe e eu no sábado. Dependendo da resposta de hoje o jantar será de comemoração ou de consolo.

- Estarei lá, prometo!

- Então até lá Sara.

Depois de desligar, fui ao banheiro, tomei um remédio para dor e depois voltei para a cama, eu realmente estava muito cansada, então acabei dormindo.

...

Quando acordei eram duas horas da tarde, minha barriga roncava de fome e eu não tinha feito nada para comer. Quando peguei o telefone para ligar para um restaurante Delivery ouvi batidas em minha porta e quando abri dei de cara com o Caleb e o Jacob com alguns sacos de comida japonesa em suas mãos. Eu e meus irmãos tínhamos um relacionamento muito bom, e com certeza eles souberam que eu estava debilitada e quiseram me bajular como sempre faziam.

- E ai maninha? - Disse o Caleb, me abraçando. Enquanto isso o Jacob levava a comida para o balcão da cozinha e pegava os pratos para nós. - Quem foi o idiota que te atropelou pra seus irmãos darem um jeito nele? - Completou em um tom brincalhão.

- Ei, a deixa respirar, ela acabou de voltar do hospital e você está apertando ela! - gritou o Jacob enquanto colocava os pratos já pratos na mesa e voltava para cozinha para pegar os copos.

- Desculpa maninha. Fiquei preocupado com você, nunca mais nos dê um susto desses, o papai ficou uma fera quando o RH ligou e nos fez adiar tudo o que tínhamos hoje para cuidarmos de você. - o Caleb realmente estava preocupado, ele me olhou por inteira só para ter certeza que estava bem.

- Tudo bem rapazes, não fiquem assim. Na verdade a culpa do acidente foi minha... - e pela terceira vez naquele dia eu contei o que aconteceu. Enquanto isso nós comemos e depois paramos para assistir um filme em meu quarto, deitados na minha cama king. Sempre fazíamos isso quando um de nós estava doente quando éramos pequenos e isso não mudou. Meus irmãos são meus melhores amigos homens, na verdade são os únicos amigos homens que eu tenho.

Quando pensei nisso me lembrei do que o Ian disse, ele queria ser meu amigo. Será que eu conseguiria?

SE ELE FOSSE MEU - Série: The Smith's - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora