Capítulo 1- Meu novo "Acolhedor"

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Infelizmente meu mais recente acolhedor esta em estado critico, irá morrer em breve de velhice, eu gostava dela, era uma senhora idosa que me acolheu no penúltimo inverno, ela se chama Clarice e me alimenta das mais deliciosas comidas árabes, eu não preciso comer, isso é uma certeza, mas quando eu me alimento fico com um aspecto melhor, meu pêlo brilha e também é fácil para disfarçar, onde já se viu um animal não comer? E além do mais, eu adoro comer! Comida humana é claro, tem algumas rações que são exceções por não ser tão ruins quanto parecem... Clarice não me dava ração porque eu comia a comida dela sem passar mal então estava tudo certo.

Eu fui para um beco, era afastado da cidade e um ótimo local para se viver sem o alcance de humanos, sinceramente não quero ir parar em uma casa com crianças, nem ficar muito no centro com todos aqueles barulhos, por mais que eu seja gato durante muito tempo o barulho sempre me incomoda, eu não consigo me acostumar com esse sexto sentido dos gatos.

Estava comendo, quando me engasguei, comecei a emitir uns sons estranhos de natureza felina, estava distraído demais tentando me desengasgar que não percebi que estava preso em uma rede, ótimo era o que faltava ser pego pelas clínicas que ajudam animais. Fui levado até uma gaiola com outro dois gatos, o cheiro forte de urina era sentido a quilômetros, tentei destravar a gaiola, mas foi em vão, decidido em esperar aquele estúpido humano voltar eu comecei a berrar, parecia que estávamos em uma estrada toda esburacadas o veículo estava chacoalhando para um lado e para o outro e cada vez mais aumentava a velocidade deixando os impactos maiores, não parei de miar ate minha garganta começar a ficar seca e meus miados a sair roucos, depois do que pareciam duas horas de viagem o veículo parou, apenas para abastecer e continuou a viagem, não sei por quanto tempo mais ficamos chacoalhando até eu escutar os irritantes sons da cidade que me irritam, não consigo ter paz nessa desgraça que é o mundo!

Ao sair de uma gaiola fui parar em outra, onde depois de alguns minutos recebi água e ração, bebi um pouco de água para amenizar a ardência de minha garganta, depois uma mulher de jaleco veio à frente da gaiola conversando comigo.

-Oi garoto! Nos vamos encontrar um lar pra você! Amanha temos visitas... Vamos te examinar?

Ela disse abrindo a gaiola e me amarrando uma focinheira, ela me pegou no colo e eu cravei minhas unhas nela, para minha infelicidade ela estava de luvas evitando o contato de minhas unhas com a sua pele, fui levado para outro cômodo e já sabia o que iria acontecer se eu não fugisse, ela iria me vacinar e me dar banho para eu ficar apresentável, eu teria que fugir, mas não vejo como, fui segurado por outros veterinários que me acariciavam enquanto eu grunhia de pura raiva, senti a agulha penetrando minha pele e não pude evitar de dar um miado histérico, ser imortal não significa não sentir dor, pelo menos não pra mim, eu sinto dor quando eu supostamente era para morrer, mas depois de um tempo eu melhoro sem nenhuma sequela, acho que fui espetado três vezes, cortaram todas as minhas unhas deixando minhas garras menos potentes, me deram banho e em seguida voltei para uma gaiola limpa onde passei a noite, andava de um lado para o outro achando um meio de escapar, o que acho ser impossível, essas trancas são reforçadas e sem a ajuda de minhas unhas não consigo fazer quase nada.

O dia seguinte se passou por visitas atrás de visitas, eu espantava todas para longe de mim, geralmente eram crianças que se assuntam rápido, tinha pessoas que nem mesmo chegava perto de mim por eu ser preto, se eles me sacrificarem de novo eu prometo que vou jantar um humano, eu já fui sacrificado uma vez e é horrível; parecia que as pessoas estavam indo embora e o cansaço me dominava, me enrolei em uma bola de pêlo e dormi, escutei vozes se aproximando e nem dei muita atenção deve ser os veterinários, meu vizinho de cela estava ronronando feliz da vida que estúpido eu escutei uma risada e depois fui tocado e no mesmo momento pego no colo.

-Você é tão lindo! E preguiçoso vamos nos dar bem. Posso levar esse?

-Sim... Ele é um pouco agressivo, mas é só quando esta com medo...

Disse a veterinária e eu lhe mandei um olhar de morte, minha cabeça estava sendo acariciada por uma mão quente e grande me impedindo de ver a pessoa que me segurava fui posto novamente em uma gaiola, essas de viagem enquanto um garoto se sentou de costas pra mim, seu cabelo era loiro, evidentemente falso, dava para ver sua raiz castanha, ele não era muito alto e vestia roupas normais de adolescente, não vi seu rosto então não consegui lhe aproximar de nenhuma idade, fecho meus olhos irritado pela claridade das luzes florescente me causavam.

-Seus pais autorizaram você levar um gato?

-Eu moro sozinho...

-Oh, desculpa.

Ela disse após folhear algumas páginas, eu não entendi muito bem, e também nem queria, depois de eles conversarem sobre as supostas coisas que eu gosto e que eu não gosto, o garoto que descobri chamar Niall pegou na gaiola e nos dirigimos para uma bicicleta pressa ao poste, não, não vamos andar nisso!

-As pessoas vão nos achar estranhos, mas problema delas vai ser divertido!

Ele disse amarrando a gaiola onde eu estou dentro na garupa da bicicleta e subiu em cima dela, começou com pedaladas lentas e foi ganhando velocidade enquanto percorria apressadamente pelos carros, eu estava me sentindo tonto e enjoado, depois de varias paradas bruscas em semáforos finalmente chegamos à casa do garoto, ela tinha uma decoração antiga e comecei a me sentir a vontade com isso, fiquei explorando a casa enquanto ele tomava banho, deitei no sofá esperando ele voltar para poder observá-lo, esse garoto seria meu novo acolhedor.

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