SERIAL KILLER

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ATENÇÃO!!!
Este conte está em degustação e é um spin-off de Baby, Don't go. Para ler tudo, o e-book está disponível na Amazon por R$ 2,99 e também no KindleUnlimited. O link está no meu perfil.

...

A jukebox no canto do salão parecia abandonada. Uma mistura vermelha e roxa de luzes neon a destacavam do restante da decoração de madeira escura, a tornando visível mesmo quando corpos suados e bêbados cobriam a passagem até ela. Música era tudo o que importava para a máquina que, há anos, colecionava histórias. Todas as noites ela estava ali, apenas observando, testemunhando e cooperando, ajudando estranhos a se conhecer ou bêbados a sofrer com melodias significativas.

Mas não naquela noite.

O bar estava silencioso na primeira sexta feira de novembro de 1987. Dez pessoas, talvez menos, espalhavam-se pelo salão, se dividindo em mesas de sinuca. O balcão de bebidas tinha apenas um convidado, o forasteiro. Um cara de fora da cidade que andava aparecendo nos últimos dias, sempre pedindo da mesma bebida e nunca falando nada.

O salão tinha cheiro de madeira e álcool, além de ser úmido. Estava quente, mas ninguém parecia se importar. A cerveja curava tudo, até o calor.

Atrás do balcão estava Helena. O sorriso dela em muitas noites era o que iluminava o Bar do Bill, como se não houvesse vida sem a sua presença. Todos gostavam da bartender, porque ela era uma figura conhecida. Trabalhava ali desde os catorze anos, quando o pai assumiu o negócio do avô, e continuou depois que ele morreu. Ela não era a dona, muito pelo contrário. Vendeu o bar assim que teve a oportunidade, mas pediu para continuar trabalhando nele.

Helena queria viajar pelo mundo e conhecer todos os lugares possíveis e, ficasse com o bar, teria amarras e motivos para não partir.

— Não vai querer mais nada?

O forasteiro sentado no balcão demorou para perceber que Helena falava com ele. Os olhos bicolores do rapaz passaram do copo de vidro para o rosto bonito da mulher, em dúvida. Ainda tinha metade da cerveja.

— Não. Estou bem.

Helena levantou uma sobrancelha.

— Talvez algo mais forte — sugeriu.

Uma risada baixa escapou dos lábios do forasteiro. Talvez sua imagem tivesse passado a mensagem errada: sozinho, quieto em um canto do balcão. Poderia estar com o coração partido ou até sido roubado, qualquer coisa terrível que justificasse seu estado de espírito em um bar tão animado.

— Estou bem. Cerveja é bom para almas cansadas.

Helena piscou para ele.

— Se mudar de ideia, me chame. Farei a especialidade da casa para te animar.

O sorriso de despedida, antes dela voltar para o meio do balcão, foi gentil. Helena era gentil. O tipo de gentileza que não se via em bares invadindo noites frias, em pessoas bêbadas jogando sinuca. Não havia malícia em suas palavras, como se quisesse o bem de tudo e de todos, como se soubesse de uma verdade absoluta sobre a inocência do mundo.

O forasteiro terminou a sua cerveja. Intrigado com Helena, decidiu aceitar a oferta sobre a especialidade da casa. A mulher ficou feliz quando viu a mão levantada, andando até o desconhecido com aquele mesmo sorriso no rosto. A diferença era que agora havia um quê de diversão, como se soubesse o tempo todo que ele mudaria de ideia.

O forasteiro não se importou. Gostava dela.

— Você está na cidade a trabalho?

Helena batia alguma coisa no liquidificador ligado em uma bancada atrás do balcão de clientes. Nem mesmo olhava para o que estava fazendo, obviamente acostumada ao trabalho. Sua atenção estava no novo colega, o objeto de estudo da noite.

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