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— O objetivo do trabalho é fazer com que vocês desenvolvam um olhar artístico na natureza. Pensando em não deixar ninguém fazer sozinho, dividi vocês em trios.
E então, ela entregou um papel para alguns alunos da sala.

Eu, Jeno e Haec (como preferíamos chamá-lo) seríamos um trio desajeitado tentando tirar fotos de plantas por aí.

Penso assim porque conheço Haec muito bem, somos amigos faz um bom tempo, e ele é um tanto quanto desajeitado nas coisas que faz. O único que não sou íntimo é Jeno. Ou tento não ser. Eu já conversei muito com ele em anos anteriores, mas me afastei. Não que eu tenha alguma coisa contra, pelo contrário, ele é uma boa pessoa. Só acho que as coisas estavam começando a desandar quando ficávamos muito tempo juntos.

Ainda treino basquete com ele, mas evito conversas longas depois de jogarmos, e vou logo para casa.

Quando ele foi percebendo que eu não falava com ele como antes, parecia bem chateado.

Porém, se acostumou. Nós crescemos, amadurecemos e a escola ficou cada vez mais difícil. Isso o ajudou a me esquecer um pouco. Nem temos mais tempo para fazer as coisas como fazíamos antes, e os adultos só nos alertam sobre vestibular.

Não que eu passe o dia todo estudando, mas, após cumprir minhas obrigações, fico cansado, e só preciso de descanso.

Haechan me olhou de lado, rindo. Idiota. Mas, de qualquer forma, alguma hora, eu iria ter que conversar de verdade com Jeno.

— Se reunam no intervalo para decidirem melhor como farão este trabalho — a professora disse, rompendo meus pensamentos — Lembrem-se que vale 40% da nota deste trimestre.

🌿

Minutos depois, o sinal bate, e nos dirigimos para a biblioteca. Haec chamou Jeno e eu apenas segui os dois. Sentamos no final do local, em uma mesa pequena. Ás vezes eu espirrava por conta da sujeira ali. Acho que ninguém se deu ao trabalho de limpar esses livros empoeirados pelo menos nesse ano.

— E então, aonde vamos tirar essas fotos? — Haec perguntou.

— Eu conheço um lugar legal — Jeno pronunciou-se, olhando para mim.

— Para mim tanto faz — Respondi apreensivo.

— Fica no meu bairro — ele continuou — É como uma reserva natural. Só teremos que subir no "morro" para chegarmos até lá, mas não é perigoso.

— Mas...

— Vamos sim — Hyuck cortou minha fala rapidamente, como se não quisesse que eu opinasse (outro apelido para Donghyuck, ou Haechan. Existem diversas variáveis de apelidos nos quais posso chamá-lo, segundo ele: "Tudo, menos Donghyuck")

Haec me olhou de um jeito, que eu sabia que se por acaso negasse, ele ficaria bravo. O conheço. Ok, dessa vez iria tolerá-lo e fazer um esforço para que ele fique feliz sem precisar me implorar por algo tão simples. Um pouco infantil? Talvez.

— Vejo vocês em frente da minha casa amanhã, pode ser?

— Para mim tanto faz — respondi novamente.

— Pode, Jeno. Duas horas ou mais cedo? — Hyuk respondeu-o

— Duas horas está bom para mim. E para você, Jaemin?

— Pode ser.

Levantamos e saímos dali o mais rápido possível. Eu não aguentava mais ficar fungando e coçando meu nariz, que já estava todo vermelho.

Acrofobia • Nomin Onde histórias criam vida. Descubra agora