Capítulo 01

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     Anos depois da Batalha de Nova Iorque.

    
Minha perna continuava inquieta enquanto minha mãe dirigia em direção a algumas faculdades, hoje seria o dia que eu escolheria e seguiria o meu destino seja como for.
    
Naomi, minha mãe, riu ao meu lado com os olhos grudados na estrada.
    
- Ansiosa, Sabine? - perguntou o óbvio e eu revirei os olhos.
    
Estava tão ansiosa para o meu destino que sentia que a qualquer perguntinha besta eu iria responder com uma patada, e Naomi não estava cooperando nem um pouco comigo com suas perguntinhas de respostas óbvia. Resolvi ficar calada com medo de responder, gerar uma discussão e atrapalhar o nosso destino.
    
- Edgar iria adorar estar com a gente nesse momento. - sua expressão repentinamente mudou para uma tristeza evidente.
    
E ela tocou no nome dele. Tocou no nome do meu padrasto que preferiu um suicídio ao invés da gente. Eu o amava, sentia sua falta e queria que ele estivesse aqui, mas a verdade é que eu ainda continuava magoada pela sua decisão e não sei se essa mágoa sumiria algum dia.
    
- Por favor, mãe. - pedi mordendo o lábio enquanto continuava inquieta.
    
Suas mãos apertaram o volante, mas seus olhos continuavam grudados na estrada. Ela estava tensa e eu sabia disso. Entramos em uma avenida movimenta e aquilo me deu agonia.
    
- Sabine, quando você vai perdoar seu pai? Você não pode o odiar mesmo depois da morte. - ela indagou suspirando.
    
Sentia que aquilo traria discussões. Eu estava inquieta e ansiosa, não aguentaria assuntos que não me interessavam.
    
- Ele não era meu pai, era meu padrasto porque meu pai verdadeiro morreu em um acidente enquanto ia para o meu nascimento no hospital. E mãe, ele não podia ter se matado, mas olha, ele fez e isso mostra que eu posso fazer o que eu quiser. - respondi séria.
    
- Sabine, ele era seu pai! Ele que te criou desde pequena. - ela gritou.
    
Suspirei fundo tentando me acalmar, mas eu sabia que nada iria adiantar pra me fazer acalmar, minha mãe tinha acabado de começar uma discussão.
    
- Mãe, você não pode estragar esse momento. Esse momento é meu! - gritei.
   
Aquilo era discussão na certa.
   
- Era pra ser do seu pai também!
   
- Eu não quero que você fique falando dele agora. - falei segurando as lágrimas. A ansiedade e a mágoa estavam explodindo dentro de mim.
    
- Era pra ele estar junto com você agora, me ajudando a te dar apoio, mas eu estou fazendo isso sozinha! - ela cuspiu as palavras.
    
- Era, mas ele não está porque preferiu a morte do que estar aqui com a gente e a culpa não é minha se seu marido não a amou o suficiente pra estar aqui te ajudando nessa difícil missão! - gritei e já sentia as lágrimas rolando pelo meu rosto.
   
Quando direcionei meu olhar a ela, eu vi que ela estava prestes a explodir e então ela explodiu. Em meio a uma avenida minha mãe explodiu em lágrimas, murmúrios de decepções e tristeza e então tudo aconteceu como em um filme.
    
A chuva que antes era leve começou a cair mais forte, minha mãe que chorava como se fosse o fim, perdeu o controle do volante em um dos surtos de desespero, o carro escorregou para a outra pista, um caminhão buzinou, eu gritei, minha mãe tentou recuperar o controle, mas era tarde demais. O caminhão se chocou contra nosso carro e nos jogou pra fora da pista, eu apaguei.
    
Despertei lentamente com luzes e barulhos de ambulância, quando virei o rosto percebi que nosso carro estava de ponta cabeça. Ergui minha mão e busquei pela da minha mãe, quando a encontrei, segurei firme e a apertei tentando passar segurança e eu só pode pensar que era ele, Edgar, que deveria estar fazendo isso e não eu.
    
- Mãe! - chamei balançando sua mão, por mais que a minha estivesse doendo.
    
Ela apertou minha mão e aquilo foi um alívio misturado com dor, sua cabeça virou lentamente para mim, sua testa sangrava e o sangue escorria pelo seu rosto, seus olhos estavam marejados.
    
- Filha, me desculpe. - ela pediu e eu fiquei completamente perdida. Seu fôlego era pouco e ela lutava pra terminar a frase. - Por todos esses anos, me desculpe. - ela sussurrou.
    
Sentia o desespero tomando conta de mim, será que ela pensava que seria seu fim?
    
- Mãe, não fala nada. - sussurrei.
    
- Nã... Não... - ela disse sem fôlego, suspirando para continuar. - Me desculpe por mentir todos esses anos. - sussurrou e apertou mais uma vez minha mão. - Sabine, minha filha. - lágrimas escorriam pelo seu rosto e misturavam com o sangue dos pequenos cortes. - Eu menti pra você. Seu verdadeiro pai não morreu em um acidente, seu verdadeiro pai é... é... É Tony, Tony Stark. - ela sussurrou e fechou os olhos enquanto suspirava.
    
Os socorristas se aproximaram e o barulho da multidão curiosa inundou meus ouvidos, ouvi murmúrios dos socorristas, barulhos, luzes, palavras de confortos prometendo que nós ficaríamos bem. Fechei meus olhos me entregando a exaustão enquanto minha mente repetia "Tony Stark".
    
- Salvem ela. - ouvi Naomi implorando, antes de eu apagar por completo.

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