Capítulo 03

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Um mês depois...


A nossa recuperação passou rápido, passamos um tempo no hospital e depois o resto dela foi em casa. Eu e minha mãe ajudamos uma a outra nessa recuperação, já que a única pessoa que nós ajudava era Cecília, a única irmã de Edgar, e é claro que ela também tinha uma vida e não poderia ficar o tempo todo cuidando de nós. Nesse tempo Naomi ficou mais mansa comigo, talvez por vergonha de ter escondido a verdade de mim durante dezoito anos, mas também desconfiei que toda aquela mansidão era um pedido mudo pra mim desistir da idéia de falar com Anthony, mas disso eu não desistiria.

Quando já estávamos recuperadas e bem, Naomi começou a me enrolar, desviar o assunto quando eu lembrava de Anthony, perdi a paciência e nesse dia fiz um escândalo jogando algumas verdades, mais uma vez ela chorou e por fim cedeu.

Ela mexia nas coisas de Edgar que insistiu em guardar como lembranças e era um monte de tranqueira, mas então algo que preste surgiu no meio daquilo; um notebook empoeirado. Com toda calma do mundo ela se sentou ao meu lado e tirou o excesso de poeira do notebook, ligou ele e minutos depois estávamos fazendo uma chamada de vídeo, quer dizer... Eu estava, ela simplesmente entregou o notebook e se afastou para não aparecer na tela.

Tony atendeu a chamada de vídeo com um sorriso nos lábios - pelo o que Naomi me disse, a última vez que eles se viram, que foi a distância, foi no enterro de Edgar que eu não participei por estar passando mal, e ele não acreditava que Edgar realmente tinha se matado. -, mas seu sorriso logo desapareceu ao me ver, talvez ele esperasse que fosse Edgar. Agora, cara a cara com Anthony por uma chamada de vídeo, eu não sabia o que dizer e ele esperava por alguma pronúncia minha.

Minha mãe notou que eu estava paralisada e sorriu com isso.

- Olá... - Anthony disse levantando uma taça na tela como comprimento. - Imagino que seja uma fã pela paralisia de repente. - ele sorriu. - Mas esse aparelho que você está usando é de Edgar, você o conhece? Filha dele talvez? Mas vocês não se parecem... Edgar não era tão bonito assim pra ter uma filha dessas.

Naomi no fundo do quarto fez uma careta com aquelas palavras. Engoli em seco e suspirei fundo tentando dizer algo que estava preso na minha garganta.

- Olá Anthony. - falei lentamente e ele me interrompeu.

- Olha, ela fala. - falou ironicamente e bebericando o líquido da taça.

Suspirei fundo pra não xingar aquele convencido, ele era o meu herói e além disso era o meu pai.

- Me chamo Sabine, Sabine Starlook. - eu disse me apresentando.

O rosto de Anthony foi tomada por uma expressão de curiosidade com lembranças.

- Starlook... Não me é estranho. - mais uma vez interrompeu minha apresentação.

Minha mãe que observava tudo do outro lado do quarto em silêncio, revirou os olhos e veio andando na minha direção com passos firmes, se sentou ao meu lado e tomou o notebook em suas mãos.

- Anthony Stark! - ela grunhiu sem paciência. - Você não sabe ficar calado enquanto os outros falam com você?

Os olhos de Tony se arregalaram ao ver Naomi, mas um sorriso malicioso logo tomou seus lábios.

- Naomi. - disse ele ainda sorrindo. - Continua explosiva comigo.

Naomi bufou de raiva e suas bochechas tomaram um tom avermelhado de raiva encarando Anthony.

- Anthony Stark, me ouça e isso não é um pedido, seu velho tagarela e convencido.

- Bom, nós dois somos velhos ou você ficou alguns anos mais nova ao invés de envelhecer? - falou rindo. - Você pode ter ficado velha, mas continua em boa forma... Uma ruiva muito atraente.

Ela gritou de raiva e teve o impulso de quebrar o notebook, mas se conteve.

- Anthony... - ela disse respirando várias vezes para manter a calma. - Tenho algo importante para te falar. Sabine - ela apontou pra mim. - Minha filha também é sua. Sabine é a sua filha, Stark.

A taça de Anthony se espatifou no chão e ele saiu do choque só quando ouviu o barulho, sua boca continuava aberta encarando minha mãe e eu.

- Como eu posso ter certeza disso? - ele indagou com os olhos fixos em mim.

- Faz quase dezenove anos que nós fomos para cama em uma de suas festas. Sabine, diga quantos anos você tem - ela explicou.

- Eu tenho dezoito. - revelei encarando Tony.

- Mas você pode ter ido pra cama com outros homens, Naomi. A idade dela não é uma certeza.

Agora era eu quem estava ficando com raiva de Tony, era só ir no óbvio.

- Sabe um negócio chamado DNA, Anthony? Nós podemos fazer. Simples assim, entende? - explodi e ele arregalou os olhos.

Logo ele riu.

- Esquentada como a Naomi. - ele disse rindo. - DNA... - repetiu lentamente. - Não custa nada fazer, ainda mais quando é uma amiga que diz ter engravidado de mim a quase dezenove anos atrás. A onde nos encontraremos senhoritas Starlook's?

- Na ponte do Brooklyn daqui meia hora. Não se atrase, Anthony Stark. - Naomi respondeu e fechou a tela do notebook antes mesmo que Tony pudesse responder.

Olhei pra ela, seus olhos mostrava impaciência e ansiedade.

- Como sabemos que ele irá? - perguntei com receio.

- Aaah, ele vai. Ele não é nem louco de não ir. - ela respondeu e saiu andando em passos firmes para guardar o notebook.


Tony realmente nos encontrou na ponte do Brooklyn, no carro ficou um clima estranho entre ele e minha mãe, mas mesmo assim ele não deixou de fazer algumas perguntas pra mim para me conhecer melhor e é claro que teve seus convencimentos quando eu contava algo que tínhamos em comum que era bem pouco aliás, acho que talvez uma parte dele queria mesmo ter uma filha. Quando eu contei a ele que era o meu herói preferido dos Vingadores o velho quase enfartou de tanta emoção. Fizemos o teste de DNA e tive que ficar ouvindo o velho tagarelando sem parar falando de possibilidades se eu fosse a filha dele e que se eu não fosse não era pra mim ficar triste porque nem todos tem a sorte de ter ele como pai e que eu encontraria um homem que me amaria como Tony me amaria se eu realmente fosse filha dele, velho biruta.

Olhávamos o envelope na mão dele como se aquilo fosse uma bomba. Eu estava impaciente, Naomi ansiosa e Tony enrolava pra não abrir logo.

- Tony. - chamei ele.

- Hum? - ele resmungou sem tirar os olhos do envelope.

- Se você não abrir isso agora eu que vou abrir. - ameacei.

Suspirou fundo e começou a abrir o envelope lentamente.

- É tão ruim ter a possibilidade de ter eu como filha? - indaguei vendo toda a sua lentidão.

Ele apenas balançou a cabeça negativamente enquanto encarava o papel na sua mão. Sua respiração começou a ficar lenta e logo a falhar, sua expressão era de choque misturado com emoção.

- Stark! Respira. - gritei, curiosa para saber o resultando e preocupada com o velho que parecia preste a ter um enfarte a qualquer instante. Tinha certeza que era filha dele porque sabia que Naomi não inventaria essa mentira, mas mesmo assim a ansiedade se contorcia dentro de mim.

Foi algo muito rápido, ele me puxou pra um abraço e me girou como um louco, estava emocionado e um pouco em choque.

- Você é minha filha, faísca! - ele disse rindo, e eu não sabia se era de felicidade ou de desespero. - Eu tenho uma filha em plena flor da idade.

Estranhei o "faísca", mas não parecia que ele tinha notado isso. Me afastei dele e cruzei os braços.

- Faísca? - indaguei batendo o pé lentamente no chão enquanto ele ainda parecia estar nas nuvens. - Sabine, Tony, é Sabine. E pare Anthony que você já está virando um velho biruta, nada de flor da idade pra você. Seja menos, bem menos.

Ele fez uma careta e deu um tapa no ar.

- Sabine Stark. - falou assimilando e sorrindo como um louco. - Faísca é seu apelido, pensei nele enquanto estávamos fazendo o DNA. Combina com seu cabelo, com você quando está nervosa e o fato que é bastante explosiva. Faísca. - repetiu.

Dei de ombros, não adiantaria discutir porque sabia que aquela droga de apelido iria pegar ainda mais com aquele velho teimoso. Olhei para Naomi que continuava quieta como se tivesse perdido tudo a partir do resultando do teste, Tony fez o mesmo.

- Naomi? - ele sussurrou a chamando.

- Então você duvidou mesmo de mim? - ela perguntou e eu sabia que estava magoada.

Os olhos dele pararam sobre mim pedindo por ajuda, parece que o velho biruta não consegue lidar com todas as situações como imaginei.

- Mãe. - falei me sentando ao lado dela novamente. - Tente entender o lado dele.

- É. - concordou Stark. Lancei um olhar ameaçador a ele e o mesmo levantou as mãos em rendimento.

- Ele duvidou de mim, Sabine. - ela sussurrou e seu olhar foi diretamente para ele, um olhar cheio de fúria. - O quê você estava pensando enquanto duvidava de mim!? Pensou que eu queria sua fortuna? Que eu te queria? Anthony o mundo não gira em torno de você e eu não preciso de um Stark. Eu não queria que você estivesse aqui! - ela gritou cuspindo as palavras. Tony ficou sem reação. - Eu a criei por todo esse tempo e agora você vem e vai simplesmente tira-lá de mim. - seus olhos começaram a despejar lágrimas.

- Não, Naomi... Eu não vou... - ele tentou acalma-lá, mas ela levantou a mão o interrompendo.

- Não, Anthony. Eu sei que você vai tira-lá de mim, porque é isso que playboys ambiciosos como você fazem, eles tiram tudo dos outros porque tudo pertence a eles. Não sabem dividir, ninguém pode ter o mesmo que eles.

- Então é isso que você acha de mim, Naomi? Acha que eu sou um playboy ambicioso? Que não sei dividir? - previ uma briga entre os dois e isso estava prestes a acontecer. Ele riu amargo. - Eu acho que a única que não sabe dividir é você Naomi, porque a única que escondeu a minha filha de mim por dezoito anos foi você. Não acompanhei nada dela, não pude escolher o nome ou vê-la andar e falar. A primeira palavra que ela deve ter dito foi mãe porque não tinha um pai com ela e isso tudo é porque a única ambiciosa aqui é você, Naomi.

Naomi desmoronou em lágrimas, ela sempre estava chorando desde o dia do acidente e aquilo estava acabando comigo. Não sabia se brigava ou dava uma de compreensiva.

Segurei o rosto dela entre as mãos.

- Mãe, para de chorar, por favor. - pedi. - Ninguém vai me tirar de você... Eu quero conhecer ele, Anthony é o meu pai, mas você sempre será a minha mãe... A mulher que me criou e me educou, então por favor, não desconte no Tony. Não quero brigas, quero ter uma vida nova e com um pai agora.

Naomi me abraçou chorando e eu tenho certeza que o catarro do nariz dela escorreu pelo ombro da minha jaqueta.

- Ah, Naomi. - resmunguei.

- Que nojo! Catarro. - Tony exclamou fazendo uma das piores caretas que eu já vi.

Between The Wars. - Dark Paradise. Onde histórias criam vida. Descubra agora