Sehun andava se sentindo horrível. Seus dias se resumiam em ficar se lamentando dentro de seu pequeno apartamento e ignorando as ligações de Chanyeol. A culpa era sua, só sua, e aquele Park maldito só o fazia se sentir mais culpado com aquelas mensagens positivas e tentativas de alegrar Sehun. Enquanto Chanyeol levantava a cabeça e seguia em frente, o moreno simplesmente jogara a toalha: tinha desistido. Era mesmo um ser humano desprezível.
Ele não conseguia contar a quantidade de garrafas de soju espalhadas por sua sala por conta da ressaca ou os maços de cigarro amassados e jogados em qualquer canto. Lastimável.
Suspirou e levantou-se do sofá, onde passava seus dias vegetando. Doze ligações perdidas de Chanyeol. Como fez durante o resto da semana, simplesmente ignorou o Park. Precisava fumar.
Para completar o quadro desastroso que a vida de Sehun havia se tornado, não tinha um mísero cigarro naquela casa. O Oh andava vivendo numa espécie de quarentena, se isolando dentro do apartamento, sem sair e sem receber luz solar. Se continuasse daquele jeito, era provável que morresse de fome, mas isso decididamente não era uma preocupação. Agora, a falta de cigarros era algo realmente grave.
Ainda com a calça de segunda-feira (era domingo), jogou um moletom preto por cima do pijama e pegou a carteira e as chaves, saindo, pela primeira vez em muito tempo, de seu apartamento. Os cabelos negros estavam bagunçados e os machucados ainda não tinham se curado por completo, mas ele não podia se importar menos com sua aparência.
Andou pela sua rua com a cabeça baixa, sabendo que estava sendo encarado por conta dos cortes e hematomas em seu rosto e das tatuagens que cobriam seu pescoço quase que por inteiro. Não era um dos bairros mais agradáveis de Seoul, mas ele sabia que ninguém mexeria com ele. As pessoas de lá tinham uma mínima noção de quem Sehun era.
Para ele era estranho andar sozinho, sem sua companhia ao seu lado, fazendo piadas infames sobre os estabelecimentos e as pessoas. O Oh se sentia meio acuado, como se não fosse ninguém já que estava sozinho. Suspirou.
Acabou por achar um pequeno mercado chinês e entrou, esperando encontrar cigarros lá. Só tinham cigarros chineses e ele nunca tinha fumado um, e ainda por cima todas as embalagens estavam escritas em mandarim, e Sehun não falava mandarim. Pegou um qualquer e foi ao caixa pagar, já que, sem Baekhyun, aqueles simples roubos a lojas de conveniência não eram divertidos. Droga, lembrara-se do nome dele.
O rapaz que estava no caixa tinha um rosto infantil e até mesmo feminino, e por um tempo o moreno ficou em dúvida se ele era realmente um cara. No crachá azul que estava pendurado em sua blusa estava escrito "Lu Han", e esse nome lhe soava masculino, então levou como verdade que era um cara que estava lhe atendendo.
"Moço." Disse o atendente. "O seu nariz está sangrando."
Sehun passou rapidamente a mão pelo nariz, limpando-o, tentando evitar que o sangue continuasse a escorrer.
"Você não quer uma ajuda?" Ofereceu. "Espera aí."
Ele correu até uma escada escondida por algumas prateleiras de bebida alcóolica chinesa e gritou algo em mandarim, que podia ser desde "ajude esse cara" a "traga uma metralhadora". Não que o Oh estivesse com medo, mas sem Baekhyun ele se sentia um ninguém indefeso.
Precisava tirar o Byun da cabeça ou enlouqueceria. Mas não era algo tão fácil assim de se esquecer. Era uma amizade de anos, ele era seu parceiro na vida. E foi por conta de Sehun que Baekhyun conheceu Chanyeol, e talvez se o Byun tivesse largado aquela vida de crime com o Oh e ficado em segurança com o Park, aquilo não teria acontecido. Mas Baekhyun era bom demais e queria ajudar seu melhor amigo. E isso foi um erro. Chanyeol amava Baekhyun e por culpa de Sehun eles não poderiam ficar juntos.
O tal Han voltou com uma caixa pequena e branca, com uma cruz vermelha pintada na frente. O moreno tentou recusar a ajuda, mas o chinês nem quis escutar. Sentou o rapaz num banco que ficava atrás do balcão do caixa e ordenou que o Oh levantasse a cabeça.
Primeiro ele limpou o sangue que tinha escorrido pelo rosto de Sehun, depois fez uma breve análise da situação e desinfetou o machucado que se encontrava na parte interior de uma das narinas do outro. Pegou um pedaço de papel e enrolou-o de modo que o mesmo virasse uma espécie de cotonete e mandou o moreno colocá-lo na narina que continha o corte. Meio desajeitado, Sehun agradeceu pela ajuda e se levantou para pagar.
Han sorriu e devolveu o troco para o Oh, e em questão de minutos ele estava de volta em seu apartamento, deitado no sofá e pegando um dos tubinhos. Colocou-o entre os lábios e pegou o isqueiro, ascendendo seu cigarro chinês em seguida. Deu uma tragada e então soltou a fumaça, vendo ela se dissipar pela sala. E Sehun não sabia o motivo disso, mas aquele tinha sido o melhor cigarro que ele já fumara na sua vida inteira.
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«chinese cigarettes»
Fanfiction[escrita em 2018] [capa maravilhosa feita pela incrível @Mel_Xiu] Sehun talvez tenha se apaixonado pelo vendedor de cigarros chineses da sua rua. Short-fic HunHan Plágio é crime.