404 52 59
                                    

Mesmo gostando de tudo que aconteceu naquela tarde, Sehun decidiu evitar Luhan por um tempo. Na sua mente, o melhor a se fazer era se afastar do mais velho antes que algo problemático acontecesse. Antes que ele destruísse a vida de mais alguém.

Luhan não merecia passar por coisas ruins, e estar com Sehun já podia ser considerado "passar por coisas ruins", afinal o Oh não passava de um imã humano que atraía problemas.

Ele só tinha mais dois maços em casa e um já estava pela metade. Aquilo poderia lhe trazer complicações, já que um viciado não aguenta passar muito tempo longe daquilo que o sustenta. No entanto, o moreno sentia que comprar cigarros em qualquer outro lugar que não fosse o mercado chinês seria uma traição. E mesmo estando em êxtase total por conta dos acontecimentos da tarde anterior, Sehun achou melhor esperar um pouco.

Parte dele estava apavorado, morrendo de medo. O primeiro e maior motivo era aquele "e se" safado, que, uma vez que entrara no cérebro do moreno, decidiu não sair mais. Era óbvio que Luhan nunca gostaria dele ou teria uma amizade consigo se soubesse da verdade. Se soubesse quem Sehun realmente era. O chinês tinha um coração tão bondoso; o moreno não merecia ficar perto dele.

A probabilidade de Luhan se afastar caso soubesse dos problemas e das mentiras que envolviam o mais novo era gigantesca. Portanto, era melhor Sehun se afastar primeiro para não sofrer.

Como fora tão tolo? Deixara-se levar pelo sentimento de felicidade de seus curtos momentos com Luhan e do carinho e preocupação que o mais velho demonstrou. Deixou aquilo ir longe demais.

Toda vez que pegava seu celular para ver alguma coisa interessante, pensava que o número do chinês estava salvo ali, e que poderia ligar para o mais velho quando bem entendesse.

Decidiu então se isolar da sociedade por mais uma semana, assim daria tempo de esquecer que seu coração acelerou quando Luhan pegou em sua mão e que ficou extremamente feliz quando o outro disse que Sehun era quieto, mas não deixava de ser legal.

As ligações de Chanyeol continuaram por todos os dias que se sucederam e, como de costume, o Oh as ignorou. Na sexta-feira, no entanto, o Park apareceu em seu apartamento.

"Oh Sehun, você está ficando louco?" Ele exclamou enquanto esmurrava a porta do mais novo. "Abra essa porta agora!"

Sem muitas opções, ele a abriu e se deparou com um Chanyeol no mínimo puto.

"Céus, Sehun. Você sumiu por duas semanas, cara. Duas semanas. Quer me matar de preocupação?" Sehun quase chorou ali mesmo, já que o tom repreendedor do Park era idêntico ao de Baekhyun. "Pelo menos você está bem, não é? Os seus machucados estão melhores?"

"Você não tem que se preocupar com isso. Eu estou bem, só um pouco desanimado." Mentiu.

"Tenho sim. Você arranjou esses cortes há muito tempo, eles já deveriam ter cicatrizado. O que você anda fazendo?" Chanyeol o encarou com um olhar acusatório.

"Meus problemas são únicos e exclusivamente meus, e eu agradeço pela preocupação, Chanyeol, mas eu me sinto melhor assim, sozinho, na minha."

O mais alto passou a mão pelos cabelos.

"Mas você já chegou a sair de casa? Pelo menos uma vez? E anda se alimentando direito? Você tem se hidratado?"

Sehun deixou uma risada escapar. O Park se preocupava demais, era muito afetuoso e carinhoso. Baekhyun poderia ser um cara de sorte por ter encontrado alguém assim. E aquilo, aquelas boas ações de Chanyeol, só conseguiam fazer o Oh se sentir mais e mais culpado.

"Sim, eu saí no domingo. E na quarta-feira." Um silêncio se instalou no ambiente. Sehun baixou a cabeça, envergonhado, antes de retomar a fala.

"Posso te fazer uma pergunta?"

"Claro." Respondeu o Park um tanto quanto confuso.

O moreno então contou toda a história; desde o momento que ele precisou de mais cigarros até a hora que Luhan anotou seu número no celular do mais novo. Chanyeol, obviamente, reagiu de um jeito bem, digamos, Chanyeol.

"Não acredito! Meu Deus. Sehun, pega esse celular e liga agora para esse cara. Ele está gostando de você e, se você não ligar para ele, vai achar que você não tem interesse nele."

"E se eu não tiver mesmo interesse nele?"

"É óbvio que você tem, idiota. Olha a sua cara de bobo apaixonado. Vamos, liga logo para ele!"

"Não sei se eu consigo. Eu me sinto mal..."

Chanyeol respirou fundo. Ele entendia Sehun, entendia mesmo. O Park amava Baekhyun mais do que a si mesmo, e perdê-lo foi a coisa mais dolorosa de sua vida. Sabia que o Oh conhecia Baekhyun desde que ambos eram crianças e sabia que o Byun faria qualquer coisa pelo melhor amigo e vice-versa. No entanto, Sehun não podia continuar se culpando daquela maneira. Ele estava destruindo sua vida sem perceber.

"Sehun, acho que você precisa escutar algumas coisas." Ele deu uma pausa e esperou que o mais novo estivesse com toda sua atenção voltada para si. "Não é culpa sua. Enfie isso na sua cabeça, Sehun, não é culpa sua." O Oh abriu a boca para contestar, mas o Park sinalizou que ele deveria ficar quieto. "Sabe, o Baek gostava muito de você. Ele sabia que você tinha passado por muita coisa e sabia que você precisava de ajuda. No fundo, a única coisa que ele queria era que você fosse feliz. E esse tal de Luhan te faz feliz, Sehun. Eu percebi. Só pela maneira que você fala dele dá para reparar que ele te deixa feliz. Ele te faz bem, Sehun. E você merece isso. Então pegue logo a porra do celular e ligue para ele agora mesmo!"

O Oh ficou quieto por alguns segundos até perceber que não precisava responder. Pegou o celular e buscou nos contatos o nome "Luhan". Chanyeol sorriu e sussurrou um "boa sorte", partindo em seguida.

"Alô, Luhan? É o Sehun. Eu sei que isso tudo é muito estranho, mas você quer jantar comigo no domingo?"

«chinese cigarettes»Onde histórias criam vida. Descubra agora