«chinese cigarettes»

五

"Eu adoraria, Sehun."

Luhan adoraria sair com Sehun. Para o Oh, aquilo foi surpreendente. Para o chinês, no entanto, era o óbvio.

Marcaram de ir numa dessas barraquinhas japonesas de lámen que existiam no bairro, domingo em torno de nove da noite. O moreno mal podia aguentar de tanta ansiedade.

Estava em dívida com Chanyeol. Ele era tão bondoso; como Sehun teve o pensamento de que o Park ficaria bravo com ele? Chanyeol era bom demais até para culpar alguém, mesmo que fosse verdade: a culpa era de Sehun.

Tendo em vista que não iria mais evitar Luhan, achou interessante passar no mercado para comprar uns cigarros, afinal não se livraria daquele vício tão cedo. Poderia também pedir desculpas pelo seu sumiço, já que aquilo tinha sido bem idiota e uma atitude infantil.

Ao entrar no mercado, não se deparou com Luhan. Quem estava lá era o rapaz que assumira o turno do chinês no dia que saíram.

O Oh pegou uns maços e foi para o caixa pagar, decepcionado por não ter encontrado o mais velho.

"Você, hm, conhece o Luhan?" Perguntou envergonhado para o atendente.

"Conheço, nós trocamos hoje de turno porque eu tinha um compromisso de noite." Respondeu. "Ei, você não é o cara que saiu com o Luhan um dia desses? Sehun, não é?" Ele disse sorrindo.

"Como você sabe o meu nome?"

"Ah, o Luhan falou um monte de você!" Fez uma pausa e pareceu pensar. "Acho que eu não devia ter falado isso..."

Sehun estava espantado. Claro, o chinês podia muito bem ter dito coisas ruins sobre o Oh, mas ele não acredita de verdade nessa possibilidade. Quer dizer, ele mal conhecia o outro, mas sabia que Luhan era uma boa pessoa. Sentia isso.

"Se você voltar às seis, ele vai estar aqui." Comentou o rapaz com um sorrisinho de canto.  "E garanto que vai ficar muito feliz em te ver." Ele entregou o troco para o Oh.

"Obrigado," Olhou para o crachá azul que estava na blusa do atendente. "Minseok."

Com seus maços em mão, voltou para o apartamento. Todas as suas inseguranças sumiram com a ideia de que ele tinha sido assunto de uma conversa do chinês com seu amigo. Poderia ser bom, poderia ser ruim; o que importava é que o moreno tinha sido importante o suficiente para que Minseok, amigo de Luhan, soubesse quem ele era.

Ainda assim, não sabia se deveria retornar lá pelo fim da tarde ao mercado, já que não fazia a menor ideia do que dizer para o mais velho. "Ei, desculpa por sumir por uns dias e não dar sinal de vida, é que eu fiquei com medo, sabe?" ou então "Achei que você nunca mais olharia na minha cara se soubesse a desgraça que realmente sou". É, nenhuma das opções lhe parecia muito viável. Talvez o melhor a se fazer fosse esperar até a noite de domingo chegar. Ele aguentaria dois dias sem Luhan, não aguentaria?

O que realmente deveria fazer era ligar para Chanyeol e pedir infinitas desculpas por sua falta de educação nas últimas duas semanas. Ele nunca imaginaria que o Park ficaria tão preocupado a ponto de simplesmente aparecer no apartamento de Sehun para entender o que estava acontecendo. Além disso, precisava agradecê-lo por ter ajudado com a questão "Luhan", esta que andava tomando muito tempo da vida do Oh, que inevitavelmente não parava de pensar no chinês.

Chanyeol simplesmente riu do garoto, dizendo que era óbvio que ele estava preocupado, afinal de contas ambos eram amigos. E então deu um monte de dicas valiosas para que Sehun pudesse ter sucesso em seu encontro (insistência do Park; era apenas um jantar entre possíveis amigos) com Luhan.

Após a ligação, tomou um banho e foi para seu quarto. Só dormia na sala nos últimos dias, porque durante muito tempo ele e Baekhyun dividiram aquele quarto e tudo nele gritava o nome do Byun. O ponto é que muitas vezes o mais velho ia para a casa do namorado pela noite, mas ainda assim o quarto não era de Sehun; não, era o quarto de Sehun e de Baekhyun.

Baekhyun sempre foi um cara decidido e de personalidade forte, por isso que, naquele cômodo em especial, estavam suas marcas. Ele tinha a mania de desenhar nas paredes e de largar suas coisas em qualquer lugar, sem falar que vivia roubando as roupas de Sehun. Baekhyun também era muito escandaloso, tanto que sempre fazia uma tempestade em copo d'água quando não sabia o que vestir quando Chanyeol o chamava para um encontro. Isso lembrou o Oh de que ele ainda não tinha dado um jeito nos pertences do Byun e que eles ainda estavam largados no armário. A sorte de Sehun era que ele tinha algumas peças de roupas no banheiro e não precisava abrir o armário constantemente.

Naquela sexta-feira, decidiu colocar um fim naquilo tudo. Entrou no quarto, que até agora estava trancado, e olhou em volta: os desenhos nas paredes, a cama bagunçada, a janela aberta, algumas garrafas no chão e um cinzeiro no beiral da janela; tudo estava exatamente igual a última vez que entrara, ou saíra, dali. A diferença era que dessa vez ele estava sozinho.