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Sehun ficou paralisado por um minuto ou mais, os olhos provavelmente arregalados e as sobrancelhas arqueadas. Luhan lhe encarou, confuso com a reação exageradamente assustada do moreno.

"E-eu..." Engasgou. Como explicaria aquilo para Luhan sem afastá-lo de si? "É uma longa história."

"Eu tenho bastante tempo." O chinês respondeu e piscou em sua direção.

"Eu, hum, me meti numa briga." Não era mentira, mas também não era verdade. Sehun sabia que, se fosse cem por cento sincero, afastaria o outro.

"Numa briga? Mas você parece tão calmo!"

"As aparências enganam, Luhan."

O mais velho deu de ombros e por um tempo eles ficaram quietos, vendo o sol se pôr e apreciando a linda vista do fim do dia. Sehun se lembrou de quando ele e Baekhyun passavam horas naquele mesmo parque, rindo e fazendo piadas sobre as pessoas que passeavam distraídas. Eram bons tempos.

Ele fechou os olhos e deixou um sorriso surgir em seus lábios, a imagem do amigo vindo correndo animado pelo parque para lhe contar sobre seu recente namoro com Chanyeol em sua mente.

"Sehun?" A voz do chinês surgiu. "Você está chorando?"

O Oh abriu os olhos e percebeu que sim, estava chorando. As lembranças felizes de seus momentos com Baekhyun faziam isso com ele, o deixavam emotivo.

"Não é nada demais, nada que você precise se preocupar." Respondeu, tentando soar confiante.

"Certeza? Não parece." Ele suspirou. "Sehun, eu sei que nós nos conhecemos anteontem, mas se você precisar conversar sobre isso, eu estarei aqui."

"Obrigado, Luhan, obrigado."

Parecia que o silêncio falava mais do que eles; já estava escuro e ambos se encontravam quietos a dez minutos, mas isso não importava. Era um silêncio confortável, como se eles não precisassem falar para se entenderem.

Em algum momento Luhan segurou a mão de Sehun, e eles ficaram lá, no banco, de mãos dadas no parque agora vazio.

Sehun se permitiu sorrir, ainda que envergonhado. Ele nunca foi muito bom em se expressar ou demonstrar carinho; o máximo que conseguiu fazer foi ficar parado e segurar a mão do chinês de volta. Parecia uma criança, honestamente.

Eventualmente eles saíram do parque, agora sem as mãos dadas. O Oh agradeceu, um tanto quanto constrangido, pela companhia e Luhan lhe sorriu de volta, dizendo para ele relaxar. Perguntou se poderiam se ver mais uma vez.

"Vou te passar o meu número, e quem sabe a gente sai de novo. Você é bem quieto, Sehun, mas não deixa de ser legal."

O mais velho anotou seu número no celular do moreno e então se despediu, indo na direção do metrô.

Ainda com aquele tímido sorriso nos lábios, Sehun voltou a pé para seu apartamento, pensando naquele dia que tinha sido tão simples e ao mesmo tempo tão especial. Se Baekhyun estivesse ali, riria da cara de bobo que o garoto estava fazendo. O rapaz sempre foi meio ruim com relacionamentos, e okay, Luhan tinha apenas segurado sua mão num momento em que ele estava um tanto quanto emotivo, mas mesmo assim! Ele segurou sua mão sem hesitar. E ainda por cima disse que Sehun era legal e pareceu muito interessado em toda a sua história.

Entrou em seu apartamento e se surpreendeu ao ver que ele estava arrumado. Tinha realmente organizado a casa só por que iria sair com Luhan? O Oh parecia um bobo apaixonado, e olha que tinha conhecido o chinês apenas a dois dias.

Deitou-se no sofá mesmo, mirando o teto. Estava tudo escuro pois já tinha anoitecido, e Sehun tinha preguiça demais para se levantar e ligar o interruptor. Mas naquele momento ele nem precisa da luz artificial; Sehun brilhava sozinho.

Só podia estar sonhando, não era possível. Uma semana antes, ele estava se embebedando toda noite e fumando mais cigarros do que era capaz de contar. Estava trancafiado em casa sem vontade de viver, sofrendo internamente e se culpando vinte e quatro horas por dia. Se algum de seus machucados estava cicatrizando, ele fazia questão de o abrir para sentir mais dor, porque achava que merecia. Uma semana antes, Sehun passava o tempo todo com a ideia de que a solução para tudo era pular da varanda e acabar com toda aquela dor.

Mas então Luhan aconteceu. Talvez tenha começado com o fato de o chinês ter se preocupado com seu sangramento nasal. Ou talvez tenha sido dois dias depois, quando ele perguntou se Sehun estava bem. Ou talvez quando eles começaram a conversar e conversar e o mais velho conseguiu fazer o moreno se esquecer de todos os seus problemas. Ou então quando sugeriu que saíssem depois do seu turno. Ou até quando ele segurou a mão do Oh quando o mesmo chorou.

Sehun achava a presença de Luhan acolhedora, mesmo que eles nem se conhecessem direito. Parecia que com o chinês as coisas ficavam muito mais fáceis de lidar. Claro, a mente do mais novo ainda estava entupida de pensamentos ruins e negativos e agora, sozinho em seu apartamento escuro, ele se sentia vazio, mas ainda sim uma pontada de felicidade surgiu.

O problema foi que um pequeno "e se" apareceu no coração de Sehun.

"E se Luhan soubesse quem eu realmente sou, ele ainda gostaria de mim?"

«chinese cigarettes»Onde histórias criam vida. Descubra agora