O tempo voava ao lado de Ezio e os outros Hunters. Meses se passaram sem que eu percebesse e cada dia que ia embora nos deixava mais focados nos treinos e desenvolvimento das nossas habilidades. Eu sempre fui a melhor do grupo com armas brancas, o arco e flecha era minha arma preferida, era estranhamente poético a forma como o arco trabalhava junto com a flecha formando um resultado incrível e harmônico, um não teria a mesma utilidade sem o outro, e por isso eu me sentia tão bem usando-os, mesmo que me deixasse mais lenta, eu podia sentir a corda do arco vibrando ao abandonar a flecha no ar e ter cumprido seu trabalho, enquanto a flecha fazia a sua parte cortando tudo que a impedisse de chegar ao seu destino. Ezio por sua vez sempre foi melhor em armas de fogo, confesso que sempre senti uma inveja na facilidade que ele tinha ao usar tais armas, já que era bem mais prático e rápido, com poucos movimentos e alguns segundos lá estava a sua presa, jogada ao chão enquanto o seu sangue ainda quente ia embora junto com a sua vida. Acho que nossas habilidades mostravam muito também sobre nossas personalidades, mesmo que ainda não estivessem totalmente desenvolvidas, ainda éramos jovens. Era uma combinação perfeita, enquanto eu pensava com o coração e Ezio usava o seu cérebro.
Estávamos hospedados em um hotel em meio a uma das nossas caçadas. Já havíamos decifrado uma parte do crime, um lobisomem havia feito três vítimas em três semanas e a única ligação que elas tinham era terem sido mortas em quintas feiras. Os corpos foram achados sem alguns órgãos e totalmente dilacerados, as autoridades tentavam acalmar os moradores com a ideia de que os mortos foram vítimas de um animal selvagem e que tudo estava sob controle em pouco tempo, o que seria verdade. É claro que um animal é mais fácil de ser detido que um lobisomem.
Na terça feira à tarde, passei horas analisando o mapa nos locais em que as vítimas foram encontradas. Eram totalmente aleatórios e longe um do outro, tentando não criar um padrão e assim quem quer que seja não ser encontrado, mas é claro que tínhamos nossas suspeitas.
No início do dia seguinte, quarta feira, tínhamos apenas poucas horas para solucionarmos o caso sem que houvesse mais uma vítima. A pressão disso fazia com que minha cabeça doesse e Ezio ficava mais agitado. Pouco depois do sol nascer e o comércio começar a funcionar decidi que iria interrogar algumas pessoas com meu companheiro de caça. Havíamos feito uma lista e dividido para que poupássemos tempo. A primeira da lista era uma mulher que morava junto a sua filha pequena. O seu marido havia sido a primeira vítima, e o corpo foi encontrado bem próximo a sua casa. Toquei a campainha e não obtive resposta de imediato, decidi então tocar mais uma vez e pouco tempo depois pude ouvir passos rápidos e barulhentos descendo uma escada. Uma criança com aparentemente 7 anos surgiu detrás da porta. Ela tinha cabelos louros na altura dos ombros e olhos castanhos bem claros, quase verdes. Olhei para ela com um sorriso no rosto e tentei ser o mais gentil possível.
-Posso falar com a sua mãe, querida? Sou da polícia.
A criança pareceu pensar um pouco antes de responder.
-A minha mãe está vindo.
Sua voz suave pareceu sumir ao ouvir de fundo a voz alta da sua mãe.
-Hope, quem está aí? -Disse a mulher descendo as escadas rapidamente-
-É uma policial mamãe
-Vá brincar um pouco em seu quarto
Disse a mulher e a garotinha disparou a correr dalí dando risadas enquanto sua mãe se aproximava da porta. A moça tinha um aspecto de doente, olheiras enfeitavam seu rosto pálido e ela usava roupas de frio. Estendi minha mão para ela na intenção de me apresentar.
-Me chamo Luzia Stuart, sou detetive.
Disse para ela esbanjando um sorriso. Ela por sua vez não retribuiu o meu aperto de mão.
-Estou doente, talvez não seja uma boa ideia. -disse a mulher olhando para a minha mão- Me chamo Emma Walker, como deve saber.
A moça abriu um pouco mais a porta após terminar a fala como um convite para que eu entrasse e assim fiz. Entrei na casa e sentei em uma poltrona ao seu lado, com um bloquinho de papel para anotar tudo o que ela falasse. Após alguns minutos de conversa decidi que não havia muita coisa de interessante naquele depoimento, então logo seria a hora de ir para a próxima testemunha.
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Hunter
FantasyCresci ouvindo histórias dos meus pais sobre o sobrenatural. Haviam histórias sobre lobisomens, demônios, vampiros, ghouls e muitos outros seres que talvez você nunca tenha ouvido falar. De todos os personagens criados por eles, o que mais me impres...